Regulus voltou ao chão antes mesmo que seu corpo tivesse tempo para processar o que estava fazendo, sua cabeça borbulhando com a recente traição, não apenas por parte de sua prima, como também por parte de seu próprio irmão.
A cada dia se torna cada vez mais claro que o pacto que possuíam antes agora já não é mais tão importante. Deveriam ser os dois contra o mundo, mas agora, ele sente como se tivesse sido abandonado debaixo de uma tempestade e Regulus não gostou nem um pouco dessa situação.
Ele poderia agir como sua família esperaria que ele agisse, obviamente, mas ele não é tolo o suficiente para acreditar que eles não ao menos suspeitassem do que estava acontecendo à Andrômeda e é ainda menos tolo para crer que poderia vencer Sirius em uma luta justa, então ele fez o que todos os sonserinos, pelo menos nos estereótipos hostis da escola, são conhecidos por fazer. Ele decidiu jogar sujo.
Se Sirius possui outras prioridades, se ele pode abandoná-lo e trocá-lo por grifindos e pessoas que não entendem a importância da tradição, então ele poderia ser pior e roubar essas pessoas dele, fazê-lo perceber que ou está com ele ou contra ele.
Ele começaria com o que é mais importante e com o que ironicamente já está sempre atrás dele, James Potter, seu melhor amigo, James Potter, seu novo irmão.
Regulus não se importava com se isso seria cruel, ou com se isso machucaria Sirius, porque Sirius o esteve machucando desde o momento em que pisou nessa escola, então agora ele retribuiria o favor e não pararia até que ele estivesse de joelhos a seus pés, mas até mesmo Regulus sabe, mesmo por baixo de sua raiva, que isso nunca acontecerá, porque um Black não se ajoelha para ninguém, nem mesmo para os seus.
Um Black não demonstra fraqueza, porque fraquezas são armas a serem usadas e até mesmo Sirius, que odeia tanto sua família, aprendeu uma coisa ou duas com ela.
— Reggie, você está bem? — Potter tornou a repetir, sua voz mais preocupada do que estava antes, sua postura mais vulnerável do que normalmente estaria, como se estivesse tentando acalmar um gatinho assustado, algo que Regulus poderia ter achado minimamente fofo se não estivesse tão terrivelmente irritado — Ele deve ter planejado te contar em algum momento, mas não teve chance
Enquanto Potter continuava a divagar, muito embora Regulus não prestasse atenção, seu cabelo se tornava cada vez mais bagunçado, a cada puxão, ou passada de mão nervosa, como se ele realmente se importasse com o que Regulus pensa ou sente e isso confundia o menor.
— Potter — Regulus o interrompe — O que fará mais tarde?
O moreno parou por alguns segundos, surpreso com a pergunta repentina, inclinando a cabeça para o lado como se tentasse ver através de alguma pegadinha que não existia, antes de finalmente responder.
— O que acha de contrabandear algumas bebidas?
Aos olhos do maior parecia uma ideia tentadora, embora não soubesse onde o outro poderia querer chegar com isso, enquanto aos olhos do Black essa era a ideia perfeita para atrair Potter até as masmorras.Ele sabe que será praticamente lixado por convidar um grifindo para lá, mas o prazer de ver a expressão de seu irmão pela manhã poderia anuviar esse sentimento e além do mais, Evan poderia se divertir tentando arrancar alguma informação de quadribol dele e Barty sempre se enturma rápido, de qualquer forma.
— Por que isso, de repente?
— Só achei que seria uma boa ideia dar uma festa, não acha? — Regulus deu de ombros como se não fosse nada de mais
— Talvez — Potter respondeu inseguro, seus olhos se espreitando
— Bom, eu tenho o lugar e você tem as bebidas, me parece o cenário perfeito — Ele sorri, mesmo que falsamente, observando o rosto do outro adquirir uma coloração engraçada, como se não soubesse que ele poderia sorrir. Talvez pensasse que seu rosto se partiria se ele fizesse isso.
— Certo — Potter acabou cedendo — Eu vou conversar com os marotos e...
— Não, apenas você foi convidado — Regulus interrompeu erguendo a mão, se emendando antes que Potter pudesse falar algo — É pegar ou largar, Potter.
— Tudo bem, eu aceito com uma condição.
O grifindo considerou a ideia por alguns segundos antes de responder, percebendo que essa era a oportunidade que esperava para se aproximar de Regulus, mesmo que repentina.
— Que seria?
— Pare de me chamar de Potter
— Prefere imbecil?
— James, só me chame de James. Não é tão difícil assim.
— Não sei não, desmiolado parece melhor.
— É pegar ou largar — Potter imitou o tom que o menor usara antes, vendo-o franzi os lábios
— Tudo bem...James — O som saiu abafado, como se fosse errado, mas ainda estava ali, um sinal de intimidade que não deveria existir, mas que precisava existir. — Satisfeito?
— Muito — Potter sorriu, radiante como sempre, como se seu rosto carregasse a porra do sol acima de suas cabeças — Te encontro no primeiro corredor das masmorras às oito em ponto.
— Não se atrase — Regulus murmurou se virando para ir embora
— Não irei, Regulus — Pela primeira vez foi como se seu nome sendo pronunciado, mesmo que pela boca de Potter...James, pudesse lhe enviar um arrepio pela coluna que ele não sabia como interpretar, então ele apenas ignorou.
Durante o restante do dia, a sensação de algo queimando em sua garganta, implorando para ser dito, permaneceu, o incomodando mesmo quando estava comendo, embora, de longe, pudesse ver a expressão de confusão vindo do grupo na mesma da Grifinória e rostos ainda mais confusos ao seu lado quando anunciou que faria uma festa em seu quarto no dormitório.
Depois do pequeno momento de surpresa, Barty se apressou para convidar Pandora, que pareceu tão genuinamente chocada quanto o resto, mas não tardou em aceitar, perguntando se poderia levar uma amiga junto, o que lhe foi permitido, fazendo a loira sorrir abertamente antes de voltar a comer.
Evan não perdeu tempo antes de começar a imitar Barty conversando com Pandora, insinuando uma profunda paixão vinda do menor, o que fez Regulus começar a refletir. Ele nunca foi uma pessoa que deu muita importância para o amor, talvez por não o conhecer bem, mas a perspectiva de ter um amigo apaixonado era interessante, certamente.
Durante o pequeno intervalo pela tarde, ele tentou adiantar ao máximo seus deveres, deixando por último apenas o trabalho de Minerva, uma redação de dois pergaminhos sobre a complexidade na transfiguração de seres invertebrados em objetos inanimados.
Evan passou esse tempo jogando aviões de papel encantados na cabeça de Barty que se esforçava ao máximo para ignorar e terminar seu dever, antes que perdesse a calma e incendiasse o pequeno objeto diante dos olhos do dono, que achou esse um momento pertinente para fazer drama, se jogando nos braços de Regulus, o fazendo manchar seu trabalho, e discursando sobre quanto o mundo é injusto e aquele pequeno objeto merecia ter mais tempo de vida.
— Meu Merlin, Evan — Regulus reclamou, se desvencilhando do moreno — Por que você não vai fazer o trabalho da Minerva ao invés de perturbar todo mundo?
— Se está tão preocupado assim com esse trabalho, como sabe que aquele aviãozinho não era um animal invertebrado, senho sabe tudo?
Regulus revirou os olhos, sua paciência se esvaindo enquanto apontava a varinha para o amigo, o obrigando a ficar com os lábios colados até o final do intervalo, mesmo que ele tivesse desesperadamente tentado implorar para Barty que apenas riu e voltou a suas tarefas. Quando o encantamento acabou ele, de fato, não falou com nenhum dos dois até o final das aulas no horário da tarde, o que ambos acabaram achando ser uma benção disfarçada de maldição, mas não ousaram falar isso para o amigo.
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My Pur Star
FanfictionRegulus Arcturus Black sempre foi um bruxo excepcional. Ele ainda podia se lembrar perfeitamente do orgulho estampado nos olhos de seu pai quando despertou sua magia, quando foi declarado o Black mais novo ao fazer tal coisa. Mesmo agora, anos depoi...