A noite não demorou a chegar, um frio incessante borbulhava no topo da barriga de Regulus enquanto ele aguardava no corredor central, antes das escadas que davam até às masmorras. Ele tentava não parecer ansioso enquanto girava sua varinha entre os dedos, mas a ideia de ser descoberto por Filch, ou ainda pior, que James acabasse trazendo Sirius, mesmo contra sua vontade, ainda o incomodava.
Sua respiração estava pesada quando o relógio bateu, indicando sete horas da noite, sua varinha parando de se mover entre seus dedos, enquanto ele se permitia passar os mesmos entre os cabelos. "Atrasado", ele pensou enquanto suspirava fundo, o ar ficando preso em sua garganta enquanto James surgia à sua frente, um fino véu prateado caindo no chão revelava sua imagem.
— Boa noite, Regulus — Ele sorriu, aquele sorriso único que apenas James Potter parecia possuir. Aquele que ilumina seu rosto tal como o sol e faz suas bochechas subirem até revelarem covinhas fundas e delicadas.
Seu cabelo estava bagunçado, como sempre. James costumava gostar de fazer isso para chamar atenção. "Como se deixar seu cabelo parecendo um ninho de ratos, fosse atraente", Regulus pensou antes mesmo de sua mente registrar o fato de que ele havia surgido do "nada" em sua frente. Ele nunca se acostumaria com essa sensação.
— Está atrasado, Potter — Ele se permitiu soltar o ar, guardando a varinha nas mangas de suas vestes.
— James — O outro o corrigiu — Não seja cruel e mantenha nosso acordo.
Era possível notar o tom de zombaria em sua voz, quase como se incitasse a retrucar. Era tão vívido, tão palpável, que nem mesmo Regulus Black pôde resistir.
— Não aguenta um pouco de dor, James? — A ironia dançava em sua língua, já tão acostumada ao ambiente que se tornava normal.
— Mais do que você — Ele retrucou sem ao menos pensar, se abaixando para recolher sua capa do chão, a encolhendo até que fosse possível guardá-la em seu bolso.
"Definitivamente não", Regulus se permitiu pensar.
Ele ainda podia sentir a marca em seu corpo, em dias mais frios, a dor leve percorrendo seu dorso, contaminando seus ossos, retraindo e puxando. Toujours Pur... Ele nunca seria capaz de se esquecer dessas palavras.
— Onde estão as bebidas? — Regulus arqueou a sobrancelha, olhando ao redor, na expectativa de que a capa as tivesse escondido.
James sorriu, amplo, quase como se estive rindo de uma piada que contaram para ele. Por um segundo Regulus se perguntou porque estava se sujeitando a isso, antes de se lembrar. Sirius, sempre era Sirius.
— Bom, eu vou precisar de ajuda para levá-las.
Ele poderia ter rebatido dizendo que da última vez James não pareceu ter tido dificuldade em levar as garrafas de cerveja amanteigadas sozinho para a torre da grifinória, que fica bem mais longe que as masmorras da sonserina, mas ele não fez. Impressionando até mesmo a si próprio, ele apenas assentiu em concordância.
— É melhor irmos — Ele pigarreou, seguindo em direção à saída principal, antes de James o segurar, o toque repentino o fazendo se encolher.
— Eu conheço uma passagem — James sussurrou, o soltando imediatamente.
Regulus deixou que James fosse na frente, seus olhos e ouvidos sempre atentos a qualquer movimentação diferente da deles.
Eles pararam atrás de uma estátua de uma bruxa corcunda, onde, James, de alguma forma que Regulus não conseguiu registrar, fez com que suas costas se abrissem em uma passagem escura e estreita. Ele sorriu levemente antes de se jogar para dentro da passagem.
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My Pur Star
FanfictionRegulus Arcturus Black sempre foi um bruxo excepcional. Ele ainda podia se lembrar perfeitamente do orgulho estampado nos olhos de seu pai quando despertou sua magia, quando foi declarado o Black mais novo ao fazer tal coisa. Mesmo agora, anos depoi...