Cap nove

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Sinto uma leve sucção em minha pele

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Sinto uma leve sucção em minha pele.

Estou nua da cintura pra cima — não que apenas minha roupa de baixo cobrisse muito minhas pernas —, deitada em uma maca, sinto a Prioresa desencaixar pequenos recipientes de vidro — que foram colocados com ajuda de velas acesas, a vela sugou o ar dentro do recipiente e o recipiente sugou minha pele.— pela extensão dos dois lados da minha espinha dorsal

Levanto minha cabeça levemente pra conseguir me olhar em um espelho, faço uma careta leve pela dor em meu pescoço, meus cachos caindo em meus olhos. A mulher tem uma calma inexplicável e murmura uma canção enquanto trabalha.

Kalynn deve ter passado dos setenta e cinco anos faz tempo, porém não parece ter mais do que sessenta. Suas mãos continuam habilidosas como sempre, seus olhos frios e rígidos também.

Nossos olhos se encontram pelo espelho e sinto uma vontade tremenda de desviar o olhar. Bufo me deitando novamente, meu rosto encarando uma vela aromática.

— sabe, pensei que você voltaria pra nos visitar pelo menos alguma vez nos últimos quatro anos - começa com a voz inflexível - quase não ouvi falar de você, pensei que estava morta

— estou bem

— estou vendo - o sarcasmo em sua voz é uma das muitas coisas que me fazem odiar Kalynn, mas sempre gostei da forma como ela não esconde sua hostilidade - bem que dizem que "o bom filho à casa torna"

— não sou uma boa filha - rebato sentindo ela tirar o último recipiente - e essa não é a minha casa

— vejo que aprendeu direitinho no tempo que esteve aqui - ri se virando para o armário e mexendo lá dentro

— você nunca me deixou esquecer o meu lugar

— não seja tão rancorosa - com um sorriso divertido no rosto, ela se vira novamente pra mim, com um pote em mãos - vou passar uma mistura de pomada de arnica com folhas de hamamélis - espalha a pomada pelas minhas costas, fazendo massagem com as pontas dos dedos calejados de forma dolorosa - nunca aceitei crianças na ordem

— e nem que eu era uma criança - surpresa, Kalynn gargalha alto, algo muito semelhante a um corvo na minha opinião

— mas você não era uma criança ou era, demônio vermelho?

— a Prioresa me considerava uma criança - resmungo com um biquinho tentando ao máximo não fazer careta pela dor de seus dedos em meus hematomas e pelo apelido maldito

— a antiga Prioresa gostava de ver a bondade do mundo

— ela se esforçou muito pra ver a minha então - minha voz soa sarcástica, mas meu interior se retrai em desgosto

— Eu achava isso no início. Sabe, pode parecer uma surpresa, mas nunca gostei muito de você - ela desce das minhas costas pras minhas coxas, os dedos parecem perfurar minha carne, não pelos machucados serem sérios, mas por ela forçar demais

Don't Blame Me - ZukoOnde histórias criam vida. Descubra agora