Tudo a Perder

Choque de Realidade

        

             Não sei dizer se sou azarada, se me perguntar prefiro o termo sem sorte, ignorei os risos forçados e conversas forçadas, isso estava me dando nos nervos, sai da sala de fininho, esperando que ninguém me veja, mas o olhos da minha irmã me acompanharam,  ela piscou para mim me dando cobertura como sempre, a Maya só tem 9 anos, quando perdemos nossos pais ela tinha 1 aninho, graças a Deus, ela não sentiu falta de pais amorosos, ela é muito bem criada pelos meus padrinhos Valdemir e Lindalva, criam ela como filha, nunca fez diferença entre nós duas e os próprios filhos, fui morar  com eles aos 14 anos, para mim foi mais difícil, perder meus pais, morar com meu melhor amigo e Crush, Eu tinha 15 anos de idade quando descobri que amava meu melhor amigo, porque os ciúmes , e vontade de estar sempre perto dele, os ciúmes, isso era mais que amor de amiga, ele foi meu primeiro beijo, na festa de ano novo, lembro até hoje, a sensação, o modo como me senti, ele foi meu primeiro homem também, ficamos escondidos por um bom tempo sem ninguém descobrir, ele dizia que era melhor ninguém saber, e eu aceitava, dizia que agente ia contar que estava junto na hora certa, mas essa hora nunca chegava, quando ele subiu para o profissional no Santos, começaram as festas e baladas e mulheres, o mundo se abriu para ele, as amizades mudaram, o jeito de me tratar também, mas eu sempre esperei, sempre tive esperança que ele ia mudar, que ia se tocar que aquela pessoa não era ele de verdade, quando ele ia para o meu quarto a noite e agente ficava junto, eu sempre esperava algo dele nunca conseguia me desprender desse relacionamento, quando agente ficou maior todo mundo já sabia, mas todos fingiam que não.

  Quando agente se mudou para Milão eu pensei que as coisas iam melhorar, e melhoraram por um tempo, cheguei a pensar que agente tinha algo sério, porque fiquei do lado dele o tempo todo, e quando nada deu certo e voltamos para Santos, tudo começou de novo, a cara de pena que recebia da Dhio e do Fabinho me deixava doente, o cumulo para mim foi quando ele chegou num domingo a noite com a Rafaela Santos, e apresentou como a namorada dele, e tive que ficar na mesa, e fingir que eu estava bem, que aquilo era normal, Maya segurou minha mão o jantar inteiro, acho que teria desabado sem ela, a Madrinha me olhava a cada minuto, e o pior era que a Dhiovanna gosta muito dela, fiquei naquela tortura de jantar pensando no que estou fazendo da minha vida, do que estou fazendo comigo mesma, nas migalhas de amor que aceitei todo esse tempo, para mim que fiquei ao lado dele a vida toda em todas as fases? Nada nem mesmo a consideração de avisar com antecedência sobre esse jantar miserável, para mim que aceitei ele como ele realmente é... nada. 

Para ela que pegou o projeto pronto, que pegou sucesso e o auge... tudo. acho que o primeiro passo eu já dei,  o passo mais difícil,  o pior de tudo é ele tentar me incluir nas conversas, tentar fazer com que eu ela fossemos amigas, não posso dizer que ele é um mal amigo, do jeito que eu sempre apoiei ele, o Gabriel sempre me apoiou, sempre do meu lado, mas nunca me deixou chegar ao coração, sempre me mantendo a um braço de distância,  e ver ele se entregando a outra pessoa tão facilmente tá acabando comigo, saber que o problema não sou eu, e fazer meu coração entender isso é que é complicado...