Cap um

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Possíveis gatilhos: violência, exploração

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Possíveis gatilhos: violência, exploração

Meus olhos passam por cada pessoa do mercado, nessa aldeia decrépita sem nação. Passo por uma tenda de frutas, roubo uma maçã e quando estou longe o suficiente dou uma bela mordida na mesma.

As calças velhas e puídas que uso pinicam minhas pernas e cintura, a túnica marrom, velha e rasgada me dá coceira. Ajeito mais uma vez meu chapéu que esconde meu cabelo e procuro mais alvos.

Um homem, algum diplomata rico do reino do fogo, ao lado de um garoto que se não fosse pelo cabelo raspado com somente um rabo de cavalo — símbolo dos desonrados buscando sua honra — e tirando o fato de ser da nação do fogo seria um dos homens mais lindos que já vi na minha vida

Ajeito novamente minha postura, curvando meus ombros, fazendo uma passada manca, jogo a fruta fora e me direciono ao meu alvo.

Como parte do teatro mando olhares demorados nas barracas de comida, fingindo distração. A decisão de quem será meu alvo me aflige um pouco se eu errar fico sem dinheiro.

Conto mentalmente os números dos passos restantes. Oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois e finalmente

— porra - um grunhido de raiva sai dos lábios do garoto da nação do fogo.

Ele cambaleia pra trás e me puxa buscando apoio, caio em cima do garoto, ficando com nossas pernas enroscadas.

Merda

Merda

Merda

Merda

Desenrolo nossas pernas lançando maldições baixinhas, levanto o olhar, dando de cara com olhos cor de mel, ou melhor, a mesma tonalidade do fogo, algo entre o amarelo e o laranja de uma chama, uma intensidade fácil de se perder nela.

Pelo canto do olho vejo um brutamontes vindo em nossa direção, faço meu trabalho rápido

— desculpa, desculpa, desculpa - repito incessantemente

— SAI DE CIMA DE MIM - o garoto berra me empurrando, pego sua sacola de moedas me afastando dele, bem a tempo do brutamontes me puxar pelo colarinho da camisa velha e me jogar longe

Me sento ao chão, sentindo meu chapéu voar, me jogo atrás do mesmo, mas o garoto me vê com ódio no olhar.

— seu idiota - digo sem palavras e vejo suas sobrancelhas se abaixando em confusão

— príncipe Zuko, o que foi? - o velho pergunta chamando a atenção do mais novo

Príncipe!

O vejo apalpar as roupas procurando, quando não acha ele desvia o olhar de mim, para si mesmo. É a minha deixa.

Saio correndo o mais rápido possível por entre os becos.

— PEGUEM AQUELA LADRA - o berro do garoto me faz gargalhar já longe

Don't Blame Me - ZukoOnde histórias criam vida. Descubra agora