Permissão? Apenas para você gritar

Capítulo 37

Assim que Meng Yao sai para o pátio de treinamento, os dois guardas que esperavam na entrada se aproximam, pegando o criminoso pelas cordas, um de cada lado. Eles acenam educadamente, e os quatro seguem em direção às masmorras.

O sol da tarde estende sua névoa quente de âmbar pelo pátio, fazendo as decorações de bronze das vestes dos discípulos de Nie brilharem. O tilintar de suas espadas de treino e os comandos rítmicos aos quais eles se movem parecem uma música que acompanha esta dança de laranja vibrante e cintilante. A risada de Huaisang ecoa por trás da esquina e o vê desaparecendo por um dos portões, tão absorto em uma conversa com seus amigos que nem percebeu que Meng Yao saiu.

Ele não sabe por que isso o deixa triste. Ou, ele sabe? Mas não deveria. Ele está ocupado, tem trabalho a fazer, não tem tempo para brincar e ficar ocioso. Ele balança a cabeça ligeiramente, como se para descartar os pensamentos intrusivos, e vê o pequeno sorriso do criminoso.

“Por que tão taciturno, amiguinho?” ele pergunta. “Eu prometo que sou mais divertido do que aqueles rapazes tolos.”

Meng Yao o ignora, mas fica perturbado ao perceber que Xue Yang viu através dele tão claramente. Endireitando-se, ele lidera o caminho pelo pátio, já apreensivo com a interação que se seguirá.

Ao se aproximar do grupo de discípulos, espalhados pelo campo de treinamento e suando por uma coreografia de movimentos bem estabelecida sob o escrutínio cuidadoso do capitão da guarda, Meng Yao respira fundo. Ele odeia interagir com o Capitão, e sempre faz o possível para evitá-lo, mas agora é forçado a procurá-lo, tendo que arrumar os postos de guarda da masmorra.

"Shixiong", ele se dirige ao capitão, curvando-se levemente, com cuidado para ser o mais educado possível, invocando familiaridade - eles são membros da mesma seita, afinal - mas reconhecendo a antiguidade do capitão ao mesmo tempo, porque mesmo que não seja sênior por patente, ele está na seita há mais tempo do que Meng Yao e também é mais velho. Ele odeia ter que ser tão respeitoso, odeia ter que falar com ele, mas dessa forma, Meng Yao espera evitar conflitos, especialmente na frente de estranhos, e fazer o capitão cooperar. “Shixiong, o líder do clã solicitou que o prisioneiro fosse levado para as masmorras, então os guardas precisam ser dobrados. Por favor, designe esses guardas adicionais para seu novo dever.”

O capitão dá a ele um olhar de desdém, zomba um pouco, então prossegue com o treinamento, ignorando Meng Yao completamente.

Irritação formigando em sua pele, Meng Yao lambe os lábios e pergunta novamente, esperando que a apreensão em sua voz não seja ouvida: “Shixiong, peço desculpas por distraí-lo do treinamento, mas é importante. Por favor, atribua os guardas adicionais. Eles são necessários agora.”

O capitão cospe no chão e acena com a cabeça, nem mesmo se virando para olhar para ele. “Mhm, eu sei, eu sei.” E prossegue com o treinamento.

A impaciência irritada borbulha no peito de Meng Yao. Ele também se sente envergonhado por outras pessoas testemunharem a maneira rude como ele está sendo tratado e nervoso por ter que cutucar mais o capitão. A ponta de seu nariz está fria e formigando. “Capitão,” ele diz mais resolutamente, vendo que aquela familiaridade educada e respeitosa não funcionou. “Estas são as ordens do Líder do Clã.”

Agora o capitão também parece irritado. Ele se vira, apertando os olhos. “Meng Yao,” ele diz ironicamente, “Por que você não cumpre seus deveres insignificantes, cumprimentando os convidados, limpando a casa e cuidando das outras necessidades domésticas do Líder do Clã, hm? Organizar os guardas não é seu dever.

Pelo canto do olho, Meng Yao vê Xue Yang rir. Ele decide ignorar tanto isso quanto o jab do capitão.

Tentando se afirmar, mas ao mesmo tempo apaziguar o Capitão, ele dá um sorrisinho recatado. "Eu sei", diz ele. “A distribuição da força Nie está sob seu comando, é claro. Mas... fui encarregado de interrogar o prisioneiro, e isso requer mais guardas nos postos da masmorra.”