Capítulo 19°

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Elisa

/5 meses depois/

Posso dizer que Ares se transformou da água pro vinho. Ele está sendo muito cuidadoso e protetor, o que tá interferindo muito em seu serviço na empresa, fazendo Apolo e Hércules enlouquecer... Mas como sempre Ares ignora tudo e todos e faz apenas suas vontades.

A sua preocupação nos últimos dois meses é querer saber o sexo do bebê, ele tá mais ansioso do que eu. Nas últimas ultrassom o bebê não está deixando a gente ver e por algum motivo o exame de Sexagem Fetal nunca dá um resultado exato. Desconfio que possa ser por causa de Ares... Afinal o sangue dele não é 100% humano, então é plausível que um descendente seu não seria também e isso interfere em qualquer exame... Confesso que isso me preocupa um pouco.

- Ó céus... - digo com a mão na barriga e corro para o banheiro. Ultimamente tá bem difícil manter alguma coisa no estômago. Enquanto estou sentada na beira do vaso sinto meu cabelo ser suspenso. - Não precisava... presenciar isso.

- Não fale bobagens. - diz Ares suspirando fundo.

Fecho a tampa do vaso e dou descarga. Vou até a pia e lavo a boca com Ares ainda segurando meu cabelo. Olho para ele através do espelho.

- Não me olha assim... Não é tão ruim. - digo ao ver sua expressão de aflição e o mesmo levanta uma sobrancelha. - Ok, é ruim... Porém faz parte do processo. Não se preocupe eu tô bem.

- Vem, você precisa descansar. - ele diz me pegando no colo.

- Já disse pra não fazer isso, sei muito bem andar. - digo e ele apenas me ignora.

Ares me deita na cama, arruma travesseiros na minha costa e senta mais para baixo colocando meus pés em seu colo e começando uma masagem que imediatamente me trás uma sensação de alívio instantâneo.

- Tem certeza que não tá sentindo nenhum desconforto? - ele pergunta preocupado.

- Estou ótima querido. - digo sentindo meus músculos relaxarem. - Ares... Você acha que tem alguma possibilidade do bebê nascer com algum dom?

- Para ser sincero... Venho pensando nisso também. - vejo uma expressão de tensão em seu rosto. - Tem alguns motivos para acreditarmos que não, por exemplo; as reencarnações não existe mais... As reencarnação só vinham para os homens e você tem a possibilidade de gerar uma menina e não acontecer nada... Mas ao mesmo tempo por mais que não tenha mais reencarnações eu ainda sou um deus. A criança não precisa necessariamente nascer com um poder que já exista entre os deuses.

- Quer dizer que... Você acha que tem a possibilidade do nosso bebê nascer com um dom único? Como se fosse um semi deus? - pergunto e ele me olha.

- As chances são bem mínimas já que estou em um corpo humano. Não precisa ficar preocupada. Mesmo se isso acontecer, vamos treinar bem e ele irá aprender a se controlar e viver normalmente. - ele diz me acalmando. Ares abandona sua massagem em meus pés e me abraça com o rosto colado na minha pequena barriga. - Papai vai protegê-lo, irá crescer saudável e forte. Vai saber todos os golpes de espadas, vou ensina-lo a usar adagas e flechas... Tudo que quiser aprender irei ensinar, principalmente em como irritar o titio Apolo. - eu sorria feito boba ao vê-lo daquele jeito.

- Você tá se referindo ao bebê como "ele" e se for menina? - pergunto e sinto seu musco rígido em volta da minha barriga o mesmo me encara e fala com a expressão super séria.

- Criarei ela para ser uma mulher casta, a mais pura de todos os tempos. - não aguento e começo rir.

- Vai querer colocá-la em um convento também? - pergunto achando graça.

- Não é uma má ideia. - ele diz totalmente sério o que me faz parar de rir e encara-lo.

- Você não seria louco o suficiente para passar por mim querido. Sabe que nunca iria permitir tal proeza.

///

Estava tomando meu café da manhã enquanto Ares discutia algo no telefone com Hércules. Ele parecia bem irritado, não parava de andar em círculos na sala.

- Você tá me irritando Hércules... Olha não faz nada okay? Eu resolvo em dois segundos, mais terá que parar de me ligar pro resto da sua vida. Já não aguento mais. - ele diz e eu sabia que era algo sobre a empresa. É engraçado ver Ares agir dessa forma como se ele tivesse na razão sendo que o mesmo tá todo errado. Quem abandonou os afazeres é ele não o pobre coitado do irmão. - Amor, eu vou ter que dá um pulo na empresa.

- Tudo bem. - digo e ele me encara surpreso.

- Achei que ao menos ia ter uma carinha de tristeza. - ele diz com a mão no peito e eu simulo uma expressão de tristeza. - Sua falsa.

- Sabe que te amo. - digo piscando e rindo de sua careta.

- Bom, não vou demorar. - ele diz e me dá um beijo. - Qualquer coisa me liga.

- Okay.

Assim que ele sai começo a organizar a mesa e guardar as coisas. Acho que é a primeira vez desde o começo da minha gravidez que Ares me deixa sozinha. Ele tá muito paranóico achando que pode acontecer algo comigo e com o bebê sem ele estar por perto.

Tinha mais o menos 20 minutos que ele havia saído e a campainha toca. Acho estranho pois normalmente sempre alguém avisa que está vindo aqui, mais olho na mesinha de centro e vejo a chave dele. Acho que ele esqueceu. Pego a chave e vou até a porta assim que abro vejo alguém totalmente desconhecido, mas pela sua fisionomia eu poderia chutar de onde era. Rosto robusto e marcante, cabelos claros e olhos frios.

- Quem mandou você? - a raiva se mistura com o medo e me consome. - Se fizer algo, juro que vai se arre... - ele avança um passo e coloca algo em meu nariz, tento me debater mais meu corpo rapidamente amolece e tudo se torna escuro.

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