Capítulo 6

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Senti a madeira fria sob minhas costas assim que fechei a porta de meus aposentos e permaneci ali, toda aquela situação embaraçosa daquela manhã sendo repassada calculadamente em minha memória.

Começou a se perguntar por um instante se teria sido uma boa ideia voltar, ou se todo aquele tempo em que estivera fora, a solidão dentro de si tenha se alastrado demais para ser revertida.

Ela se desencostou o suficiente apenas para caminhar diretamente até sua antiga escrivaninha para se servir da bebida que estava ali, sequer se assustou quando a porta abriu novamente, revelando Christopher que passou por ali e se colocou diante dela, que não se importou com sua presença até ter tomado todo o líquido do copo que enchera, e absorvido a queimação descer por sua garganta em cheio.

-Temos um grande problema, não é? -perguntou seriamente, e ela o encarou com o cenho franzido.

-Acha mesmo que isso é minha maior preocupação? -ironizou, enchendo outro copo de whisky, começando realmente a acreditar que talvez a bebida que havia tomado antes de atravessar até ali tenha sido a culpada de tudo.

Mas bebidas quaisquer que fossem, independente do quanto pudesse tomar, não costumavam deixa-la tão bêbada a ponto de esquecer o próprio nome. E isso era um grande problema para ela.

-Poderia fazer a gentileza de me contar então? -ela caminhou rapidamente até a janela mais próxima e inspirou profundamente enquanto encarava o mundo afora.

-Eu o vi. -disse simplesmente, sem encarar seu general.

Silêncio se alastrou pelo ambiente enquanto ela sabia que ele processava a informação.

Em todo aquele tempo, a única pessoa que sabia sobre tudo era Christopher, seu melhor amigo, seu conselheiro. Fora para ele quem contara tudo quando voltara, quando a guerra acabara, antes que ela partisse em busca de respostas. Fora ele, podia ter a certeza de que Gabriel poderia saber de muita coisa, mas ela precisava reunir coragem para falar com seu amigo o rei de Aspen sobre isso. Ele não costumava ser o tipo de pessoa que revelaria segredos tão facilmente. E ele parecia guardar muitos deles.

-E o que você fez exatamente? -foram as primeiras palavras ditas pelo general depois de um tempo.

-Nada -riu baixinho, sentindo o gosto amargo da ironia sob seus lábios. -não havia o que ser feito -disse calmamente. -e há a grande questão dele não ter me reconhecido. -trincou os dentes e bebericou o whisky calmamente. Christopher parecia analisar a situação quando ela se virou para encará-lo. -E agora descubro que ele é a porra do príncipe do Norte.  Sabia disso? -ergueu as sobrancelhas.

-Por mais incrível que pareça não. -ele balançou a cabeça negativamente. -e isso pode realmente ser um pouco estranho, como ele apareceria agora? Seria impossível que teria conseguido sobreviver a tantos anos. 

-Ele poderia ser como você. -interviu, sentindo seu peito se encher de algo estranho, bombear mais rápido de um modo que chegava a doer, mas ela se conteve.

-Você é mais poderosa do que eu e não sobreviveu por todos esses anos, porque o destino não quis assim. Porque estava destinada a isso. Ele não poderia ser diferente. -ele andou de um lado para o outro, e ela notou sua ansiedade e apreensão, estava escondendo algo dela.

-E porque estaríamos destinados a isso? -perguntou depois de um tempo, ao processar as palavras do general, que após ouvir sua pergunta paralisou no lugar e a encarou com o rosto pálido.

-Há coisas que eu gostaria muito de poder contar a você, mas não posso, mesmo que eu queira.

-E por que não?

O Rei e a Rainha das Sombras - livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora