CAPÍTULO 09

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Lisa Ranet

Kety veio para a minha casa depois da aula. Assim que entrou, tirou o notebook de dentro da bolsa e se sentou na pequena mesa da cozinha. Estávamos com dificuldades em algumas matérias, então decidimos revisar juntas. Enquanto ela abria o notebook, eu fui até a geladeira.

— Sua mãe ainda está dormindo? — perguntou Kety, sem tirar os olhos da tela.

— Sim, ela dorme até às quatro da tarde. Quer suco? — respondi, pegando a jarra de suco de limão.

— Quero sim. E o trabalho, como vai? — Ela me lançou um olhar curioso enquanto eu entregava o copo.

Tomei um gole do meu suco antes de responder, sentindo o azedinho refrescante do limão descer pela garganta.

— Vai bem... mas ainda não assinei o contrato.

Kety parou de digitar por um momento, me olhando por cima do notebook.

— Por quê? — perguntou, franzindo a testa.

Sentei-me ao lado dela, abrindo o caderno da minha bolsa e folheando as páginas com as anotações da aula.

— Ele quer que eu esteja disponível a qualquer hora, e o salário é alto demais — suspirei, tentando afastar o incômodo que aquele contrato me causava.

Ela tomou um gole de suco antes de limpar a garganta.

— O que tem o horário?

— Ele não pode exigir disponibilidade total. Eu tenho a faculdade, minha família... — balbuciei, sentindo a frustração crescente.

Ela assentiu lentamente, pensativa.

— E o salário?

— Está alto demais para o tipo de trabalho.

— Alto como? — Ela arqueou as sobrancelhas, interessada.

— Dez a quinze mil... — murmurei.

Os olhos dela se arregalaram, e o copo quase escorregou de sua mão quando ela o colocou de volta na mesa.

— Dez a quinze mil? Isso é muito dinheiro! E o que você faz lá?

— Sirvo bebida... às vezes fico no bar — respondi, já sentindo o peso do olhar curioso dela.

— É muito dinheiro. Mas pelo menos pagaria sua dívida rápido — comentou Kety, parecendo analisar a situação.

Eu já tinha pensado nisso, claro. Mas uma cláusula específica no contrato me mantinha presa a ele de forma injusta.

— Não posso... no contrato diz que "as parcelas da dívida serão determinadas pelo Sr. Domenly" — falei, soltando um suspiro frustrado.

Kety arregalou os olhos de novo, e eu me senti engolida por aquela incerteza, como se nunca fosse me livrar daquela situação.

— Ele fez isso? — Ela parecia surpresa, mas eu apenas assenti.

— Fez. Queria pagar logo essa dívida e me livrar dele — respondi, olhando para o meu caderno, mas a imagem de Adrian não saía da minha mente.

Kety mexeu no notebook, e algo no brilho da tela chamou minha atenção. Me aproximei para ver uma foto dele e da noiva.

— É difícil não pensar nele — disse Kety, como se lesse meus pensamentos.

— Onde foi isso? — perguntei, apontando para a foto onde os dois apareciam ao lado dos irmãos dele.

— Jantar beneficente dos Len. Minha mãe comentou. É onde arrecadam dinheiro para caridade — explicou ela, tomando o último gole de suco.

OS MAFIOSOS - ADRIAN DOMENLYOnde histórias criam vida. Descubra agora