Terceiro e Quarto Round

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                Caminhei até ele, que sentou primeiro e bateu no lugar do sofá ao lado dele, mas preciso de distância para falar o que preciso, por isso sentei na mesinha de centro de frente para ele, observei as expressões ele  parece nervoso, já abriu e fechou as mãos um monte vezes, e está puxando a barba, respirei fundo e olhei nos olhos dele, eu preciso começar por algum lugar, então vai ser pelo lado profissional.

-Eu vou precisar de um afastamento do trabalho.

-O que, Porque ? tá doente é isso? quer ir no médico? não sai dai vou chamar a mamãe....

-Calma Gabriel, eu não estou doente cara....

-Não me chama assim!

Essa discussão rola desde a nossa infância, quando chamo ele pelo nome dele, ele acha que estou brigando com ele, ou com raiva, agente se tratou sempre como Vida ou Amor, olhando bem para isso, parece até Piada, olhei para ele, e sei que ele precisa saber, mesmo que não mereça minha consideração, mas vou começar pelo lado profissional.

-Porque precisa de uma licença?

-Vou para Paris!

-Certo, então vamo  todo mundo põ, espera só a próxima folga prolongada e vai todo mundo junto...

-Gabriel....

Ele me olhou zangado e suspirei, isso está ficando mais difícil do que pensei, tentei controlar o coração e a respiração acelerada e continuei

-Eu vou para Paris sozinha!

Ele franziu as sobrancelhas, a carinha de zangado está acabando comigo,  desviei os olhos do dele, mas ele puxou meu rosto para olhar para ele de novo

-Quanto Dias você precisa?

Ele ainda não tinha entendido, e sei que não fui muito clara antes.

-Bi, são alguns meses....

-È o que?

Ele gritou alto, com certeza chamou atenção da família todinha, respirei fundo e pedi

-Fala baixo.

-Fala baixo meu caralho,  tá achando que vai embora? tá achando que vai deixar a Maya? tu não vai deixar gente Milena, nem fudendo dez buceta.

-Não grita Gabriel, eu não sou surda porra, eu não estou abandonando minha irmã, ela foi a primeira pessoa que conversei, ela já sabe, as duas já sabem, e são só alguns meses.

-Não!

-Não tô te pedindo permissão Gabriel, Tu não é meu Pai, nem meu irmão, e muito menos meu marido, agente é amigo, e chefe e funcionária, e como sua funcionária eu já pedi a licença do trabalho, e como tua amiga estou comunicando.

-Tô pouco me fodendo, não vai pra porra nenhuma!

-A época que tua opinião me parava de fazer alguma coisa já passou!

-Então eu não importo mais para você?

-Eu não falei isso, você tanto importa que estou aqui te dando satisfação mesmo sem precisar, sei que você não é um idiota, as coisas entre agente mudaram e já faz tempo sei que percebeu, e sei que tenta mudar isso todo dia, me incluir nas suas coisas,  e nas conversas, mas isso tá me fazendo mal demais, isso tá fudendo Gabriel, eu já cheguei no meu limite, aliás eu já passei de todos os meus limites.

-Então vamos conversar, eu faço o que tu quiser vida, me diz o que tenho que concertar?

-Não acho que tenha mais concerto Bi!

As lagrimas que desciam do olhos dele sem parar, rasgaram meu peito ainda mais, os tios chegaram na sala, os olhos da tia se arregalaram quando viram a cena.

-Que putaria do caralho é essa, alguém me explica porque estão gritando no meio sala em pelna meia noite?

-Ela acha que vai embora!

-Eu não acho, eu vou embora, ia conversar com vocês dois amanhã sobre isso.

O tio soltou a mão da mulher e se aproximou com cara de bravo, ai eu me ferro porque respeito demais esses dois, e juro que se eles não me deixarem ir, eu não vou, por isso vou explicar o meu lado o melhor que eu puder.

-Explica essa porra para mim Milena, eu não tô te entendo.

-Tio....

-Ela acha que vai morar em Paris, sozinha, sem mim... vai para caralho nenhum sozinha.....

Nos dois ignoramos o Gabriel ,e peguei a mãos dos dois e levei para o sofá meu tio me olhou super sério

-Se me explicar o  porque? vai ter o meu apoio filha.

-Tá falando sério pai? vai deixar ela ir embora?

-Bi, dá um tempo!

A tia gritou com ele, ele limpou as lagrimas de raiva eu acho, e subiu para o quarto, quando a porta bateu com força, eu me virei para começar o quarto Round.

-Vocês sabem que eu amo o filho de vocês, que eu sempre amei, e que por um tempo as coisas foram bem entre agente, mas de um tempo para cá , está cada dia mais difícil, eu não tenho mais psicológico para ir para jantares com eles dois, não tenho mais estômago para abafar os términos e as voltas, eu simplesmente estou com o psicológico destruído, isso não é culpa dele, é culpa minha que fui fraca demais em determinados momentos, que não cai fora quando deveria, mas se eu ficar aqui não vou conseguir seguir em frente, eu preciso de um tempo disso tudo, preciso me separar dele sabe, e aqui isso é impossível, porque nossos pais, são os mesmos, nossas irmãs são as mesmas, os nossos amigos sãos os mesmos, e estou sufocada, esmagada, não estou dizendo que vou ser feliz em Paris, mas tenho uma grande chance de me encontrar, e de amar mais a mim mesma, nunca vou deixar de amar o filho de vocês, acho que ele sempre vai ser meu primeiro amor, talvez o único, mas preciso abrir minha mente e meu coração para outras pessoas.

-Eu te entendo filha, eu falo com meu coração de mãe quando digo que ainda vão se acertar e ser muito felizes nessa vida, mas entendo que precisa disso, e vou te apoiar com certeza.

Olhei para o tio, ele se levantou e me puxou para um abraço apertado, acho que precisava mesmo disso, minhas lagrimas desceram quando ele falou no meu ouvido

-Vai minha filha, faz o que tem que fazer, e lembra que papai tá aqui viu, se precisar de qualquer coisa, ou só quiser colo, eu tô a uma ligação de distancia, chego correndo lá.

-Tava morrendo de medo de não me apoiarem, porque se vocês dois não me deixasse ir, eu não iria.

-Eu sei filha, mas agente te entende, e além disso tenho desculpa para levar minha mulher no pais do amor, e gastar o dinheiro do Bi, para ele deixar de ser moleque.

Dei risada e abracei ela, sentindo um peso sair dos meus ombros, agora é treinar a Dhio e o Fabinho para ficar no meu lugar, até ele arrumar outra pessoa.



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