E se Julie soubesse da existência do contrato de William e Fernando?
Mas do que isso, e se a forma de pagamento do empréstimo de William, isso é o casamento entre ela e Will fosse orquestrada por ela e não por seu irmão?
O que alguém é capaz de faze...
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_ Bom. –O patriarca de Julie volta a falar depois do nosso tempo em silêncio. _ Agora que já conversamos, imagino que queira ver sua namorada. Ou, devo dizer, esposa? –Pergunta em um sorriso zombeteiro.
Mas ele não poderia estar mais certo. Eu realmente quero ver Julie. Mais do que isso. Eu preciso vê-la e falar com ela, porque, tudo que mais desejo no momento é arrancar a tristeza e a decepção que vi em seu rosto na última vez que nos vimos.
_ O senhor imaginou certo. –Admito sem jeito e ele ri.
_ Tudo bem, pode subir para vê-la. Ela está no quarto. Acho que conhece o caminho, não é?
_ Sim, senhor. Eu conheço.
Estou prestes a me levantar e me retirar do seu escritório quando ele me chama.
_ Ah. E William? –Volto a me sentar e olho para ele. _ Não acha que está na hora de me chamar de sogro?
Dou um sorriso amarelo e assinto. Ele ri, mas rapidamente volta a ficar sério novamente.
_ Apesar de aceitar e respeitar a decisão de vocês, entendendo também, que a situação não permitiu um casamento tradicional, não era nesse cenário que eu gostaria de estar casando Julie. Eu a tenho como filha.
Meu coração se aperta. Tanto pela própria Julie, porque, imagino que ela também não se sente confortável em ter que recorrer a um contato para ter uma chance comigo. Quanto por Mark, porque sei que ele gostaria que ela tivesse um casamento como manda o figurino.
_ Eu sei. Eu entendo. –Respondo em um suspiro. _ Imagino que para Julie também não aconteceu do jeito que sonhou.
_ Imagino isso. Mas novamente, entendo o porquê vocês fizeram o que fizeram. –Fala e minha consciência acaba pesando por esconder a verdade sobre nossa união. _ Porém, acho que ela merece uma confraternização, nem que seja pequena, principalmente considerando o que irá passar mais adiante.
Meu coração pesa. O significado de suas palavras esconde algo parcialmente esquecido. A cirurgia de Julie. Penso no quanto deve estar tensa e praguejo internamente por provavelmente não ter facilitado seus últimos dias com meu comportamento insensível.
_ Tem razão. Tenho certeza que nem ela pensou nisso.
_ É compreensivo. Fale com ela e veja se vocês querem organizar algo íntimo.
Balanço a cabeça em concordância, volto a me levantar e giro os calcanhares, finalmente saindo do escritório e subindo as escadas.
Mas, de repente, já no corredor do andar de cima, eu travo. Não faço ideia do que vou dizer a Julie e nem como dizer, mas sei que preciso fazer isso.
Então me obrigo a andar até a porta do seu quarto, que está entreaberta. Ainda pela fresta, a vejo deitada em sua cama, de lado e de costas para a porta, o que significa que não vê minha aproximação.
