Cap vinte e sete

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A nevasca se intensifica a cada passo como se me puxasse de volta pra Tribo da Água do Norte

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A nevasca se intensifica a cada passo como se me puxasse de volta pra Tribo da Água do Norte.

Vamos espíritos, eu fiz uma reverência pra vocês, droga.

Quase caio pra trás pelo peso do garoto em minhas costas e escuto um crack.

Droga.

Saio correndo sabendo o que isso significa, corro os mais rápido que minhas pernas cansadas permitem, continuo correndo enquanto escuto tudo desmoronando abaixo de mim. O gelo onde piso fica desregular e sei que estou prestes a cair nesse desmoronamento maldito. Pulo agarrando o Avatar com mais força em meu ombro pra ele não cair. Grito só de pensar em sair rolando e deslizando pelo gelo, por que eu sei que não conseguiria segurar o garoto caso isso fosse necessário.

Atingimos gelo e neve sólidas, caio e o garoto escorrega caindo um pouco mais a minha frente. Olho pra trás vendo que merda foi essa e engulo a seco quando vejo uma caverna totalmente destruída, me inclino pra estudar o seu fundo e vejo que lá embaixo tem uma espécie de lago e pelo bafo quente que vira uma neblina a minha frente, foi o calor que fez esse gelo ficar tão fino.

Um vento forte tenta me arrastar até o buraco, mas me firmo no chão, me levanto e me afasto puxando o monge comigo, olho ao redor cansado, sem respiração e completamente exausto, ao longe vejo uma espécie de caverna.

— abrigo - um sorriso se forma com o pensamento de descansar e me repreendo por isso

Seguro o colarinho da túnica do garoto e o arrasto o caminho todo, sem força alguma em meus braços e pernas. Não sou uma pessoa fraca, sou forte e bem treinado, mas esse lugar esgota todas as minhas forças.

Entramos na caverna e ja agradeço aos espíritos pelo vento não chegar aqui, continuo o arrastando até o meio do lugar, sempre atento pra saber se não tem animais lá no fundo. Encosto Aang na parede e me jogo ao chão a sua frente.

Me sinto completamente exausto, meus músculos parecem pesados, tem espasmos a cada respiração, quando tento os erguer os sinto tremer pelo esforço e a dor - agora que estou em um lugar seguro com meu objetivo capturado - parece querer se apossar de mim.

Esfrego minhas mãos uma na outra tentando aquecer meus dedos praticamente congelados, junto as mãos a minha boca e baforo um pouco de fogo. Penso novamente em minha brasa interior e sei o quanto está apagada, começo a fazer meus exercícios de respiração até descongelar todos os meus membros.

— finalmente peguei você - minha voz sai rouca - mas não posso levá-lo pra casa por causa dessa nevasca - me ajeito melhor no lugar. Como se a nevasca fosse a única coisa me impedindo agora - tem sempre algumas coisas pra me atrapalhar - observo o garoto e sinto uma armagura crescer em meu peito, talvez pelo cansaço ou por todo o esforço que tive que fazer - não que você entenda. Você é como a minha irmã, pra ela tudo vem fácil.

Fico observando o garoto e percebo que nunca comentei dela com ninguém além de meu tio

— ela é uma dominadora prodígio do fogo e todos as adoram. Ou pelo menos quem não a conhece direito - seguro o riso, mas a mágoa cresce em meu peito - sempre tive que treinar três vezes mais do que ela e alternar os estudos como herdeiro. Sempre que via que eu estava ficando tão forte quanto ela, ela voltava a treinar até se tornar imbatível. Coisas que eu fazia com dez anos, ela fazia muito melhor com sete. A favorita do papai - reviro os olhos sentindo a amargura em meu peito. Mesmo com quase dezenove anos, não deixo de ser o garoto que só queria a aprovação do pai - meu pai...disse que ela nasceu com sorte. E que eu tive sorte por nascer - cerro os punhos sentindo meu corpo esquentar junto com a minha raiva - eu nunca precisei de sorte! Sempre tive que lutar e ralar pra conquistar tudo o que eu queria e isso me fez forte, fez quem eu sou. Obvio que nasci em uma familia boa e rica, mas no momento parece que isso não me serve pra nada, não é mesmo? - encosto minha cabeça na parede e penso em Mai, em como nossas ideias sobre o lugar que nascemos é tão parecida.

Don't Blame Me - ZukoOnde histórias criam vida. Descubra agora