CAPÍTULO 14

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Lisa Ranet

Assim que Kety abriu a porta, a abracei apertado. Ela se tornou minha melhor amiga, especialmente depois que a Sasha começou a namorar meu irmão, e quase não nos vemos mais.

— É um daqueles episódios que precisamos de vinho? — perguntei, tentando sorrir.

Kety me olhou com um sorriso compreensivo, mas suas sobrancelhas se arqueavam, preocupada com minha expressão.

— Pela sua cara, acho que é whisky — respondeu, dirigindo-se ao mini bar da casa dela. Ela serviu dois copos e me entregou um, enquanto se acomodava ao meu lado no sofá.

— Pode começar a falar — disse Kety, tomando um gole do seu whisky.

— Acho que matei alguém — soltei, com a voz trêmula.

Kety se engasgou com o whisky e me olhou com olhos arregalados, chocada.

— Bem, eu não matei exatamente, mas ajudei — tentei explicar, embora minha mente estivesse confusa e turva.

Ela colocou o copo de whisky na mesa de centro e se ajeitou para me ouvir, os olhos fixos em mim.

— O Adrian me chamou para um trabalho e, chegando lá... — Respirei fundo, tentando encontrar as palavras — Não foi o que eu pensei. Eu tinha que manter um homem vivo enquanto eles o torturavam.

Kety levantou uma das sobrancelhas, não parecendo tão chocada quanto eu esperava.

— Você fez isso?

— No começo, eu me recusei — continuei, lembrando da conversa com Flex — Mas, quando descobri que ele sequestrava crianças, eu ajudei.

Kety pegou o copo de whisky na mesa e bebeu de uma vez, como se estivesse tentando processar a informação.

— E não foi só isso — adicionei, com uma expressão constrangida — Dormi com o Adrian.

— O QUÊ? — Kety exclamou, a voz alta demais, quase estourando nos meus ouvidos. Seus olhos pareciam prestes a saltar do rosto.

— Kety, calma, a gente só dormiu na mesma cama. Não fizemos nada além disso — tentei acalmá-la.

Ela ainda parecia espantada, mas o choque estava diminuindo.

— Mas como isso aconteceu?

— Meio que só tinha a cama dele, o chão ou uma cadeira de ferro — expliquei, com um tom de frustração.

Kety parecia estar lutando para acreditar, mas era a verdade. Tentei desviar meu olhar, sentindo-me desconfortável.

— E você escolheu a cama dele?

— Eu também não queria, mas não tinha escolha — respondi.

Faltava contar a parte do banheiro, e eu não sabia por onde começar. Respirei fundo e falei, com a cabeça baixa.

— Eu meio que entrei no banheiro enquanto ele tomava banho e o vi nu.

Levantei a cabeça e olhei para Kety. Seus olhos estavam arregalados e a expressão dela era um misto de surpresa e curiosidade.

— Você viu ele pelado? — ela perguntou, ainda incrédula.

— Sim — confirmei, sentindo meu rosto aquecer. — Não foi nada planejado. Eu só… entrei no banheiro sem querer.

Kety parecia empolgada, embora eu estivesse completamente envergonhada.

— Você não vai dizer como ele é? — ela perguntou, com um sorriso travesso.

OS MAFIOSOS - ADRIAN DOMENLYOnde histórias criam vida. Descubra agora