Doces

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A festa na sonserina não poderia ser mais diferente de uma festa na comunal da grifinória. Talvez, um dia, nos seus melhores dias, Regulus aceitaria ir em uma com ele. Bom, não com ele, mas... ir, apenas ir porque ele o chamou.

As garrafas voltaram a seu tamanho normal depois de um aceno de varinha de Regulus, que logo tornou a guardar o objeto em suas vestes, mesmo que ao fundo James pudesse ver que Crouch havia surrupiado uma das mini garrafas e estava brincando com ela entre os dedos, como um chaveiro.

Rosier e Crouch — James pode observar nesse curto tempo — pareciam ter uma conexão profunda e inexplicável, como almas conectadas desde vidas passadas. Eles nasceram para estar um ao lado do outro. Mesmo em um lugar tão reservado eles ainda eram a alegria e a causa dela.

Não é que sonserinos não se divirtam, sendo justo, depois de uma ou duas garrafas de cerveja amanteigada eles se soltaram consideravelmente, mas é justamente esse momento de tensão antes da alegria que os difere dos grifindos, embora a maior surpresa da noite ainda tenha sido uma lufana na comunal sonserina e ainda mais surpreendente que essa lufana fosse Dorcas Meadowes.

Regulus tinha quase certeza de a ter escutado perguntar por Marlene em algum momento da noite.

James conseguiu conversar com Pandora com extrema facilidade, embora ele ainda pudesse ver na loira um ar etéreo que não significava nem por um segundo um relaxamento profundo. Ela estava ali, claro, mas era como se uma parte da mente dela estivesse reservada a sempre observar e analisar. James não gostou muito dessa sensação, mas conseguia entender como ela e Regulus eram próximos.

Dorcas também era divertida, a sua própria maneira, e se deu melhor com Crouch e Rosier do que com James, não que o moreno houvesse se esforçado muito para isso.

Ele estava ali por um motivo e esse motivo não incluia ninguém que não fosse Black. Regulus Black, se ele precisasse ser mais específico.

Durante o ano anterior, James viu como Sirius se sentiu deslocado, viu os olhares que lançaram a Black e experienciou por conta própria a ira de uma estrela. Ele apenas queria que Regulus soubesse que ele também tinha um lugar, caso precisasse e acima disso, ele queria que os irmãos se aproximassem novamente.

Remus teria o dito que era um erro subestimar o orgulho dos envolvidos, mas um pouco de fé nunca fez mal a alguém.

Era quase uma hora da manhã quando James Potter finalmente passou pela passagem secreta que separava a comunal do restante do castelo, seguido de perto por Regulus Black, embora ele soubesse que o menor apenas o seguia para garantir que ninguém o enfeitiçasse pelas costas.

— Foi uma boa noite — James sussurrou quando só haviam os dois por perto, pegando Black de surpresa.

— Foi sim — Regulus respondeu complacente, se movendo para voltar para seu quarto.

James se viu dividido entre pará-lo e deixá-lo ir quando se lembrou do objeto que guardou cuidadosamente em seus bolsos durante quase toda a noite.

— Eu tenho algo para você — Ele se pegou falando, tão tolamente que mesmo ele se surpreendeu.

Regulus ergueu a sobrancelha, a pergunta se prendendo em sua garganta quando James enfiou a mão nos bolsos, seu pulso girando um pouco antes que ele o retirasse novamente, sua mão fechada em volta de uma pequena embalagem de plástico transparente.

Quando Regulus enfim conseguiu ver o que estava em sua mão não conseguiu impedir de arregalar os olhos.

Era uma estrela explosiva, uma das quais havia visto mais cedo na loja de doces quando pensou que não havia ninguém o olhando, mas claro que James estava, James sempre parece estar consciente de tudo.

— Roubou isso? — Regulus gaguejou um pouco, atribuindo a surpresa ao fato de James ter roubado algo e não por ele ter roubado algo para ele.

— Sim — James sorriu, satisfeito consigo mesmo por ter deixado Regulus sem palavras. Claro que ele não contaria que na realidade deixou algumas moedas para trás para pagar. — Não vai pegar?

Regulus hesitou um pouco, mesmo sem saber porquê. Seu corpo ainda estava incrédulo com a ação de Potter, mas forçadamente ele obrigou sua mão a se mover e pegar o doce, recebendo um sorriso caloroso em resposta.

— Até amanhã, Reggie — James cantarolou, ganhando um dedo do meio em retribuição — Que mal educado.

Regulus não admitiria para ninguém, mas quando se virou de costas e fechou o portal, ele sorriu, apertando firmemente o pacote entre seus dedos, antes de o guardar em seu bolso.

Felizmente Barty já havia adormecido quando ele voltou para o quarto e Evan estava tentando convencê-lo a dormir em sua própria cama.

— Durma na cama dele — Black revirou os olhos, se trancando no banheiro para tomar banho, escutando abafadamente algo como "Mas quero dormir em minha própria cama".

Não houve surpresa quando ele saiu e encontrou ambos adormecidos um ao lado do outro. Regulus, no entanto, demorou para dormir. Ele se perguntava como as coisas estariam agora no quarto de James Potter, se seu irmão estaria acordado para vê-lo voltar, se brigaria com James, como ele tinha costume de fazer quando era Regulus se esgueirando pela casa onde moravam, embora Regulus sempre tivesse sido mais cuidadoso que o próprio Sirius.

A sensação estranha da marca em seu corpo também não ajudava e seu estoque de poções para dor estava no fim e mesmo ele sabia que Pomfrey não forneceria mais nenhuma e insistiria em transferi-lo para um hospital se ele voltasse lá. Isso não poderia acontecer, então ele só precisava aguentar um pouco, ele sempre foi bom com dores, afinal. Se doesse mais, se realmente fosse demais para suportar, então ele tomaria a poção.

Com cuidado, mal enxergando o ambiente ao seu redor, ele puxou a cortina ao redor da sua cama, se banhando na escuridão completa antes de fechar os olhos, o sono se recusando a aparecer por mais tempo do que seria recomendado. Ele precisava dormir e sabia disso, mas saber e conseguir sempre foram duas coisas diferentes.

Murmurando em descontentamento ele se sentou, suas costas batendo no metal frio da cabeceira da cama, tateando, ele se orientou para achar sua varinha, sussurrando para que a ponta dela se acendesse, antes de localizar sua cama dobrada aos pés da cama, engatinhando até ela. Walburga o repreenderia se soubesse que aceitou algo de um traidor do próprio sangue, mas sua boca estava salivando por aquele doce desde o momento em que o viu na loja. Ela apenas não poderia descobrir, estava tudo bem, tudo ficaria bem se ele fosse cuidadoso.

Desembrulhando, tentando não fazer barulho, Regulus tirou a estrela do pacote.

Ela era pouco menor que a palma de sua mão, pintada em um prata furta-cor, que refletia de acordo com a forma que Regulus a iluminava.

O doce era quente, quase como se emanasse energia própria — uma verdadeira estrela — e tinha o cheiro mais maravilhoso que Regulus havia sentido em sua vida toda. Era algo como eucalipto, chá de ervas finas e chocolate meio amargo com canela. Quente e revigorante. Regulus quis manter essa sensação o mais próximo de si possível. Segurá-la e não permitir que escapasse nunca.

Receoso, ele mordeu, seus olhos se arregalando quase instantaneamente.

Tinha gosto de creme brulée com chocolate e amoras selvagens.

Minis estalinhos eram sentidos no fundo de sua boca, explodindo suavemente em sua língua, deixando cada mínimo sabor em sua boca ainda melhor.

Céus, ele definitivamente nunca comeu um doce tão bom em toda sua vida.

E foi com essa sensação que Regulus rastejou até debaixo das suas cobertas novamente, se permitindo fechar os olhos e apreciar as sensações que ainda haviam em sua boca. Não demorou para que ele adormecesse dessa vez e demorou menos ainda para que ele pudesse se sentir feliz com a carranca que era projetada até ele, por seu irmão, na manhã seguinte durante o café da manhã. 

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⏰ Última atualização: Aug 29 ⏰

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