46-Finalmente a reabilitação

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Alex Turner Point Of View.

Fui para um bar no centro de Londres, onde eu tinha ido para me esconder nos últimos dias. Eu senti como se as palavras dela fossem facas sendo jogadas na minha garganta, me forçando a engolir.

Eu amo ela, amo de verdade, e saber que é isso o que ela pensa de mim é um passo a menos. Eu pedi o de sempre, whiskey sem gelo, a garçonete, Lily já sabia o que eu gostava, desde 2008, ela usava sempre uma blusa mostrando o seu piercing no umbigo, e uma calça larga, e tinha os cabelos raspados. Mas Lily era dona de uns olhos azuis brilhantes.

-Dia difícil gatão? - Sorri sem mostrar os dentes.

-Quem me derá - Disse por fim.

-Seja lá o que for está te dando nos nervos - Lily me entregou o copo de Whiskey e voltou a limpar o balcão.

-Ela era a razão da minha felicidade a um tempo atrás, chegar em casa e ver seus fios ruivos espalhados pela minha cama, agora tudo se foi.

-Eu sinto muito, mulheres são complicadas e eu tenho experiência por que tenho que conviver com uma - Ela apontou pra si mesma me arrancando uma gargalhada.

-Eu imagino o quão difícil é - Bebi um bom gole.

-Eu acho que você deve encarar o seu problema de frente, se gosta dela não deve deixar ir.

Fiquei quieto por um tempo, bebi todo o Whiskey e coloquei o copo na mesa junto de umas notas.

-Esse problema eu deveria deixar ir embora - Suspirei cansado, Lily me encara com empatia, um olhar reconfortante que eu estava procurando.

Peguei as chaves do carro no bolso. Quando eu sai de casa ontem, fiquei até tarde na rua, apenas passeando por Londres, tentando distrair a cabeça. Então eu resolvi dormir no carro já que eu não estava afim de voltar para casa e resolver esse grande problema. Hoje, assim que acordei, estava com uma dor de cabeça péssima, e a única forma de passar era tomar um café da manhã em um bar. Se eu não posso ficar na minha própria casa, eu vou encher a cara.

Quando abri a porta dei de cara com minhas garrafas de vodka no chão. Isso só significava que ela não estava mais sóbria. Larguei as coisas que eu segurava e corri até o quarto, ela pode ter tido uma overdose ou algo assim, e isso fez meu coração paralisar. Subi as escadas com vários pulos até chegar na porta do quarto. Seus olhos se encontraram com os meus, não me parecia bêbada. Ela dobrava algumas roupas, estava usando um suéter vermelho.

-O que você tá fazendo? - Perguntei, ofegante, meu coração estava quase saindo pela boca.

Ela foi para o outro lado do quarto, pegou umas roupas e colocou em uma mala. Não, não ela não pode fugir.

-Eu vou embora - Athena disse sem mais nem menos.

Fechou a mala e colocou no chão, ela deu um longo suspiro, sentou-se na cama e amarrou o cadarço de seu tênis. Corri até ela e fiquei de joelhos com as mãos em sua coxa, busquei seus olhos mas eles estavam distantes dos meus.

-Athena não faça isso, foi uma briguinha boba, eu sei que você não queria falar aquilo, e eu te perdôo. Não posso deixar você ir e fazer alguma bobagem, por favor Athena - Ela me encarou de forma engraçada, e eu estava completamente confuso.

-Não Alex, calma - Ela riu suavemente - Eu fiz umas pesquisas a uns dias, e finalmente achei. Eu vou para uma clínica de reabilitação.

O que? Meu coração deve ter finalmente saído pela boca. Comecei a pensar que talvez eu fosse o problema, eu devo ter causado isso não é? Ela não queria uma terapeuta a horas atrás, e agora resolveu ir para uma reabilitação? Não faz sentido.

-Olha, se foi por causa da Arielle ou coisa assim nós podemos resolver tá bom? - Segurei suas mãos, estavam quentes e as minhas frias - Eu posso cuidar de você, podemos fazer isso dar certo.

-Não é nada disso, eu preciso fazer isso sozinha, eu preciso mesmo, Alex - Sua voz saiu como um susurro quando disse meu nome, ela se levantou e pegou a sua mala me deixando sozinho no quarto.

Corri atrás dela.

-Não quer que eu te leve? Por favor deixe eu fazer isso - Insisti, enquanto corria atrás dela.

-Eu já pedi um táxi, não precisa - Ela parou de andar e colocou a mala no chão - Alex, olha.

Ela colocou o casaco e se virou pra mim, colocando sua mão quente e macia sobre a minha. Encarei o seu rosto palido, aquela expressão de tristeza estava voltando.

-Obrigada por tudo isso, você me proporcionou os melhores momentos da minha vida, eu te amo, e me desculpa - Athena jogou seus braços em volta do meu pescoço.

-Eu te amo Athena, não se desculpe, eu te amo... muito  - Eu disse colocando meus braços ao redor dela. A abraçando forte, já fizemos isso milhares de vezes, mas nunca foi um abraço de despedida, não como agora.

Ela saiu do abraço primeiro, olhou para mim com lágrimas nos olhos, aqueles olhos que carregava uma história, os olhos que costumavam me assistir enquanto eu dormia. Respirou fundo, soltando todo o ar que segurava. Deu um pequeno sorriso reconfortante, que dizia "Vai ficar tudo bem" e me fez ficar um pouco mais calmo.

-Adeus Alex? - Foi a última coisa que saiu de seus lábios.

-Nunca é um adeus Athena - Respondi, por fim.

Ghost Society | Alex TurnerOnde histórias criam vida. Descubra agora