A seleção

422 43 1
                                    

Se fizesse bastante esforço poderia entender por que Sirius gostava deles.

Remus, que não parecia ter feito o menor esforço para ser gentil e ironicamente Regulus apreciou isso, falava animadamente sobre quimeras e as singularidades de cada uma.

Sirius parecia engolir cada palavra que era dita, o restante, porém, não estavam muito ansiosos.

James era estupidamente ansioso demais, sempre estalando os dedos ou batendo os pés na beira do banco, quanto a Peter, Regulus percebeu que não havia muito do que reclamar.

Era como se ele nem estivesse ali na maioria das vezes, a exceção de quando tentava chamar a atenção de James.

Regulus estava parado na antessala, suas mãos jaziam nervosas ao lado do corpo, ele as apertava em torno da varinha. Sua mente ágil pensava em todos os feitiços que conhecia e os que poderia causar maiores impactos. Seu irmão se recusara a falar o que ele precisaria enfrentar para ser selecionado e todos os quadros de casa praticamente mencionaram coisas como duelos e mortes perigosas, talvez fosse assim que aquele tal de Remus havia conseguido a cicatriz em seu pescoço que tentava esconder.

Ele recuou dois passos quando a pesada porta de mármore foi aberta, dando passagem a uma mulher alta, esguia e de expressão severa, seus lábios estavam comprimidos de tal forma que pareciam não existir.

Acidentalmente ele esbarrou em um garoto de cabelos loiros e muitas sardas em seu rosto pálido, que lutava para tentar ajeitar a barra da camisa.

— Desculpa — ele sussurrou sem realmente o olhar.

— Tudo bem — recebeu em igual tom.

A mulher, veio a descobrir pouco depois, era Minerva McGonnagal, professora de transfiguração e responsável por arrumar a seleção dos alunos em cada casa.

Ela os instruiu a fazer uma fila indiana do menor para o maior — Regulus acabou ficando na frente, talvez houvesse uma ou duas pessoas antes dele — e então entrar no grande salão e aguardar que seu nome fosse chamado para experimentar o chapéu seletor.

Regulus se reprimiu mentalmente por ter ficado tão ansioso por algo tão estúpido.

Inconscientemente ele procurou Sirius com o olhar e não foi surpresa alguma, quando o encontrou à mesa da grifinória, descobrir que ele estava cercado dos mesmos garotos.

Seus olhos brilhavam de felicidade o encorajando a seguir em frente, enquanto um sorriso idiota emoldurava seu rosto, Regulus revirou os olhos, reprimindo o sorriso que insistia em querer sair e se adiantou até o banquinho quando seu nome foi chamado.

Suas pernas balançaram nervosamente em direção ao chão quando se sentou.

Sua visão foi tampada pelo chapéu antigo, um leve cheiro de mofo invadindo suas narinas. Ele tentou não se desesperar.

"Muito bem, o que temos aqui se não outro Black", o chapéu sussurrou em seu ouvido, ele tentou não esboçar reações.

"Já selecionei muitos de sua família antes, a maioria da sonserina, devo dizer, bruxos excepcionais, eu pude ver.

Vejo também o que há em você, mais do que poderia esconder.

Lealdade, confiança, inteligência... se daria bem na corvinal", Regulus torceu as mãos inquieto.

Não queria ser uma decepção para sua família também, mas esperava que se fosse, pelo menos estaria junto a Sirius.

"Vejo também ambição, sede por poder, muito bem, acho que já me decidi... SONSERINA!", ele escutou o chapéu gritar para todo salão.

Ele procurou ansiosamente os olhos do irmão, quando o chapéu foi retirado de sua cabeça.

Sirius estava triste, na verdade, pelos anos de convivência, Regulus poderia dizer com toda certeza, ele estava decepcionado.

Não lhe parecia possível que Sirius pudesse se sentir assim em relação a ele.

O olhar demorou menos de um minuto, segundos na verdade, antes de James o cutucar e ele voltar ao normal, porém o suficiente para que Regulus sentisse seus olhos ardendo e ele precisasse se obrigar a ser forte e caminhas até a mesa que o aclamava.

Ele acabou se sentando ao lado do garoto pálido que trombara mais cedo, este lhe ofereceu um sorriso confiante e alegre, antes de estender a mão, a qual, Regulus novamente, ignorou.

— Sou Crouch — ele falou por fim, desistindo do aperto. Regulus achou sua confiança e persistência incomoda, na mesma proporção que admirável — Bartolomeu Crouch, mas pode me chamar apenas de Bartô, ou Barty — ele tagarelava sem parar, em uma voz entusiástica, sobre o quanto estava feliz de ter sido selecionado para sonserina e de como era bom finalmente estar em Hogwarts.

Em parte, Regulus compartilhava dessa felicidade, ele estava feliz por estar na sonserina e havia gostado mais ainda de Hogwarts, mas algo dentro dele queimava sempre que recordava do olhar de Sirius.

Ele não se atreveu a procurar seu olhar novamente.

Na verdade, ele parecia bem mais interessado nas ervilhas em seu prato e para sua grande surpresa, também estava conversando com Barty, bom, conversar era eufemismo, ele vez ou outra pontuava algo que lhe era perguntado diretamente, mas ainda assim, prestava atenção em tudo que era dito. 

My Pur StarOnde histórias criam vida. Descubra agora