Capítulo 12°

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Ares

Entramos no carro e ela não parava de me encarar. Eu ainda não tinha falado nada, mais sabia que ela poderia estar brava pelo fato de eu ter sumido durante duas semanas. Enquanto dirigia, tentava me concentrar no trânsito para não assustá-la ao lhe atacar, eu tinha um bom motivo para sumir, porém, nem isso justificava a minha saudade e ansiedade de poder vê-la o mais rápido possível.

- Você não vai falar nada? - ela pergunta suspirando fundo. - Você sumiu por duas semanas e do nada aparece e praticamente me sequestra sem nem me perguntar se eu queria vir.

- Não é sequestro quando tenho a permissão de seu pai. - digo sorrindo, mais logo desmancho o sorriso ao vê-la séria. - Você podia ter dito que não queria vir.

- Poderia se eu tivesse sido cumprimentada e não ignorada como você fez...

- Não foi... minha intenção te ignorar. - fico nervoso por fazer ela pensar daquela forma. - Eu não queria...

- Você fez parecer que não se importava com minha presença ou o que eu queria. Na verdade, eu achei que você nem iria mais aparecer. Estava me convencendo que o que um cara como você que tem tudo que quiser poderia querer algo comigo... digo, você é um deus. - ela dá um sorriso fraco e olha para suas mãos. - Eu não sou ninguém e...

Ao escutar aquilo, freio o carro bruscamente e ela me encara assustada. Aperto o volante e meu coração acelera feito louco. Puta merda que situação mais cômica que um deus da guerra pode se meter. Ela segurava o sinto ao redor de seu corpo com firmeza e não tirava seus olhos de mim. Não aguento mais e me inclino em sua direção segurando seu rosto com as duas mãos. 

- Você não sabe de nada. - meus dedos passam por seus lábios. - Você é alguém, você é tudo para mim. - avanço para acabar com o espaço entre nós e seus lábios no meu é algo que eu almejo há tantos dias que aquela sensação é inexplicável. Buzinas começa a ficar altas como um coral de vários outros carros atrás de nós.

- A... Ares, os carros querem passar. - ela diz tentando se afastar. Dou um último beijo em sua testa antes de voltar a atenção para o volante.

- Desculpa por sumir e não dizer nada ou por fazer você pensar que não estou interessado. Vou te contar tudo.

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Estávamos no último lugar que havia levado ela no nosso encontro, nas ruínas do templo. Ela estava distraída olhando para as ruínas com um sorriso encantador.

- Aqui é muito lindo durante o dia também. - ela diz sorrindo. 

- Elisa, desculpa não ter te falado nada. - digo me encostando no carro. Ela me olha e vem ao meu lado. - Eu estava resolvendo algumas coisas e não queria te envolver, eu não podia correr o risco de você se envolver. 

- Do que esta falando?

- Os Russos... - assim que digo, seus olhos se dilatam de medo e uma tensão toma seu corpo. - Eles estavam aqui, apareceram em nosso território sem ninguém dos Aahbran saber. Eu precisava investigar para saber o que queriam e quais eram as intenções. 

- Espera. - ela suspira. - Por que esta se envolvendo nisso? ''Nosso território''? O que é isso, vocês também são mafiosos?  Isso tem alguma coisa a ver com os deuses?

- Tudo tem a ver com os deuses não acha? E isso inclui os negócios não informais. - digo e ela fica pensativa olhando para o chão. - Está decepcionada por eu não mexer apenas com coisas politicamente correta?

- Não é isso. De alguma forma faz sentido vocês fazerem parte disso também... eu só achei que nunca mais ouvira falar deles. Estava sendo esperançosa demais não é?

- Elisa. - seguro sua mão. - Eu te garanto que eles e nem ninguém vai encostar um dedo em você.

- Obrigada. - ela me olha e sorri. - Fico aliviada ao ouvir que um deus vai me proteger, porém, não posso depender de você...

- Quero que dependa. Não pense em que um deus vai te proteger como uma obrigação de uma divindade, mas pense em mim como seu protetor... como o cara que gosta muito de você, pense em mim como aquele que vai te proteger de tudo e todos por se importar e por você ser a pessoa mais preciosa que tenho.

- Isso foi uma confissão? - ela pergunta sorrindo. 

- Na verdade, achei que já tinha me confessado. - digo franzindo o cenho. 

- Você tem umas formas meio estranhas de se confessar... sumindo. - ela diz suspirando fundo e depois ri. - Então posso considerar que se você sumir novamente sem me dizer nada, terei o direito de te estrangular o quanto eu quiser?

- Com toda a certeza. - digo sorrindo. - Você tem qualquer direito que quiser sobre mim, senhorita Elisa Ritter.

- Vou me lembrar de cada palavra que você disse. - ela diz e logo fica séria. - O que você descobriu?

- Antony mandou seus homens em busca de fazer negócios com os chefes de gangues e mafias camufladas na Grécia. O que ele não contava era que todos os líderes com quem ele quer fazer negócios, trabalham para os Aahbran. 

- Eles não sabem sobre vocês?

- Não, mas vão ter que saber em breve. Não vamos deixar eles fazerem o que bem entendem em nosso território. - digo. - O problema maior... é que os homens mandados, veio com uma segunda ordem também. Para te encontrar. 

- Isso não me surpreende e não me surpreende que aquela mulher tenha feito isso por conta própria. - ela não parecia abalada.

- Foi exatamente isso que aconteceu e por esse motivo não queria arriscar ela te encontrar... Elisa se você me pedir, eu posso acabar com eles em um piscar de olhos e...

- Não... Ares eu só não quero ter mais nada a ver com eles. - ela diz aflita.

- Tudo bem. Então eu vou garantir que eles nunca te acham. - digo passando a mão em sua cabeça. - Para isso vamos ter que falar com seu pai. Eu vou fazer vocês desaparecerem... como se nunca estivessem existidos. Eles não vão te encontrar, eu prometo. Vou te proteger.

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