Irmãos

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10/10/1972


Regulus encarava seu irmão sem saber o que dizer, seu olhar era preocupado e cauteloso, mesmo que odiasse fazer isso, ele penetrou as barreiras fracas de sua mente e descobriu o que ele estava pensando, ou pelo menos a essência do pensamento, se retirando de lá o mais breve possível se odiando pelo que havia feito.

— Não foi sua culpa — Ele se limitou a dizer tentando soar gentil.

Seu corpo parecia estranho, era como se estivesse olhando a situação do lado de fora, ele podia ver o que estava fazendo, sabia o que estava fazendo, mas ao mesmo tempo, era como se não fosse ele quem estivesse fazendo e mesmo que fosse estranho, ainda era surpreendentemente bom. Não havia mais dor de qualquer forma, não havia mais nada...

Estresse, preocupação, tremores, insônia, pesadelos, medos, ele sentia como se tudo isso tivesse sumido, como se tudo fosse... inexistente e apreciou tal coisa.

Ele tentou passar essa tranquilidade para Sirius enquanto conversavam, o abraçando quando ele começou a chorar pedindo desculpas, tentou sorrir e conseguiu, isso pareceu tranquilizá-lo um pouco.

Eventualmente a mulher, a quem Sirius informou se chamar Madame Pomfrey, retornou ao quarto "expulsando" seu irmão do mesmo, que prometeu voltar na manhã seguinte. Regulus não havia reparado que havia se passado tanto tempo, mas pelo céu, diria que era quase hora da janta e estranho sua falta de fome, uma vez que não havia comido nada o dia inteiro e sequer estava com vontade de comer, mas tentou não pensar sobre isso enquanto ela lançava outro diagnóstico sobre ele, as luzes verdes tremeluzindo diante dos seus olhos, se misturando com o amarelo, por uma fração de segundo sua visão desfocou e ele achou ter visto os olhos de Potter naquelas luzes. Ele balançou a cabeça para expulsar aqueles pensamentos, vendo Pomfrey trazer uma bandeja de comida, acompanhada de uma sobremesa, que para sua felicidade era sua amada torta de caramelo, junto de um pequeno frasco com uma poção beje que ele não reconheceu.

— Pedi para que trouxessem sua janta para cá e seus amigos recomendaram um pedaço dessa torta também — Ela sorriu depositando a bandeja em suas pernas, com ajuda de sua varinha — E trouxe também outra dose de poção da paz, caso ainda esteja com dor, beba-a depois que comer querido.

— Por favor, não me chame assim — Regulus pediu levando uma colher de purê à boca. Ele descobriu que realmente não estava com fome, mas se obrigou a engolir.

Pomfrey o olhou contente, acenando com a cabeça antes de se retirar para dá-lo privacidade.

Ele conseguiu comer mais três colheres antes de passar para a torta, ele percebeu que não é que não estivesse com fome, mas que não estava conseguindo comer. Com a torta, ele já teve resultados melhores, quase conseguiu terminá-la antes de sentir uma vontade enorme de vomitar. Depois de tanto tempo sem sentir algo, ele odiou essa sensação. Ele a largou de lado.

Já deveria passar da dez da noite, mas Regulus não conseguia dormir, tudo era silencioso demais, um vácuo absurdo na enfermaria, como se o som fosse proibido de passar pela porta. Isso era bom, era tão raro que ele pudesse ter um tempo apenas para seus pensamentos, ele suspeitava que grande parte, se não tudo dessa sensação fosse por causa da poção.

Ele leu e releu os prontuários médicos, conseguindo identificar parte das anotações. As restrições alimentícias, incluindo sua alergia com peixe, as doses de poções que tomou e grande parte dos feitiços que ela havia usado em si. As anotações diagnósticas ainda eram confusas, mas ele as leu de qualquer forma.

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