𝑹𝑰𝑺𝑬 𝑶𝑭 𝑫𝑹𝑨𝑮𝑶𝑵𝑺 • 𝒈𝒐𝒕 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏

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JAEHAERYS TARGARYEN

A luz ardia tênue e distante, baixa no horizonte, brilhando através das névoas marítimas. Marinheiros subiam e desciam os três grandes mastros e moviam-se pelo convés. Enquanto isso, Jaehaerys estava de pé, na proa, segurando uma taça de fruta e deixando sua mente vagar para um lugar distante, além do mar estreito.

Ele evitava a maioria dos membros da tripulação, não desejava ser reconhecido como um Targaryen, embora se orgulhasse disso, seu irmão Viserys sempre lhe dissera que não era necessário ser um mercenário para capturá-los e vendê-los ao Usurpador, um mero marinheiro, ou até mesmo uma prostituta, qualquer homem e mulher que aspirasse por poder e dinheiro poderia enviar uma mensagem a Porto Real anunciando seu paradeiro aos traidores. Por sorte, ele vinha de Lys, uma cidade construída em uma ilha fértil, e uma vez que mais do que em qualquer outro lugar do mundo conhecido, o sangue da Antiga Valíria ainda corria forte entre o povo de Lys e até mesmo os plebeus possuíam a pele pálida, cabelos prateados e olhos lilases e azuis claros dos antigos senhores dragões, ele estava seguro desde que passasse como um simples plebeu mestiço.

Jaehaerys desviou o olhar para a sua esposa, Alys Mopatis, filha de um rico e poderoso Magíster da Cidade Livre de Pentos que outrora o acolhera em sua mansão. Alguns dos membros da tripulação lhe davam presentes, luvas sem dedos, um chapéu de couro. Jaehaerys não poderia se importar menos com nada disso. Sua esposa era uma mulher devota à fé do Senhor da Luz, ela não o atraía sexualmente e passava a maior parte do tempo empenhando seu papel como sacerdotisa vermelha, conduzindo orações a R'hllor. Esse era um dos motivos da viagem a Braavos, sua esposa desejava ir ao templo vermelho servir a seu deus. O outro motivo era um pouco mais ambicioso.

Jaehaerys almejava conseguir um empréstimo com o Banco de Ferro de Braavos. Sendo este mais rico e mais poderoso do que todos os outros das Cidades Livres, Jaehaerys ouvira que os Bancos de Ferro possuíam uma reputação assustadora quando o assunto era cobrar dívidas. Quando príncipes ou reis faltavam com seus pagamentos ou eram tolos o suficiente para não honrar contratos com o Banco de Ferro, essa instituição passara a apoiar e patrocinar novos príncipes e reis. Essas novas figuras receberiam todo o suporte do Banco para que tomasse o lugar dos governantes que faltaram com seus compromissos, embora também adquirissem dívidas no processo.

Apesar de ter ouvido sobre o Usurpador ser um rei popular entre o povo, Jaehaerys também ouvira que Robert deixara o reino financeiramente falido durante seu reino e agora possuía uma dívida de cerca de seis milhões de peças de ouro, sendo dois milhões apenas ao Banco de Ferro. Com isso, ele desejava adquirir o apoio do Banco de Ferro à sua causa. Ele não almejava tomar o trono de seu irmão, longe disso, Jaehaerys sabia que na linha de sucessão ele atualmente era o terceiro, ficando atrás de Viserys e Daeron, ele não desejava usurpar o direito do irmão mais velho como Maegor e Aegon II fizeram há tantos anos. Mas Jaehaerys acreditava que se conseguisse o apoio do Banco de Ferro, talvez fosse capaz de se reaproximar de sua família.

— Dois olhos, o Titã nos vê. — Disse uma voz atrás de Jaehaerys, chamando-lhe a atenção.

Quando Jaehaerys se deu conta, as últimas estrelas da noite tinham desaparecido... todas, menos o par que estava logo em frente.

O Titã de Braavos. Jaehaerys se lembrava de Viserys contar histórias sobre o Titã durante sua infância. Era um gigante alto como uma montanha, e sempre que Braavos estava em perigo acordava com fogo nos olhos, fazendo trovejar e ranger os membros de pedra enquanto entrava no mar para esmagar os inimigos. Mas Viserys era dado a arroubos de fantasia e Jaehaerys não, ele só acreditava naquilo que pudesse ver ou tocar.

— O Titã é o deus de Braavos? — Jaehaerys perguntou. — Ou honram os Sete?

— Todos os deuses são honrados em Braavos. — O filho do capitão respondeu. — Os seus Sete têm aqui um septo, o Septo-do-Ultramar, mas só os marinheiros de Westeros prestam culto a ele.