Lisa Ranet
Mesmo que eu tentasse negar, já estou envolvida demais nos negócios da máfia, mais do que eu desejava. O que me atormenta é que eu queria que eles pegassem o homem, não quero mais imaginar crianças sendo sequestradas. Eu queria que ele pagasse pelo que fez, queria que ele entregasse quem estava por trás disso. Adrian também não parecia nada satisfeito com a situação.
— Lisa? — Kety me chamou, tirando-me de meus pensamentos. Hoje é um daqueles dias em que não consigo me concentrar em nada.
— Oi? Desculpa. — Passei a mão no rosto. — Não estou conseguindo prestar atenção.
Estamos na biblioteca da faculdade, tentando colocar a matéria em dia. Olhei ao redor para garantir que ninguém estava prestando atenção em nós. Apenas pessoas imersas em suas próprias rotinas.
— O que aconteceu? — Kety perguntou, preocupada.
— O homem que o Adrian torturou... — Me aproximei dela e falei em sussurros. — Ele havia sequestrado crianças. Ele tinha um comparsa que morreu, porque alguém o matou.
Kety se afastou um pouco, olhando-me com uma sobrancelha levantada.
— E quem teria matado ele?
Era isso que eu me perguntava, mas não chegava a lugar nenhum. Mafiosos têm muitos inimigos, e Adrian parece ter uma infinidade deles.
— Adrian não me disse. Também não há razão para ele me dizer.
Kety balançou a cabeça lentamente, como se concordasse.
— O que as meninas estão conversando?
Me virei para ver Antony, que estava bem perto de mim. Voltamos há três dias e ainda não me acostumei com ele tão perto.
— Ah, nada de importante.
Ele me deu um beijo na bochecha e se sentou ao meu lado.
— E por que você está com essa cara? — Antony perguntou, com uma sobrancelha levantada e olhando para Kety.
— Nada de importante, é só sobre a máfia. — Chutei Kety por baixo da mesa, fazendo-a fazer uma careta. Não quero Antony envolvido nisso. Antony se aproximou e falou baixo. — A máfia desse país?
— Sim, estávamos falando sobre alguns eventos que aconteceram. — Respondi.
— Ah, as mortes? — Antony parecia bastante familiarizado com os eventos, o que me fez questionar o que ele fazia nas horas vagas. — Parece que mataram bastante esses dias.
— Mas por quê?
Eu sei que Adrian é cruel e não perdoa. Ele mesmo já mencionou isso várias vezes.
— Não sei, ouvi falar de traidores envolvidos com a máfia rival.
Parei para pensar se já tinha ouvido algo sobre isso, mas nada veio à mente. Adrian guarda os segredos da máfia com muito cuidado. O que me surpreende é que Antony saiba tanto.
— E quem são os rivais dele?
— Os Coltrepes.
Coltrepes? Quem são eles? Acho que já ouvi esse nome em algum lugar.
— Domenly vs. Coltrepes. — Antony concluiu. Ele sabe muito sobre a máfia.
— E por que são inimigos? — Perguntou Kety.
Antony deu de ombros antes de responder.
— Não sei ao certo.
— Como você sabe de tudo isso? — Perguntei, intrigada com o conhecimento dele sobre a máfia.
— No bar, os caras falam, meu bem.
Balancei a cabeça em sinal de entendimento. Lembro que, quando trabalhava na lanchonete, ouvia alguns rumores.
— Bom, preciso ir. Nos vemos mais tarde?
Antony se levantou. Balancei a cabeça em sinal de concordância, e ele saiu, me deixando sozinha com Kety.
— Não acredito que você voltou com ele. — Kety comentou assim que ele se afastou. Quando contei a ela, ela quase não acreditou. Nem eu teria acreditado, mas um pouco de álcool e um mafioso maldito fazem milagres.
— Ainda estou me acostumando com isso também. — Respondi. Estar com Antony não é ruim; ele é um amigo com quem converso e que me ajuda a esquecer as coisas. Mas não sinto mais aquela química.
§
Cheguei em casa, estou de folga hoje, e Antony vem ficar um pouco comigo. Espero que ele não pense que vamos ter algo mais. Realmente, não estou pronta para dar esse passo com ele; é complicado para mim.
— Lisa? — Minha mãe me chamou da cozinha, onde ela estava mexendo em uma panela.
— Oi, mãe? — Fui em direção à cozinha e senti um cheiro delicioso de carne. — Que cheiro bom.
Minha mãe sorriu e pegou uma colher com molho para que eu provasse.
— Veja se está bom de sal.
Assoprei o molho antes de provar. Estava perfeito.
— Parece ótimo.
— Que bom. Estava pensando se precisava de mais sal. — Ela colocou a colher na pia e se virou para mim. — Estou fazendo carne de cordeiro, já que o Antony vem comer com a gente.
Minha mãe aceitou bem o fato de eu ter voltado com Antony, e parecia até feliz. Acho que ela tem medo de que eu me envolva com Adrian.
— Cordeiro, hein? — Comentou. Há um tempo que não comemos cordeiro, já que é bastante caro.
— Depois que você começou a trabalhar para eles, temos dinheiro suficiente para comprar e viver bem.
— Acha que é suficiente para a senhora parar de trabalhar?
Não gosto que ela trabalhe tanto. Ela se esforça muito no trabalho. Ela deu um sorriso triste.
— Acho que seria sim, mas não quero deixar de trabalhar. E não quero que você trabalhe para ele para sempre.
Como explicar a ela que este país é dele e, se ele decidir que vou trabalhar para ele para sempre, assim será? Ou você faz a vontade dele ou ele toma o que deseja à força.
— Tá, mas podemos pensar em mudar, será?
Ela se sentou à mesa e olhou ao redor da casa.
— Estava pensando nisso. Podemos ir para uma casa um pouco maior.
Quando ela falou, parecia um pouco triste. Esta casa sempre foi nosso cantinho. Crescemos aqui, e foi aqui que nosso pai nos deixou.
— Quer um quarto só para você, não é?
Ela sorriu de forma divertida. Não me incomodo em dividir o quarto com ela, só quero proporcionar mais conforto.
— Digamos que sim.
— Tenho certeza de que o Daniel vai adorar a ideia.
— Pode ter certeza.
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OS MAFIOSOS - ADRIAN DOMENLY
RomanceLisa Ranet vê sua vida virar de cabeça para baixo quando seu irmão contrai uma dívida com um mafioso. Ela tenta de todas as formas encontrar uma solução para pagar a dívida, mas sem sucesso. Sem outra saída, Lisa acaba fazendo um acordo com Adrian D...