Alguns segundos se passaram enquanto eu ainda absorvia e sentia a sensação e o prazer que era o toque de seus lábios.Mas então eu me afastei, e como se travasse batalhas internas dentro de si assim como eu, ele fez o mesmo e trincou o maxilar, sua feição mudando de um segundo para o outro, aquele olhar quente e gentil se desfizera instantaneamente, dando lugar a um homem frio e inexpressivo.
Aquele último olhar lançado por ele fora o suficiente para partir aquele fio que eu vinha tentando manter intacto nas últimas horas, de um modo que não pude evitar quando as lágrimas vieram.
Ele engoliu em seco.
-Sinto muito. -então ele deu as costas, montou no carro e partiu.
Enquanto eu permaneci sob a chuva, encarando a rua quase deserta exceto pelas poucas pessoas que ainda caminhavam por ela.
As lágrimas se misturando com o toque das gotas de chuva sob minha pele, a água era fria e impetuosa, mas não me importava.
Durante os últimos meses eu perdera as contas de quantas chuvas presenciara pessoalmente.
Então eu respirei fundo antes de sair caminhando por um tempo até encontrar uma rua mais deserta e conseguir atravessar até meus amigos.
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James
A luz do dia entrava pelo quarto quando me esforcei para abrir os olhos e me adaptar a claridade que entrava pelo aposento. Meu corpo inteiro parecia formigar, ainda com a sensação de toda a noite anterior.
A noite anterior.
Levantei-me rapidamente e enrolei uma toalha na cintura antes de caminhar pelo aposento até as janelas, os jardins do lado de fora intactos, assim como o silêncio que predominava o ambiente. Ele franziu o cenho diante daquela sensação estranha que predominava seu peito naquele instante e caminhou diretamente para o banheiro, onde ligou o chuveiro e entrou rapidamente embaixo da água fria.
Seu corpo ainda podia ouvir a respiração dela, entrecortada diante de cada momento em que suas mãos passeavam por sua pele como seda macia e atraente.
Ele encostou a testa na parede, absorvendo o contato da água fria em seu corpo, na tentativa de tentar esfriar seu próprio desejo por aquela mulher que mal conhecia, que ainda o queimava por dentro. Como se não tivesse sido o suficiente. Como se ele já a conhecesse a mais tempo do que era possível, mas ele não acreditava naquilo, não dava crédito a muitas coisas já fazia um tempo, porém não podia negar que os últimos dias tenham sido estranhos, dando vida a uma parte de si que não sabia que existia.
Mas ele ainda tinha uma missão, a primeira era encontrar a pedra que lhe fora roubada pela segunda vez, e a segunda era matá-la, ou talvez depois de toda a confusão que causara talvez se tornasse o seu primeiro objetivo e depois o caminho ficaria livre para encontrar a pedra.
Ele piscou com força e suspirou pesadamente, afastando rapidamente os pensamentos insanos de sua própria mente. Até que um pensamento lhe ocorreu, mudando drasticamente todo seu desejo por algo pior, ódio.
Tudo poderia não ter se passado de um plano para deixa-lo vulnerável. Aquilo não era uma novidade, afinal, ela parecia ser tão perversa e ardilosa quanto ele poderia ser.
Se ela pensava que havia ganhado dele aquela noite, estava muito enganada.
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Elizabetth
Horas mais tarde, a criada terminava de ajustar os últimos detalhes e fechar as últimas abotoaduras de meu casaco azul, depois disso se retirou com um leve sorriso e um breve aceno.
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O Rei e a Rainha das Sombras - livro 4
Fantasy"Dentro de um mundo em conflito entre reis e rainhas, ela poderia ser a salvação dele, ou ele será sua ruína." "Ela não se curvaria a ninguém. Ao invés de ter medo, ela se tornaria quem as pessoas temem."