OS MAFIOSOS - ADRIAN DOMENLY

ESPECIAL - PARTE 01

Lisa Domenly

A brisa do final da tarde acariciava minha pele, misturando-se com o vento salgado que vinha do mar, fazendo-me encolher levemente com o toque gelado. O horizonte se estendia à nossa frente, o som das ondas se quebrando suavemente contra o casco da lancha. Olhei para Adrian, que manobrava a embarcação com uma habilidade impressionante, seus músculos relaxados, mas atentos. Ele vestia uma calça social preta e uma camisa branca de botões, aberta o suficiente para revelar parte de seu peito, e o contraste entre sua pele bronzeada e o branco da roupa o deixava ainda mais irresistível. O vento bagunçava seus cabelos escuros, e seus óculos de sol refletiam o brilho dourado do céu.

Quando ele virou o rosto em minha direção, senti um frio na barriga. Seus olhos, escondidos atrás das lentes escuras, ainda assim me observavam de forma intensa. Eu mal podia acreditar que, algumas horas antes, tínhamos nos casado. Uma parte de mim se perguntava quem era mais louco: eu, por me casar com o chefe de uma organização criminosa, ou ele, por me escolher.

- Está bem, espertinha? - Sua voz profunda cortou o som das ondas, trazendo-me de volta à realidade. Ele parecia preocupado, ou talvez estivesse apenas se certificando de que eu estava segura. A proteção dele, por mais que às vezes me sufocasse, também me dava uma sensação estranha de conforto.

- Estou, sim - respondi, tentando disfarçar minha inquietação. - Só estou pensando.

Adrian ergueu uma sobrancelha, o movimento mal visível por trás dos óculos, mas o suficiente para me fazer entender que ele estava curioso.

- Pensando no quê?

Suspirei. Ele sempre queria saber tudo sobre mim, cada detalhe dos meus pensamentos, o que às vezes era demais. Mas, no fundo, eu adorava isso nele.

- Que realmente nos casamos - murmurei, ainda surpresa.

Ele abriu aquele sorriso curto, de canto, tão característico dele. Um sorriso que era perigoso e sexy ao mesmo tempo, fazendo meu corpo responder de maneira involuntária, uma onda de calor percorrendo minhas veias.

- Se arrependeu, meu amor? - Havia um tom de provocação na voz dele, mas também algo mais. Como se ele quisesse, de verdade, saber a resposta.

- Talvez... e se eu tiver? - retruquei, levantando o queixo em desafio. Ele passou a língua pelos lábios, e eu soube que ele diria algo que me faria estremecer.

- Talvez eu deva te mostrar uma boa forma de arrependimento - provocou, com um olhar predatório.

Era impossível não sorrir diante da provocação. Adrian adorava brincar comigo, e a verdade era que eu estava ansiosa para que ele cumprisse aquela ameaça. Meus olhos se voltaram para o mar, que estava calmo, refletindo o céu azul de forma tranquila, contrastando com a tempestade de emoções que se agitava dentro de mim.

- Chegamos - ele anunciou, fazendo-me virar na direção para onde ele olhava.

Uma ilha isolada surgia no horizonte, cercada por águas cristalinas. O sol já começava a descer, tingindo o céu com tons de laranja e rosa, e uma mansão imponente se erguia entre poucas árvores. Era como um cenário de sonho, ou de filme.

Adrian manobrou a lancha com facilidade até a costa, e, quando ela parou, ele desceu primeiro e estendeu a mão para mim. Aceitei, mas ao tentar sair do barco, desequilibrei-me. Seus braços fortes envolveram minha cintura, segurando-me com firmeza antes que eu caísse. O calor do corpo dele tão próximo ao meu enviou uma descarga elétrica através de mim, meu coração batendo rápido no peito.

- Ainda não acredito que você alugou uma ilha só pra gente - murmurei, enquanto olhava ao redor, impressionada com a beleza do lugar.

- Correção, espertinha, eu comprei a ilha. - A voz dele era cheia de orgulho, e eu me virei rapidamente, surpresa.