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 Leonardo corria. Corria como se sua vida dependesse disso e naquele momento dependia. Quem quer que estivesse o perseguindo estava perto. Muito perto.

Seu pulmão ardia, implorava por mais ar. Seus passos ressoavam por todo o local, não adiantaria gritar, a essa hora todos já haveriam de estar longe das piscinas a muito tempo, na verdade nem mesmo ele deveria estar ali.

O cheiro intenso de cloro, que geralmente não o incomodaria, feria cada mínimo fio em sua narina. Os corredores que poderiam ser facilmente confundidos com labirintos não ajudavam em nada, embora ele rezasse para nesse caso ser Dédalo e não Ícaro.

Cruzando o primeiro portal ele escuta novamente o barulho metálico de algo arrastando a parede. Era óbvio que para o desgraçado atrás de si não passava de um jogo e ele não parecia com pressa.

Ele desviara a atenção do caminho por um segundo, tempo suficiente para apenas olhar por sob os ombros, dando por si novamente quando sentiu a densa massa que colidia com seu corpo. Agora é tarde.


CAPÍTULO 1


Eu estava imóvel diante da imensa escadaria que me conduziria à faculdade. Um amplo sorriso iluminava meu rosto moreno sob a intensa luz do sol de fevereiro. De onde eu vinha, era habitual que o calor só se intensificasse após o meio-dia, mas ali não. Não na minha nova realidade.

Iniciei com o primeiro passo. Um passo que ecoaria pela história. O passo que me encaminharia em direção aos meus anseios. O passo que representaria meu ingresso a um futuro promissor. Foi este passo que por pouco não me fez colidir com o jovem loiro, alto e ostentando a típica expressão de "menino rico" que já havia presenciado.

— Olha por onde anda, seu idiota — reclamou ele, fazendo uma manobra para não derrubar o líquido de seu copo em seu moletom. — Sabe quanto custa essa blusa, imbecil?

— Desculpa, sou novo. Não tinha te visto — afastei-me o suficiente para encostar na parede da escada.

— "Sou novo" — zombou ele, jogando o copo meio vazio na lixeira, seus cabelos caindo levemente sobre os olhos e sendo rapidamente afastados.

— Aí, Henry! — chamou um ruivo que descia as escadas com um skate na mão e a mochila meio surrada no ombro esquerdo. — Deixa ele em paz, ele já pediu desculpas.

— Não se meta nisso, Miguel — o alourado se virou para o garoto, arrumando-se para parecer maior do que era.

— Eu me meto onde quiser — retrucou no mesmo tom.

— Ah, sério?! — intrometeu-se uma moça de cabelo Chanel que chegava pela direita, apoiando-se no ombro do loiro. Provavelmente sua namorada. — Não foi o que Larissa me disse semana passada, na verdade, ela mostrou um grande descontentamento...

— Cala a boca, Yasmin! — vociferou o rubro. — Vamos embora, cara. — puxou-me pelo braço para dentro do prédio tão rapidamente e bruscamente que mal conseguia reparar nos detalhes, e isso não me impediu de ver os outros dois rindo com malícia estampada no rosto.

Por dentro, a faculdade é um complexo de paredes brancas e corredores estreitos, considerando a quantidade de universitários que passavam por nós. Os alunos se espremiam entre si, lutando por espaço, alguns carregando maquetes ou projetos de algum curso, provavelmente arquitetura.

Estar entre tantas pessoas ao mesmo tempo faz meu coração disparar, tornando-me mais consciente do que estou fazendo. De repente, ter alguém me segurando dessa forma já não é bom.

My Pur StarOnde histórias criam vida. Descubra agora