Capítulo 08°

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Ares

ㅡ Se você não se sentir confortável a gente vai para outro lugar. ㅡ digo ao puxar a cadeira para ela se sentar.

ㅡ Tá tudo bem. Esse lugar é lindo. ㅡ ela diz olhando para a paisagem. O restaurante tinha um terraço onde dava para ver a cidade toda iluminada. ㅡ É mais reservado do que eu imaginava, está perfeito.

ㅡ Que bom que gostou. ㅡ fizemos o nosso pedido e ela fica distraída olhando a paisagem com um sorriso. ㅡ Você não é daqui certo?

ㅡ Como chegou a essa conclusão? ㅡ ela me olha.

ㅡ As pessoas que nasceram e cresceram nessa cidade não se distrai facilmente com uma paisagem que vêem todo santo dia de suas vidas. ㅡ digo e ela parece surpresa.

ㅡ Você tá certo... Tem poucos anos que vim para Grécia, mas ainda não me acostumo com essa beleza. No meu país eu não tinha tanta liberdade para admirar as coisas, então eu acabo me distraindo facilmente. ㅡ ela da um sorriso fraco. ㅡ Eu nasci na Rússia e vivi lá por um bom tempo.

ㅡ Pelo seu tom de voz, arrisco dizer que não foi uma época boa certo? ㅡ digo e fico angustiado ao ver seu olhar.

ㅡ Você acertou novamente... Aquele lugar é considerado como uma prisão pra mim..

ㅡ Não precisa me falar se não quiser.

ㅡ Tá tudo bem. A gente tá aqui para se conhecer... Nada mais do que justo eu te falar, sem contar que eu me sinto confortável em te contar sobre isso... Isso chega ser estranho, eu querer me abrir assim para alguém. ㅡ ela realmente estava um pouco aflita.

ㅡ Já que é assim eu também te conto um segredo meu, assim temos benefícios trocados e não fica tão desconfortável para você. ㅡ digo e ela sorri mais calma.

ㅡ Eu sou filha bastarda da minha família... minha mãe engravidou estando casada com um cara que não é meu pai. Para piorar tudo o esposo da minha mãe é o chefe de uma máfia russa...ㅡ fico surpreso ao ouvir aquilo, porém não a interrompi. ㅡ Ele não fez nada com ela quando descobriu pois gostava dela, porém depois que eu nasci as coisas mudaram drasticamente. Ele não podia me ver que sentia raiva e para não descontar em uma criança indefesa, descontava nela e consequentemente ela em mim. É um absurdo dizer isso, mais ele tinha mais empatia comigo do que a minha própria mãe. ㅡ eu aperto minha mão tentando me controlar.ㅡ Passei minha infância sendo espancada por ela... Meu padastro nunca encostou um dedo em mim, porém não suportava estar perto de mim. Quando estava em minha adolescência ele fez questão que eu aprendesse artes marciais... Segundo ele o mesmo me perdoaria se eu entrasse para seu esquadrão de assassinos, mesmo eu não tendo feito nada... Apenas existir já era meu pecado. ㅡ ela limpa uma lágrima. ㅡ Desculpa eu não sei porque estou contando algo tão pessoal para uma pessoa que acabei de conhecer... É mais forte que eu. ㅡ seguro sua mão e ela abaixa a cabeça. ㅡ Eu não aceitei e aquilo deixou minha mãe com mais raiva... Eu aguentei firme até minha maior idade parar fugir. Eu juntei o dinheiro que pude e procurei pelo meu pai biológico e pela minha surpresa o encontrei... Ele sabia que tinha uma filha, porém não podia fazer nada quando ela está presa em uma fortaleza na Rússia... Ele me acolheu e cuidou de mim. Ele me deu amor que eu não recebi de ninguém... Eu conheci o sentido de amar e ter um amor, aquilo me mudou pra sempre.

ㅡ Você é uma mulher incrível Elisa Ritter. ㅡ ela me olha sorrindo e limpo sua lágrimas.

ㅡ Por que me sinto tão a vontade com você? ㅡ ela se questiona.

ㅡ Talvez seja porque tivemos uma vida juntos... Em um outro tempo? ㅡ digo e ela ri.

ㅡ Que cantada péssima Ares Aahbran.

ㅡ Não foi uma cantada e sim um fato. ㅡ ela ia dizer algo mais a comida chega.

Eu estava na dúvida, mas agora eu tenho certeza... Das minhas três reencarnação como deus da guerra em todas elas Elisa estava lá. No livro de reencarnação não diz com quem vivíamos nossas vidas, mais assim que li a página dos meus registros eu sempre soube que tinha alguém comigo e agora posso dizer com toda certeza que foi outras versões de Elisa.

O restante do jantar foi tranquilo e caloroso. Tentei deixar ela o mais possível relaxada, conversando assuntos calorosos e confortáveis. Posso dizer que pude conhecer um pouco mais sobre Elisa Ritter. Seu pai se chama Ícaro que é dono de um café inclusive o mesmo café que a gente se encontrou pela primeira vez.

ㅡ Devo confessar que você foi muito perspicaz marcando para se encontrar com um desconhecido no café de seu pai. ㅡ digo e ela ri.

ㅡ É eu estava um pouco preocupada de quem você poderia ser. Eu até pedi pedi para meu amigo ficar de vigia. ㅡ eu encarava ela sem acreditar e a mesma começa a rir.

ㅡ O acompanhante?

ㅡ O próprio. Conheci Joey, quando ele cursava administração. Seu último semestre foi ano passado, porém mantivemos contato... Aliás ele foi muito contra sobre eu te encontrar novamente.

ㅡ Claro que foi. ㅡ digo e reviro os olhos.

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Ao sair do restaurante levei ela em um lugar onde poderia ver melhor a beleza noturna do céu. Estávamos em um ponto alto onde fica as ruínas de um templo antigo.

ㅡ Que lugar incrível. ㅡ ela diz olhando as ruínas. ㅡ Você já imaginou quanta história tem isso tudo?

ㅡ Sim... A vida inteira. ㅡ digo olhando seu sorriso e logo em seguida ela se vira para mim e fica séria.

ㅡ Você tá sendo incrível... E eu queria te pedir desculpas. O encontro era pra ser mais leve pra gente se conhecer... E eu acabei estragando te contando a minha vida passada aquela hora. Juro que não quis me passar por coitada para ter pena de mim...

ㅡ Elisa você não estragou nada, para com isso. ㅡ me aproximo e meus dedos vão direto para seu rosto. Meu corpo fica tenso em só poder sentir sua pele. ㅡ Por mais que eu fiquei bem puto com o que você me contou... Você não estragou nada. Meu interesse só aumentou.

ㅡ Você ficou puto? ㅡ sua pergunta e seus olhos brilhando de emoção me faz querer abraça-la.

ㅡ Muito. A minha vontade é afundar a Rússia em ruína e fazer ela desaparecer do mapa só para você não sofrer novamente. ㅡ cada palavra que digo só aumenta mais ainda a minha vontade.

ㅡ Você é bem extremo. ㅡ ela diz curvando sua cabeça para o mesmo lado que minha mão se encontra em seu rosto e sorri. ㅡ Mais não é uma péssima idéia.

ㅡ Você pareceu bem maldosa agora. ㅡ digo me aproximando mais ainda e ela sorri novamente.

Meus olhos e os seus olhos pareciam estar em uma sintonia totalmente perfeita. Era incrível como aquilo podia estar acontecendo tão rápido. Sem dúvida nenhuma era ela a minha âncora. A sua mão encosta na minha e aquilo foi como um desbloqueio de sentimentos. Sinto meus olhos arderem pela expansão dos sentidos... Estava me segurando o máximo para ela não ver meus olhos reproduzir um fenômeno que a faria sair correndo.

Estávamos perto o suficiente para nossos lábios serem selados. Porém ela parece acordar de um transe e se afasta me encarando séria.

ㅡ Eu não esqueci do que disse senhor Aahbran. Disse que me contaria seu segredo, creio que agora seja um bom momento para isso.

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