CAPÍTULO 05

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Lisa Ranet

Acordei com o som irritante do despertador no criado-mudo. O quarto ainda estava mergulhado em penumbra, e o silêncio pesado parecia gritar os problemas que preferi não enfrentar ontem. Tomei banho assim que cheguei em casa, mas evitei contar à minha mãe e ao Daniel sobre o desastre em que me meti. Disse a eles que precisava dormir, um adiamento temporário da verdade. Ver o medo nos olhos deles era preferível a confessar a realidade—melhor isso do que matar o Daniel, claro. Contudo, o olhar do Adrian e a forma fria com que ele matou aquele homem era um aviso claro e direto.

Não posso negar, ele é muito mais atraente do que imaginei. Isso apenas tornava tudo ainda mais confuso.

Me levantei, joguei a coberta de lado e, assim que saí do quarto, vi minha mãe sentada no sofá, conversando com Daniel. Ele parecia ainda mais machucado do que ontem, com os ferimentos dele pulsando sob a luz da manhã. Minha mãe se levantou e veio até mim com passos rápidos, preocupação desenhada em cada linha de seu rosto.

— Querida, precisamos saber o que ele falou.

Eu suspirei, tentando adiar o inevitável.

— Podemos comer antes?

O silêncio que se seguiu foi opressor, mas caminhei até a cozinha, fiz café e preparei torradas para todos nós. Levei uma xícara para minha mãe e outra para Daniel, antes de pegar a minha e me sentar em uma poltrona, de frente para eles. O olhar de expectativa no rosto deles apenas aumentava minha ansiedade.

— Você realmente conseguiu conversar com ele? — Daniel perguntou, cético, enquanto sua testa se franzia em incredulidade. Era difícil acreditar que eu havia falado com o chefe da máfia mais perigosa do país. Eu mesma tinha dificuldade em processar aquilo. Não foi bem uma conversa... Foi uma negociação com o diabo.

Assenti, balançando a cabeça em confirmação, e o rosto de Daniel ficou ainda mais sombrio.

— Puta merda.

— Querida, por favor, conte o que aconteceu — minha mãe implorou, a voz trêmula. Ela parecia um fantasma, pálida e tentando controlar a respiração.

Tomei um gole do café, respirando fundo antes de começar a falar. Escolhi minhas palavras com cuidado, sabendo que cada detalhe poderia deixá-los ainda mais apavorados.

— Eu pedi para ele não matar o Daniel. Prometi que pagaríamos a dívida.

— E ele aceitou? — Daniel ergueu as sobrancelhas, o rosto inchado pelas feridas, claramente confuso.

— Bom, acho que sim.

— Como assim, "acha"? — Desta vez, foi minha mãe quem perguntou, a voz quase desesperada. Ela mal conseguia respirar de tão tensa.

Soltei o ar devagar, sabendo que essa parte seria difícil de engolir.

— Eu me ofereci para trabalhar para ele.

O impacto dessas palavras foi imediato. Daniel afundou no sofá, soltando um longo rosário de palavrões. Minha mãe começou a chorar, as lágrimas caindo silenciosas enquanto ela pressionava as mãos sobre a boca, tentando abafar o som.

— Droga, Lisa! Como você pôde fazer isso?

O tom de Daniel era uma mistura de frustração e pavor, e sua fúria me irritou profundamente. Como ele podia me julgar, sendo o causador de tudo isso?

— O que você queria que eu fizesse? — minha voz saiu carregada de raiva.

— Você não entende, né? Você tem ideia do que a máfia faz com as mulheres que trabalham para eles?

OS MAFIOSOS - ADRIAN DOMENLYOnde histórias criam vida. Descubra agora