Ana Clara
Raissa acabou de ir embora e meus pais foram jantar, finalmente um tempo sozinha.
Ainda não pude parar pra pensar em tudo e raciocinar os últimos acontecidos, em como as coisas ficariam sem mim aqui.
Eu me sinto cansada, como se todos os órgãos do meu corpo estivessem se esgotando. Mas mesmo com isso tudo, eu ainda quero mais tempo aqui, não por mim, mas por quem eu amo. Sinceramente, eu não suporto essa vida de restrições, mas como as pessoas reagiriam a isso?
Os meus pais voltariam pro Brasil sem sua filha, Antony voltaria e não me encontraria em casa, as festas na casa da Renata não existiriam mais.
Esses são os únicos motivos pelos quais ainda encontro forças pra querer aguentar e voltar logo pra casa, caso contrário, acho que se eu fechasse os olhos esperando morrer eu não acordaria mais.
Aquela adolescente de 12 anos que tinha medo quando cogitava a possibilidade de morrer nova por conta da doença recém descoberta habitava em mim nesse momento.
[...]
Antony me enviou uma mensagem dizendo que acabara de chegar no Qatar.
O jogo é daqui a poucos dias, ele parece nervoso e é claro que com razão, eu também estaria.
Passei cerca de 1h30 conversando com ele por ligação enquanto arrumava suas coisas no quarto de hotel, quando precisou desligar pra descansar.
Estava distraída quando um homem alto de cabelos negros e jaleco branco que julguei ser o médico abriu a porta cuidadosamente e me pediu licença. Logo atrás do mesmo, estavam meus pais.
- Boa noite, Ana Clara, tudo bem? - Ele disse posicionado ao lado de minha cama.
- Na medida do possível, sim. - Sorri fraco.
- Vamos dar uma olhada na sua ficha. - Ele analisou as folhas calmamente e em seguida me encarou. - Tenho aqui algumas fichas anteriores suas, e pelo que vejo, suas vias aéreas estão mais obstruídas. Não há como chegar em um estado como esse sem algum sinal do corpo, crises são comuns nesses casos, você já teve alguma? Faltas de ar, tosses secas...?
- Já... acho que uma ou duas vezes. - Falei.
- Podemos conversar? - O mesmo encarou meus pais que assentiram caminhando para fora do quarto.
Narrador
Os pais da garota se posicionaram em frente ao quarto, prontos para ouvirem as palavras a serem ditas pelo médico.
- Ana Clara disse ter tido duas crises anteriores. - Ele começou. - Crises assim não são comuns, significa que as vias já estão obstruídas demais.
- E o que quer dizer com isso? - Lisandra, mãe da menina perguntou impaciente.
- Quero dizer que o pulmão dela pode parar em qualquer instante. É como se ele já não fosse capaz de funcionar, sua filha está fazendo o melhor que pode pra simplesmente conseguir respirar.
- Se ela fechasse os olhos e decidisse não querer acordar, isso aconteceria? - Foi a vez do Marcelo.
- Provavelmente sim, da maneira em que se encontram as vias aéreas, respirar se torna algo difícil pra ela, e isso a cansa, em algum momento ela pode ceder ao cansaço.
- Mas não tem alguma maneira de ajudar o pulmão a respirar? - Perguntou o pai da garota, novamente, pois sua esposa, que chorava ao seu lado, provavelmente já não faria mais perguntas racionais.
- Podemos entubar, mas ela precisa consentir isso. - Disse.
- Ela não vai aceitar. - Lisandra disse baixo.
- O que? - Os olhares se voltaram para ela.
- Acha mesmo que ela vai aceitar que enfiem um tubo em sua garganta e vire um vegetal?! - Ela disse a seu marido que abaixou a cabeça deixando um suspiro de concordância no ar.
- Podemos fazer a proposta a ela, cabe a sua filha saber o que quer. - Disse o médico. Os pais da garota sequer responderam antes de entrar no quarto e se posicionarem a uns 3 metros da cama da garota.
Ana Clara
Encarei meus pais que pareciam abatidos, e logo virei minha atenção ao médico, que parecia ter algo a falar.
- Quero te propor algo. - Iniciou. - Eu sei que respirar já não é mais como antes e que não está sendo fácil pra você... Há uma maneira de ajudar o seu pulmão com a respiração, mas vai te restringir de algumas coisas...
Mais restrições...?
- Vou te sugerir a entubação. - Ele disse brevemente.
O encarei e ri fraco.
- Entubação? Não é possível que vocês consideraram isso? Já não basta ter que viver longe de tudo aquilo que queria, querem me transformar em um vegetal? - Falei com indignação encarando meus pais.
- Filha, te ajudaria a respirar com mais facilidade. - Falou meu pai calmo, mas apreensivo.
- Mas eu não poderia falar ou fazer coisas que qualquer ser humano tem direito! - Exclamei. - Me desculpem dizer isso, mas se essa é a sugestão de vocês, não quero respirar.
Minha mãe se retirou da sala em passos rápidos. Eu sei que pareço grosseira, mas fui limitada de tudo a vida toda, qual o sentido de ficar deitada em uma cama sem poder fazer coisas básicas?
———————————————————
OI GALERINHA 🥳🥳
To de volta, quem amou???????😻😻😻😻😻😻
Estive fora pq tive prova e estou focando bastante na escola.
COMO ASSIM ENTUBAR A COITADA????? COMO ELA VAI FALAR COM O NAMORADINHO DELA? 😡😡😡😡😡😡
Espero que estejam gostando, aproveitem p deixar os feedbacks aqui e não se esqueçam de votar que me ajuda muito!! Beijocass 💘
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐒𝐔𝐌𝐌𝐄𝐑𝐓𝐈𝐌𝐄 - Antony Santos
Fanfiction𝗢𝗻𝗱𝗲 - Ana Clara e seus pais resolvem passar suas férias de verão no Rio de Janeiro, onde acaba conhecendo alguém que se torna extremamente importante na vida da garota, mas que são separados contra suas vontades pelo destino com um final nada c...