Lisa Ranet
Quando a porta do quarto foi aberta de novo, eu já estava deitada. Permaneci imóvel, mesmo sabendo que ele sabia que eu não estava dormindo. O som suave dos passos dele me encheu de ansiedade, mas continuei de olhos fechados. Não devia ter ido atrás dele, muito menos ter escutado a conversa dele com Collen. As palavras ecoavam na minha mente como um soco no estômago. Ele quer machucar meu irmão, ou pior... Mas o que mais me doeu foi ele dizendo que não existe essa coisa de paixão ou amor. Enquanto eu estou aqui lutando contra meus próprios sentimentos, tentando entender esse desejo avassalador que sinto por ele, ele reduz tudo a isso. Ele só quer transar comigo. Só isso.
Ele deitou na cama ao meu lado e apagou a luminária, deixando apenas a luz suave que vinha pela varanda iluminar o quarto. Meu coração estava acelerado, a mente inquieta. Eu estou muito ferrada. Não sei o que fazer. Cada vez mais, estou me afundando ao permanecer aqui, com ele. E o pior é que, por mais que eu saiba que isso vai me destruir, eu ainda o quero. Eu o desejo.
Não sei em que momento acabei dormindo, mas quando acordei, o sol já entrava pela janela, iluminando o quarto. Virei de lado e, como de costume, ele já não estava mais na cama. Fiquei deitada por algum tempo, sem coragem de enfrentá-lo, sem coragem de enfrentar a mim mesma. O som do meu celular vibrando me tirou daquele torpor. Era minha mãe.
— Oi, mãe — atendi, a voz ainda grogue.
— Bom dia, querida. Você volta amanhã para casa, né?
A voz dela estava carregada de uma saudade que me fez sentir um aperto no peito. Ela nunca foi do tipo que gosta de ficar longe de nós. Suspirei fundo, me sentando na cama.
— Sim, amanhã, mãe — respondi.
— Ainda bem. Estou morrendo de saudades de ver você pela casa.
— Também estou, mãe — murmurei, olhando ao redor do quarto. — Você tem uma visita com a corretora hoje, não é?
— Tenho, sim. Você não vai querer ir?
Eu adoraria ir com ela, mas hoje é meu último dia aqui, e ainda tenho que ir à faculdade à tarde.
— Não vou poder, mãe. Vi a casa pelas fotos.
— Está bem... Preciso ir à consulta agora.
— Tudo bem. Cuida-se, mãe.
Ela desligou, e o silêncio voltou a preencher o ambiente. Fiquei encarando o quarto, com aquele misto de saudade e alívio. Vou sentir falta da paz que essa casa oferece, mesmo que minha vida aqui tenha sido um caos. Levantei-me, tomei um banho rápido e desci. Já passava das nove, e a mesa do café da manhã já tinha sido retirada. Segui para a cozinha, onde encontrei Maria conversando com os outros empregados.
— Bom dia — cumprimentei. — Já tiraram a mesa?
— Bom dia, senhorita — Maria sorriu. — Sim, mas o senhor Domenly mandou preparar ovos com bacon para a senhora antes de sair.
— Ele mandou, foi? — resmunguei, exasperada. Ele realmente acha que as nossas brigas de ontem desapareceram da minha mente. Suspirei, cansada.
— Vou só tomar um suco. Onde está o Marco?
— Na sala de jogos.
— Ótimo. Leve o suco para lá, por favor.
Segui em direção à sala de jogos, e assim que entrei, encontrei Marco jogando videogame, seus olhos fixos na tela. Ele se virou brevemente ao me ver, erguendo uma sobrancelha.
— Achei que não ia acordar tão cedo — comentou com um sorriso de canto.
Aproximei-me e sentei no sofá ao lado dele. Apesar de tudo, acabei me acostumando à companhia de Marco e Collen.
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OS MAFIOSOS - ADRIAN DOMENLY
DragosteLisa Ranet vê sua vida virar de cabeça para baixo quando seu irmão contrai uma dívida com um mafioso. Ela tenta de todas as formas encontrar uma solução para pagar a dívida, mas sem sucesso. Sem outra saída, Lisa acaba fazendo um acordo com Adrian D...