Cap vinte e quatro

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Seguro a pá pesada com força, a enfio o mais fundo possível na montanha de carvão, faço força com os braços, sustento o peso em minha coluna e arranco o máximo de carvão possível, com um movimento pesado de meus braços jogo o carvão dentro da forn...

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Seguro a pá pesada com força, a enfio o mais fundo possível na montanha de carvão, faço força com os braços, sustento o peso em minha coluna e arranco o máximo de carvão possível, com um movimento pesado de meus braços jogo o carvão dentro da fornalha do motor. O fogo vem em minha direção, mas minhas roupas pesadas não me deixam que ele me queime - não que isso fosse acontecer, de qualquer jeito.

Olho pra trás e vejo em meio aos trabalhadores um soldado conhecido. Por conta das minhas roupas pesadas ele não consegue me encontrar em meio a tantos outros trabalhadores.

Enfio minha pá na montanha de carvão e me viro em direção ao soldado. O suor escorre por baixo da roupa, meu torso inteiro dói por repetir os mesmos movimentos nas últimas semanas.

O soldado vê que estou indo em sua direção, da um aceno imperceptível e se vira como se só tivesse vindo zombar dos trabalhadores. Todos são não-dominadores que não tem nenhum talento em luta ou esgrima, mas foram colocados aqui embaixo pra não serem a vergonha se seu país.

Desvio de soldados que me olham com nojo, continuo andando casa vez mais pra dentro do navio, viro em uma portinhola que me leva pros botes salva-vidas, um lugar que ironicamente não tem nenhum vigia.

Quando entro, fecho a porta, vejo Xiao Li com o soldado menor, tiro meu capacete e sinto o vento gelado batendo em meu rosto. Respiro fundo deixando que os meus pulmões esfriem também. Ando até a borda de um dos botes e me sento, olho pra paisagem vendo o branco tão intenso que dói os olhos depois que fiquei vendo o vermelho do fogo e preto do carvão o dia todo.

- meu príncipe - Xiao Li se curva e o garoto faz o mesmo

Xiao Li é o filho do capitão do meu navio, desde que comecei essa jornada ele me acompanha, já brigamos algumas vezes, nos desentendemos, mas foi ele que me ensinou o que é lealdade. E o garoto é novo, deve ter chegado duas semanas antes do ataque e se juntou a nós, mas sempre que me vê seus olhos brilham de espectativa e me sinto bem com isso

- aqui, meu príncipe - o soldado mais novo sussurra ao me entregar uma cambuca com comida

- onde está meu tio? - pergunto me sentando na borda de um bote ainda preso

- em uma reunião com o Almirante - Xiao Li responde e se encosta na parede - logo metade dos navios vão desembarcar para ir por terra - faz careta olhando todo o ambiente lá fora - ou neve - revira os olhos

- esse navio também? - pergunto tomando um pouco da sopa e vendo que está fria. Concentro a dominação na palma da minha mão e esquento a cambuca até que o vapor suba até meu rosto

- não, príncipe. Mas os ataques só começaram na madrugada de amanhã, você terá tempo para desembarcar

- minhas coisas já estão preparadas? - pergunto e levo uma colherada da sopa de carne, a boca. Meu estômago ronca e eu como mais

Don't Blame Me - ZukoOnde histórias criam vida. Descubra agora