ESPECIAL - PARTE 02

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Adrian Domenly

O sol já atravessava as cortinas da janela, mas eu me mantinha de olhos fechados, ainda curtindo o calor suave do corpo dela sobre o meu. Minha espertinha. Ter me casado com essa mulher foi, sem dúvida, a melhor decisão que já tomei. Eu temia que ela me rejeitasse; e, merda, isso teria me deixado insano. Não sei se teria aceitado. Mas eu sabia que ela também me queria. E agora, vendo-a repousar sobre meu peito, sinto uma satisfação doentia, um prazer estranho em tê-la aqui, tão minha.

Ela se mexe suavemente e abre os olhos, sonolenta. Ela é linda, até ao acordar.

- Está acordado há quanto tempo? - murmura, a voz embriagada de sono.

- Estou em lua de mel, não posso me dar ao luxo de dormir - respondi, lançando-lhe um sorriso provocador, e ela apenas revira os olhos.

- Não antes de um café!

Ela se levanta da cama, completamente nua, e vai em direção ao banheiro. A visão dela desaparecendo pela porta me deixa tentado a segui-la, mas eu ainda tenho algumas ligações para fazer. Estou em lua de mel, mas ainda sou o chefe. Com o Collen no comando temporariamente, tenho que manter um olho nas coisas. Collen é impulsivo demais.

Levanto-me, vestindo apenas uma calça de moletom, e sigo para a cozinha com o celular em mãos. Procuro o contato de Vincent, o conselheiro, que está supervisionando enquanto Collen comanda.

- Você devia estar aproveitando a lua de mel, Adrian - atendeu Vincent, direto.

- E quem disse que não estou? - ri, encostando-me ao balcão da cozinha - Só não posso desligar do mundo.

- Tudo está calmo por aqui. Sem incidentes, sem surpresas. As cargas estão seguras, tudo fluindo como deve.

Soltei um suspiro de alívio. Queria aproveitar minha lua de mel sem essa carga de preocupação constante. Liguei a cafeteira e preparei uma xícara.

- E o Collen? E o Marco?

- Collen está se saindo melhor do que imaginei. De vez em quando, ele persegue alguém que está devendo... e, bem, você sabe, ele não perde a oportunidade de uma tortura - Vincent riu baixo. Collen é um sádico nato - Já o Marco anda mais focado nas corridas.

Ouvir isso me tranquiliza. Marco já se afastou dos cassinos, e ao menos as corridas são um vício mais... gerenciável. Só espero que ele não se meta em nenhuma loucura.

- E o Diogo?

- Acho que ele vai sumir por um tempo agora, Adrian.

- Um desgraçado como ele não some sem deixar rastro. Fica de olho. Ele deve estar planejando alguma merda.

- Não acredito que é o Adrian - ouvi a voz de Collen ao fundo, sarcástica - Diz que ele não enjoou da lua de mel.

- Está no viva-voz - avisou Vincent.

- Enjoar da minha espertinha? Nem em mil anos - falei, com um toque possessivo na voz.

- Então vai aproveitar - ele riu, com aquela animação de quem se diverte demais com tudo isso - Deixa que tá tudo sob controle aqui.

- É exatamente isso que me preocupa - ri também. - Mas tudo bem, vou desligar.

Sem esperar resposta, encerrei a chamada. Peguei minha xícara de café e fui até a janela de vidro da sala, que dava uma vista impressionante para o mar. Uma cena que, tenho certeza, minha Lisa amaria.

De repente, sinto os braços dela deslizando pela minha cintura, o queixo apoiado nas minhas costas. O cheiro dela me invade, suave e intenso, um vício que me consome.

OS MAFIOSOS - ADRIAN DOMENLYOnde histórias criam vida. Descubra agora