Lembro de quando minha mãe me ensinava a dobra de sangue. Eram sempre momentos de terror em minha vida, ver os corpos de animais que eu brincava de dia sendo torcidos e movidos a minha própria vontade de noite. Sempre implorava pra parar, mas ela nunca deixava, sempre me fazia continuar.
"— a dominação de sangue é cruel - ela se abaixou ficando da minha altura. Seus olhos verdes com as pupilas azuladas me encaravam com ternura - mas ela salva vidas, salva a sua vida, a vida da sua família"
"— ela machuca - disse depois de parar de chorar por matar dois coelhos sem querer"
"— então aprenda a usá-la direito pra machucar só quando você quiser - ela se levanta, seus cabelos cacheados passando de seu quadril - é instintivo e necessário pra sobrevivência saber matar quando se é ameaçada"
A coleira em meu pescoço se gruda ao chão me fazendo cair de joelhos, meus cabelos caem pesadamente em meu rosto, a água não totalmente cristalizada escorre pelas mechas. O gelo do piso se estende cobrindo minhas pernas me deixando imobilizada. Levanto o olhar encarando o chefe da Tribo da Água do Norte.
O homem, Arnook, chefe da Tribo da Água do Norte, não é tão grande e robusto como a maioria dos homens dos pólos, mas seu olhar é o mesmo de um líder que faz qualquer coisa pelo seu povo. Ele tem cerca de 1,75 de altura, os olhos azuis claro, cabelos raspados nas laterais e um rabo de cavalo no alto. Suas roupas são as de um guerreiro, mas muito mais sofisticadas do que dos outros guerreiros espalhados pelo grande salão, sua pele é mais escura que de Sokka e Katara, seu nariz é torto pra esquerda o que sugere que já foi quebrado antes e seus lábios são finos.
Ele me olha com frieza calculada, como se pensasse em casa um dos meus erros cometidos em vida — me lembra meu pai.
Ao seu lado está uma garota linda de cabelos brancos, ela usa roupas finas, seus cabelos tem várias tranças o decorando e seus olhos são claros quanto do homem ao seu lado. Ela me olha com frieza, mas pela forma como aperta suas próprias mãos no colo, sei que está insegura.
Cinco anciões estão prostrados abaixo do trono, um deles é o dominador algo e magro, que não tirava os olhos de mim. Outros homens de todas as idades estavam divididos de cada lado do trono, cerca de oito de um lado e nove de outro.
Dominadores estão à minha volta, junto com soldados armados até os dentes, aqui dentro do palácio, eles não usam máscaras e até diminuíram as camadas de roupas.
Aang, Katara e Sokka estão a alguns metros de distância, o mais novo no meio. O bastão em mãos e encarava o chefe sem humor, somente frieza.
Frio pra um caralho.
Meus dentes batem descontroladamente pelo peso da água em minhas roupas rasgadas. A maior parte do frio que eu sinto é psicológico, já que os dominadores de água tem uma resistência muito maior do que pessoas normais, mas não deixa o meu ódio pelo frio menor.
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Don't Blame Me - Zuko
FanfictionAlina é uma jovem dominadora de água que já passou por mais infernos do que qualquer pessoa deveria. Disfarçada em meio aos piratas, procurando uma chance de abandonar os malditos nojentos do mar, Alina da de cara com o Avatar, um guerreiro intelig...