14-Beijos no canto dos lábios

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Toco a campainha da grande casa, em menos de 5 segundos Alex abre a porta, com seus cabelos bagunçados e uma cara de como se tivesse dormido o dia inteiro.

-Você acabou de acordar? - O perguntei antes de entrar na casa.

-Pelo contrário, estou sem dormir a alguns dias - Alex permanece parado na porta.

-Aconteceu alguma coisa? - Pendurei meu casaco no suporte.

-Tem uma certa ruiva aterrorizando as minhas noites - Dei um sorriso de lado.

-Desde quando ficou tão confiante assim pra falar comigo?

-Desde quando bebi duas cervejas e quase uma garrafa inteira de Whisky.

Me sentei em seu sofá e coloquei meus pés em cima. Ele estava muito bêbado pra perceber. Tinha dois discos no chão, peguei um do Beatles e o outro era do Stones.

-Eu comprei, essa manhã - Ele tirou minhas pernas do sofá e as colocou no chão, nem tive tempo de brigar, já que ele ponderou sua cabeça em meu colo.

-Eu gosto desse álbum dos Stones - Tirei o disco e analisei.

-E do Rubber Souls? Você gosta? - Sua voz falhava, ele parecia miserável.

-Sim, tem aquela coisa psicodélica, um grande passo para os Beatles.

Coloquei os discos na mesa de centro, e deixei toda a minha atenção para o homem que tinha sua cabeça deitada em minhas coxas. Passei os dedos entre seus cabelos.

-Deveria usar menos gel.

-Meus cabelos são tão rebeldes quanto você, querida.

Ri de sua resposta. Quando eu estava com ele, sentia que poderia esquecer de meus problemas por alguns minutos.

-Você ouviu o podcast? - Alex se levantou rapidamente para me olhar.

-Eu sinto muito.

-Tá tudo bem, eles estão certos não é? Não tem muito o que falar da nossa banda.

-Não, não estão. Vocês eram o principal assunto independentemente - Lá no fundo ele sabia o que eu estava sentindo, mesmo sem eu contar.

-Você sabe Alex, é um dos melhores compositores que tive a chance de conhecer - Suspirei, cansada - São todas fúteis e iguais, fazem 6 anos que escrevo as mesmas músicas.

Mordi os lábios para segurar as lágrimas. Me virei, não suportaria olhar para a cara dele. Eu iria despejar a culpa em alguém e não poderia ser ele.

-Em 2003 quando criamos o Ghost Society, eu prometi a Jack e Tom que iríamos ser a banda mais popular do mundo, até 2013 - Peguei um cigarro da mesa de centro e acendi - Estamos no final de 2012, e estamos falindo aos poucos.

-Athena, olhe pra mim - Encostei a cabeça no sofá - É uma fase, irá passar.

A essa altura do campeonato, minha maquiagem estava borrada e derretendo em meu rosto, junto com as lágrimas. Alex tirou o cigarro da minha boca e colocou na sua, depois susurrou no meu ouvido.

-Você é boa no que faz Athena, não deixe essa fase te derrubar, por favor.

Passei meu dedo por seu rosto, não tinha nem sinal de barba crescendo, era liso como a mão de um bebê. Sorri em meio as lágrimas para ele. Beijei o canto de seus lábios e roubei o cigarro.

-Eu adoraria acordar com seus cabelos ruivos sobre o meu travesseiro.

Alex puxou meu queixo com seus dedos, e juntou nossos lábios. Eu tatuaria seus beijos em minha alma, eram como a chuva em um longo dia de calor, para refrescar nossas mentes. Eu estava começando a amar cada segundo daquilo.

Ghost Society | Alex TurnerOnde histórias criam vida. Descubra agora