Capítulo 03°

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Ares

Estava a dez minutos encarando ela pelo vidro do lado de fora do café, ela está sentada perto do balcão aparentemente tranquila, mexendo em seu celular. Suspiro fundo e vou em frente, a porta do café anuncia a minha entrada e automaticamente ela olha para trás e nossos olhares se encontra. Uma espécie de cala frio me consome me deixando mais tenso.

ㅡ Elisa... ㅡ digo me aproximando e ela da um breve sorriso.

ㅡ Prazer, Elisa Ritter. ㅡ a mesma me encara por um tempo com uma expressão que não consigo decifrar. Ela franse a testa e suspira fundo... o que ela deve estar pensando?

ㅡ Acho que me atrasei um pouco... ㅡ digo me sentando em uma das banquetas que estava ao seu lado.

ㅡ Eu entendo, afinal você é um Aahbran. ㅡ ela diz com um tom de voz vago.

ㅡ Conhece a minha família? ㅡ pergunto realmente surpreso.

ㅡ Não exatamente. Apenas fiz minha lição de casa ao vir me encontrar com uma pessoa desconhecida. ㅡ ela diz me olhando e levanta uma sobrancelha. ㅡ Enfim, você é um homem importante e cada segundo seu creio que vale milhões. Só quero deixar claro mais uma vez que eu não furtei nada... ㅡ ela coloca uma pequena sacola de papelão no balcão que acredito estar com a minha carteira. Seus olhos me encaram por um tempo então finalmente diz. ㅡ Não vai conferir se está tudo aí?

ㅡ Você disse que não pegou nada. ㅡ digo e ela faz uma expressão engraçada de interrogação.

ㅡ E vai confiar na palavra de uma mulher que você nunca viu na vida?

ㅡ Eu não estou conseguindo te entender senhorita Elisa, você disse que não furtou mais esta se contradizendo falando para eu conferir como se tivesse pegado algo...

ㅡ Qualquer ser humano nesta situação faria isso. ㅡ ela diz e eu sorrio.

ㅡ Então talvez eu não seja um ser humano. ㅡ digo e a mesma sorri com meu falso sarcasmo. ㅡ Como posso te retribuir pela sua educação e disponibilidade de ter me entregado a carteira?

ㅡ Oh...ㅡ ela faz uma expressão confusa. ㅡ Não é necessário, creio que qualquer um faria isso.

ㅡ Eu creio que não. ㅡ digo e pego a carteira de dentro da sacola. ㅡ Principalmente quando tem um cheque preenchido de 17.000 euros, dentro da carteira. ㅡ mostro o pequeno papel que estava intacto e pela sua expressão talvez ela tenha se assustado um pouco.

ㅡ Minha nossa. ㅡ ela cobre a boca com a mão e continua com os olhos arregalados. ㅡ Você é maluco? Como pode andar por aí com uma quantia absurda assim? Com esse valor eu compro um carro avista e o que sobrar eu ainda pagava alguns meses da minha faculdade.

ㅡ Devo te dar um carro então? ㅡ pergunto e ela me encara por um tempo sem dizer nada. ㅡ Ou devo pagar sua faculdade? ㅡ ela pisca várias vezes e então gargalha alto como se eu estivesse contado uma piada.

ㅡ Um carro.... A faculdade...ㅡ ela tenta se controlar e me encara limpando a lágrima de seus olhos causada pela risada.ㅡ Por causa de uma carteira. ㅡ ela fala com o sorriso no rosto ainda. Eu fico sério e confirmo com a cabeça. ㅡ Você tá falando sério... ㅡ ela diz parando de rir e fica séria. ㅡ Porra isso é loucura. A linguagem do rico para agradecimentos é diferenciado... Agradeço pela generosidade Sr. Aahbran porém não posso aceitar... Um "obrigado" já é mais que o suficiente.

ㅡ Obrigado senhorita Elisa. ㅡ ela sorri. ㅡ Então faz faculdade? ㅡ acho que não estou passando uma boa primeira impressão, talvez pelo o fato de querer prolongar mais a nossa conversa ou de estar lhe perguntando algo que não queira responder.... Felizmente a minha natureza não me faz arrepender de tal ato, já que ser incoveniente e direto é meu forte.

ㅡ Sim, faço Design de Moda na Business. ㅡ ela diz e já se levanta me deixando inquieto.

ㅡ Senhorita Eliza, gostaria de pelo menos lhe pagar algo.

Era impressionante como ela me fasinava sem fazer absolutamente nada em especial. Seu sorriso parecia mais leve e verdadeiro nesse pouco tempo que estávamos conversando. Seu olhar é calmo e acolhedor.

ㅡ Devo recusar, infelizmente. ㅡ ela demora um pouco para responder e sua justificativa foi a que mais me pegou desprevenido. ㅡ Estou acompanhada.

ㅡ Ah, tudo bem. ㅡ não pude esconder o meu tom de decepção. De alguma forma aquilo me incomodou.

ㅡ Eu vou indo... Quem sabe a gente se esbarra por aí novamente... Sr. Aahbran. ㅡ ela diz dando um pequeno sorriso e se vira indo para uma mesa onde estava um homem sentado de costa para mim.

ㅡ O acompanhante... ㅡ sussurro entre os dentes e me levanto saindo o mais rápido possível do café.

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