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DAERON TARGARYEN

O khalasar chegou às planícies, com o sol escaldante sobre suas cabeças. O calor tremulava em ondas que subiam dos afloramentos rochosos de colinas baixas. Os únicos sons que se ouviam eram o ruído regular dos cascos dos cavalos, o tinir ritmado dos sinos nos cabelos de Drogo e as vozes distantes atrás deles.



— É assim que fazemos as coisas, garoto. — Disse o Khal, com seriedade. — Ficaremos em Vaes Dothrak até os guerreiros se recuperarem e só então partiremos para vender os escravos. E sim, eles serão vendidos para quem estiver disposto a pagar o maior preço, não me importa o que será feito com eles depois disso.



A conversa não ia nada bem e Drogo estava começando a se irritar. Daeron estava tentando convencê-lo a libertar os escravos, ao menos as crianças, os enfermos e os idosos. Não só libertá-los, como garantir uma passagem segura até a cidade mais próxima. Eram pessoas como eles, de culturas diferentes, mas que não mereciam viver uma vida aprisionados e servindo aos desejos de outros contra suas vontades.

Infelizmente, Khal Drogo não via dessa forma e estava mais do que convencido em seguir com os costumes de seu povo, por mais cruéis que fossem. Ele dizia para Daeron que assim era a vida, os mais fracos estavam destinados a se curvarem perante os mais fortes. Segundo ele, mais cedo ou mais tarde, o jovem príncipe enxergaria essa realidade, por mais dura que fosse e quando isso acontecesse, caberia somente a ele decidir se seria aquele a se curvar ou fazer outros se curvarem diante de si.

Quando questionado por Daeron sobre por que então permitiu que Visenya tomasse as mulheres como suas aias e as colocasse sob sua proteção, o Khal revelou que essas mulheres estavam destinadas a se curvar e aceitar seus destinos, seja por Visenya ou pelos homens de seu khalasar.

Khal Drogo revelou que apesar de ter cedido ao pedido de Visenya, aquela atitude havia sido apenas uma exceção, pois ele não pretendia banir permanentemente os costumes de seus homens.

Completamente enojado e revoltado, Daeron optou por não continuar no assunto, pois percebia que tentar mudar Khal Drogo e seus homens era em vão. Há alguns dias, Sor Jorah havia com muito custo cedido às insistências de Viserys para falar com Khal Drogo e convencê-lo a dar meia volta e ir em direção a Meereen, onde um preço maior seria pago pelos escravos, o Khal aceitou, mas revelou que primeiro passariam por Vaes Dothrak novamente, para a recuperação de seus guerreiros, e mesmo que tentasse negar, para sua própria recuperação.

Estavam há um mês e meio na estrada. E o clima que pairava entre o khalasar não era nada bom. Haviam deixado Vaes Dothrak há pouco tempo e como de costume, os homens de Drogo pensaram que iriam seguir batalhando contra outros khalasares e invadindo novas cidades. Mas Khal Drogo estava determinado a fazer algo que nenhum dothraki jamais fizera, ele estava disposto a enfrentar o deserto escaldante até Meereen para conseguir ouro o suficiente para comprar os navios que ele chamava de "cavalos de madeira" e então atravessar o Mar Estreito e dar os Sete Reinos para Visenya, não como um presente e muito menos para devolver a ela a terra que sua família havia nascido, prosperado e reinado por tantos anos, desde o incidente no Mercado e a tentativa de assassinato do mercador de vinho, Drogo estava determinado a conquistar os Sete Reinos e fazer o Usurpador dobrar os joelhos, pois essa era sua forma de demonstrar que esse seria o destino dado aos homens que cruzassem o caminho do Grande Khal e ameaçassem a vida de sua Khaleesi.

Mas o khalasar de Khal Drogo não estava nada feliz com isso e Daeron era capaz de sentir no ar a tensão e o desgosto dos homens de Drogo, era quase palpável. Ele rezava para que nenhum dos homens tentasse desafiar Drogo, pois por mais orgulhoso que ele fosse, as feridas da última batalha ainda estavam ali, tornando-se cada dia pior e deixando-o cada dia mais fraco.

𝑹𝑰𝑺𝑬 𝑶𝑭 𝑫𝑹𝑨𝑮𝑶𝑵𝑺 • 𝒈𝒐𝒕 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora