Capítulo 32

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Ela passou a mão no próprio pescoço para se certificar de que estaria tudo no lugar quando suas costas bateram contra a parede fria do aposento com um espelho idêntico ao que ela entrara minutos antes.

Porém desta vez, pelo ar que exalou e dominou seus sentidos naquele instigante, soube que estava em casa.

Seus olhos vasculharam o local até encontrar aquele par de olhos azuis encarando-a de volta.

Então ela caiu devido ao peso do próprio corpo, e do ferimento em sua perna, que ainda não havia se curado.

Os olhos do príncipe se detiveram no ferimento e ele engoliu em seco.

-Feliz, caro Lancaster? -ela grunhiu na direção dele, apoiando sua cabeça na parede e fechando os olhos rapidamente, absorvendo a dor que não parara. -O que foi aquilo? -indagou com os dentes trincados.

-Não posso ficar perto de você. -ele trincou os dentes e largou a lasca de madeira no chão.

-Por que? O que foi aquilo? Foi a mesma lembrança que tive quando estava sendo torturada pelos sem rostos. Isso não faz sentido. Sabia daquilo?

Ele balançou a cabeça negativamente, se aproximou lentamente se ajoelhou ao lado dela, que recuou no mesmo instante, mas ele segurou o seu braço com força, impedindo-a.

-Não ouse tentar me matar agora. -retrucou, mas o príncipe apenas rasgou a parte de baixo de sua camisa e amarrou em seu tornozelo, o toque em sua pele lhe causando calafrios a todo instante, ela permaneceu em silencio durante todo o tempo.

-Há algo mais forte, que nem eu e nem você podemos controlar. -ele sussurrou depois de terminar e voltar a encará-la.

Ela compreendeu.

-Então diga-me, quem controla você James? -ela arriscou e colocou a mão no rosto dele, que não protestou, mas também não respondeu sua pergunta. -talvez eu possa tentar...

Ele colocou a mão em seu pulso e apertou por um segundo, mas respirou fundo antes de ceder.

Então ela usou o poder, que saiu dela diretamente para James, vasculhando, entrando em cada parte, caçando, e quando ela encontrou aquela faísca negra e venenosa, ela puxou para fora com todo o seu ser. A constância era como um tipo de gelatina grudenta dentro de seu cérebro, consumindo cada célula aos poucos, James grunhiu quando as garras do poder dela se infiltraram dentro dele, envolvendo seu cérebro.

-Me desculpe, mas não posso deixar um inimigo entrar em meu palácio. -ela grunhiu de volta, ergueu a outra mão, sentiu o sangue escorrer de seu nariz, mas ignorou ao ir mais fundo, com mais força.

Então tudo se apagou.

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Quando seus olhos se abriram, ela estava perfeitamente instalada em seus aposentos reais no palácio de Crossfire, e quando percebeu isso, se levantou sobressaltada.

Não era possível.

Ela tirou as cobertas rapidamente e olhou sua perna enfaixada com panos limpos e suspirou de alivio. Foi real.

Christopher deve tê-la sentido pela ligação e foi socorrê-la.

Se perguntou por um instante se seu plano daria certo, mas por um instante se obrigou a não pensar em todos os problemas que a rodeavam naquele instante, e respirou fundo.

Estava em casa.

Mas ainda tinha muito a fazer.

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Mais tarde naquele mesmo dia, já bem limpa e vestida ela abriu as portas de seu escritório particular e avistou Christopher falando com dois soldados, ele imediatamente se virou em sua direção e sorriu de lado, se virando apenas para dispensar os homens que o acompanhavam em seguida.

Ela andou apressadamente, atravessando o aposento até estar diante de seu general.

-Acredito que tem muito a me contar, majestade. -ele ficou sério e ela sentiu sua garganta se apertar. -Não sei o que aconteceu até encontra-la naquela sala, mas sei o que fez ali. Está pronta para as consequências disso?

-É o que veremos caro general. -ela sorriu maliciosamente. -Suponho que é o que descobriremos em breve.

-Bom, não estamos em mil oitocentos e sessenta e cinco, o Lancaster não cedeu a você por vontade própria.

Ela deu de ombros.

-Precisava me salvar e garantir a segurança de todos em meu palácio.

Um alvoroço do outro lado do corredor chegou em seus ouvidos, e ao trocar olhares com Christopher ela soube que ele também ouvira. Um forte estampido soou na porta quando foi aberta, e o que aconteceu a seguir foi rápido demais.

Seu corpo não se sobressaltou quando uma faca cortou o ar e passou bem ao lado de sua cabeça, Christopher a pegou no ar e franziu o cenho.

-Agora, poderia começar a me dizer cara srta Crossfire, o que foi que você fez? -grunhiu James, parando bem diante dela, fuzilando-a.

Os soldados que o escoltavam entraram logo em seguida, alarmados, e com apenas um olhar de seu general pararam onde estavam, e aguardaram.

-Garanti que meu reino e meu palácio não estivessem sob sua ameaça. -ela deu de ombros, ironicamente e caminhou pelo aposento até a mesinha com as bebidas e se serviu de uma delas.

-E simplesmente achou que eu não notaria? -ele inclinou a cabeça.

Ela tomou um gole do whisky .

-Na verdade era exatamente o contrário disso. -ela sorriu zombeteiramente.

-Não pode fazer isso. -ele grunhiu mostrando os dentes e ela sorriu ainda mais.

-Na verdade não só posso, como fiz caro Lancaster. -ela deu a volta a mesa e se colocou ao lado de seu general.

-E o que isso implica exatamente, cara rainha de Crossfire? -ele se recompôs.

Ela terminou sua bebida calmamente, antes de voltar a responde-lo.

-Achei que a resposta já tivesse sido obvia príncipe do norte -ela o encarou. -não poderá fazer nenhum mal a mim, nem ao meu reino. Caso tente, sua vida está ligada a minha, e isso vai mata-lo também.

Christopher segurou o riso ao seu lado.

-Seja bem vindo a Crossfire. -ela o saudou com um aceno cordial e zombeteiro.

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O Rei e a Rainha das Sombras - livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora