My Pur Star

Fugas

Regulus estava evitando Sirius, não que tenha sido muito difícil.

Ele era mais velho, logo mesmo quando as aulas eram compartilhadas com a grifinória, ele não estava presente e Regulus apreciou isso.

Ele não queria o ver... não queria ver aqueles olhos.

Na verdade, se fosse bem sincero, ele contaria que sonhou na noite passada com aqueles olhos o encarando e que seu ódio por Sirius só tinha aumentado, se bem se recordasse, ele havia acordado com a imensa vontade de arrancar aqueles olhos fora com a ponta de sua varinha.

Ele faria qualquer coisa para não precisar os ver novamente.

A rotina era bem mais calma do que imaginava, Walburga era pior como professora.

Ele se levantava pela manhã cedo, antes do sol nascer ou dos outros meninos acordarem e então ia tomar banho, quando voltava costumava encontrar Evans e Crouch discutindo sobre alguma coisa idiota ou apenas se trocando como dois inferis.

Durante as refeições ele costumava os ver, Potter sempre no meio, como se fosse a porra de um astro do rock.

Se irmão sempre o olhava, quando pensava que Regulus não estava vendo, mas nunca o procurou para conversar. Era como se cruzar o salão que dividia a sonserina da grifinória fosse um crime passível de tortura e talvez para seu irmão, fosse mesmo.

Isso só o fazia sentir mais repúdio.

Então era isso que ele era agora?

Uma punição para Sirius?

Ele odiava também seus amigos, odiava tudo que os havia separado.

Ele tentou os ignorar, tentou mesmo.

Mas eles sempre estavam lá, no fundo de sua cabeça, um bicho papão ameaçando sair a qualquer momento de dentro da caixa de pandora.

Regulus descobriu que o melhor lugar para se esconder de seu irmão era na biblioteca, ele sempre odiou livros, odiava mais ainda ser obrigado a ler os livros.

Ele se lembrava bem de quando eram pequenos e acidentalmente ele transformou toda a biblioteca da casa em gelatina apenas por não querer ler.

Walburga ficou furiosa.

Para sua infelicidade, no entanto, ele ainda via Remus Lupin.

Seu cabelo estúpido cor de palha, sentado sempre na mesma mesa, escorado de maneira desleixada sobre a mesa, vez ou outra tamborilando. Se não fosse impossível Regulus diria que ele fazia apenas para o irritar, porém Remus nunca o viu ali.

Mas ainda assim Regulus o odiava.

Odiava seu cheiro.

Odiava seu sorriso torto.

Odiava suas manias ansiosas.

Odiava mais ainda a forma como ele roubava o seu Sirius e fazia questão de exibir isso, como ele fosse um grande troféu que devesse ser disputado.

Com o tempo ele parou de aparecer tão frequentemente na biblioteca.

Crouch e Evans costumavam o seguir pelos corredores, Regulus nunca entendeu bem por quê.

Ele não era tão espontâneo quanto Barty, nem tão empático quanto Evans. Sua essência se baseava na necessidade de não o ser, mas eles continuaram lá.

Nas regras gerais, primeiranistas como ele não podiam fazer parte do time de quadribol, mas isso não o impediu de praticar assim mesmo.

Todas as terças, uma hora antes do que costumava acordar, ele se levantava e vestia uma veste confortável que não o atrapalharia em cima de uma vassoura e saiu do quarto.

Ele não admitiria, mas fazia anos que aprendera a arrombar uma porta sem deixar vestígios para trás.

Ele escolheu a melhor vassoura que encontrou e se dirigiu para o campo de quadribol vazio.

A vassoura voou rapidamente para sua mão quando ele ordenou e não demorou muito para que ele começasse a voar, nada muito complexo dessa vez, apenas um aquecimento, uma forma de canalizar tudo que vinha sentindo.

Ele ficou lá até as primeiras gotas de chuva caírem e sua cabeça e as luzes do castelo começarem a se acender gradativamente.

Seria um dia longo, mas não poderia ser pior do que outros que já teve.