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Soraya
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Que vida bagunçada a minha. Penso enquanto ando descalça pela areia fria da praia, o movimento está pouco hoje por aqui, e eu acho isso ótimo, me sentia bem quando fazia caminhadas por aqui, principalmente quando era início de noite, o barulho das ondas do mar me trazia paz, coisa que eu sempre desejei ter em uma relação. Não sei como pude me submeter a tanta coisa, como pude aceitar qualquer migalha que as pessoas me davam, e eu achando que isso era amor, mas eu sei que não é, o amor não é toda essa bagunça. Parei de andar e me sentei ali, não tinha pressa para voltar pra casa, talvez eu nem quisesse mesmo voltar, me sinto tão mais deprimida quando estou lá, tudo parece cinza, as pessoas que passaram por minha vida levaram todas as cores que havia em mim, deixando apenas a cor mas triste e solitária. Uma lágrima escorreu por meu rosto, que droga, eu não consigo ser forte nem por um momento? Tratei de limpar ela do meu rosto antes que outras pudessem cair. A lua está linda hoje, quantas vezes eu não já me confessei com ela, talvez era a única amiga que eu tinha. Olhei no relógio e já passava das sete horas, precisava ir pra casa, meu estômago já roncava, eu não comia desde a manhã, quando sair do trabalho vim direto pra cá. Levantei, limpei minha roupa e saí andando, na esperança de encontrar um táxi, minha casa estava longe dali, e se eu fosse de pé chegaria mais tarde. Enquanto ia pela calçada eu ouvia diversos assobios de homens escrotos, isso era um saco, parece que nunca tinham visto uma mulher na vida, passar por isso sempre me trazia lembranças desagradáveis do meu passado. Continuei meu caminho, até que eu avistei uma lojinha de flores, decidi ir até lá, quem sabe eu me agradava de alguma e lavava para casa, para dar mais um pouco de vida naquele ambiente. Atravessei a rua e fiquei por um momento parada, olhando todas aquelas flores, nunca havia ganhado uma, eu que me dava de presente as vezes. Não tinha ninguém ali, apenas uma mulher, com um avental cheio de flores enfeitadas nele, ela era mais alta que eu, seus cabelos eram escuros, e sua pele bem branca. _Olá, tudo bom?_ ela me tirou do transe, eu ainda estava parada na porta, parecia uma barata tonta.

_O-oi_ eu gaguejei um pouco, e dei um sorriso amarelo para ela. Ela veio até mim, me convidando para entrar.

_Está atrás de alguma flor em especial?_ ela perguntou. Eu não estava atrás de algo especial.

_Na-Não, eu estava passando ali e vi a lojinha, me encantei e decidi fazer uma visitinha_ ela sorriu para mim, um lindo sorriso ela tinha.

_Fique à vontade meu bem. Eu ia fechar, hoje o movimento foi fraco, que bom que você apareceu_ Fiquei olhando algumas rosas, e pensando se iria levar mesmo alguma para casa. _Está pensando em comprar alguma?_ ela puxou assunto novamente.

_Talvez... queria dar um pouco de vida para a minha casa, a dona dela não está conseguindo fazer mais isso_ eu falei, deixando ela surpresa com minha resposta.

_Sugiro que leve girassóis, eles podem te ajudar com isso, vai trazer brilho para a sua casa e para a sua vida_ ela se aproximou mais de mim, me fazendo sentir um cheiro doce do seu perfume. Fiquei pensando mais um pouco, até que eu decidi levar os girassóis, ela colocou eles em um pequeno jarro, embrulhou o mesmo com um papel da cor marrom, e logo me entregou, ela era rápida nisso. _Prontinho meu bem_ eu perguntei o preço e lhe paguei, peguei o jarro e logo agradeci ela. _Pode voltar sempre querida. Não deixe que os problemas da vida tirem o seu brilho_ será que estava tão visível assim o meu desânimo? Ela me acompanhou até a calçada, e logo colocou a placa para dentro, acho que agora ela iria fechar mesmo. Desejei uma ótima noite pra ela, e fui embora, consegui um táxi e cheguei mais rápido em casa. Liguei as luzes, fechei a porta, deixei as chaves penduradas, e arrumei a mesa da cozinha para colocar o jarro, realmente mudou o ambiente, a moça estava certa quando disse aquilo, me senti até mais feliz um pouco, quem sabe eu voltaria lá outras vezes. Abri uma garrafa de vinho, coloquei uma música baixa e comecei a preparar a minha janta. Vez ou outra eu cantarolava as músicas que tocavam na pequena caixinha. Quando tudo estava pronto, fui para o banheiro tomar um banho, eu estava precisando muito. Coloquei um vestido curto de dormir, passei um creme no meu corpo e voltei para a cozinha, o cheiro da minha comida estava delicioso. Me servi, e logo me sentei, a música continuava tocando, e assim se seguiu a minha noite, dessa vez ela não estava tão melancólica como das outras vezes.

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