Alguns dias antes...no Priorado
— todos voltem o navio, tratem os feridos, descansem e vão descansar - a voz de meu tio se sobressai por cima dos gemidos
Me viro sentindo meu corpo inteiro queimar de raiva. Ainda temos tempo, ainda vou conseguir pegar aqueles desgraçados.
As pessoas se afastam conforme Iroh passa por elas vindo em minha direção, seu rosto está sério, mas pela veia saltando em sua testa sei que está com raiva. Ele me encara com decepção como se eu tivesse feito algo errado.
EU NÃO FIZ NADA ERRADO!
EU ESTOU FAZENDO O CERTO!
— O QUE? NÃO! - grito - temos que lutar, aqueles desgraçados se esconderam em uma base militar - já estavam esperando que viessemos, foi tudo articulado, mas ainda conseguimos...-
— base militar? Olhe ao redor, príncipe Zuko, não tem soldados aqui, somente mulheres defendendo sua casa - cerro os dentes incrédulo. Como esse velho não percebe a verdade? Olho pros nossos inimigos e só vejo mulheres fortes e perigosas, mas elas estão com medo, muitas choram tentando se proteger, todas tem cicatrizes. Hesito - iremos conversar no navio - meu tio vira as costas e marcha pra fora do lugar a frente dos soldados
Cerro os punhos segurando o grito de fúria que sinto. A maioria dos soldados vão embora, poucos ficam me esperando. Vejo adolescentes saindo de dentro das instalações e indo ajudar mulheres caídas. Meus soldados não as machucaram pra aleijar nem matar, apenas imobilizar.
Tristeza ecoava pelo lugar, medo deixava o ar pesado, mas os olhares de ódio me perfuravam. Vários olhares de ódio e ressentimento me perfuravam.
"— eu nunca vou te perdoar pelo que você fez com essas mulheres - promessa e suas palavras me desestabilizaram e me deixaram com o sentimento de desafio no pé da barriga. Tirei minha faca e a coloquei em seu pescoço esperando que ela hesitasse, mas ela se pressionou contra a lâmina - você não faz ideia do que fez. Vai se arrepender por isso - força seu pescoço na faca, o sangue escorrendo um pouco mais"
A frustração que me cegava foi substituída por vergonha.
O que foi que eu fiz...
Olho ao redor, as mulheres machucadas recebiam auxílio de outras mulheres que tremiam tanto que eu conseguia escutar o barulho de seus dentes batendo. Duas garotas estavam mais afastadas, gêmeas, uma tinha uma cicatriz grossa cegando o seu olho, a outra estava caída chorando e tremendo sem parar, a roupa chamuscada mostrando cicatrizes de cortes antigas. Cada mulher nesse lugar estava marcada, se não fosse em aparência era pelas expressões corporais.
Aqui não era uma base militar, era um refúgio. E eu consegui acabar com isso.
Nada nunca me fez sentir tanta vergonha como agora, nem ter sido cuspido pelo meu próprio povo, queimado pelo meu próprio pai e humilhado por pessoas que eram comandadas por mim.
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Don't Blame Me - Zuko
FanfictionAlina é uma jovem dominadora de água que já passou por mais infernos do que qualquer pessoa deveria. Disfarçada em meio aos piratas, procurando uma chance de abandonar os malditos nojentos do mar, Alina da de cara com o Avatar, um guerreiro intelig...