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DAERON TARGARYEN

— Obrigado. — Daeron sussurrou para Alys, com a voz baixa. Com o incentivo da esposa de seu tio, ele ergueu as mãos, trêmulas e ensanguentadas. Alys havia enrolado suas mãos usando os panos rasgados de seu próprio vestido e com a ajuda de Roan o levou de volta para sua tenda. Roan o ajudou a se despir e a entrar no banho quente e Alys limpou o sangue de suas mãos com um pano suave.



Quando saiu da banheira, enquanto se vestia, Alys virou-se em silêncio e espiou para fora de sua tenda.



— Já está feito. — Disse ela. — Sinto muito, garoto.

— O que está feito? Sente muito pelo que? — Perguntou o príncipe, confuso. Mas no mesmo instante, sor Jorah adentrou a tenda com uma expressão de puro horror no rosto. — Sor Jorah.. O que aconteceu?


Temendo o pior, Daeron se apoiou na beira da cama e se levantou, os cortes em sua mão, que ainda não haviam sido devidamente cuidados, latejaram ao encostarem na madeira da cama e mais sangue começou a vazar deliberadamente por eles.


— Visenya.. Onde está minha irmã? — Daeron fez menção de sair da tenda, mas sor Jorah entrou em sua frente, impedindo-o.

— Meu príncipe…

— Saia já da minha frente, quero ver minha irmã e meu tio! — Exigiu Daeron, empurrando sor Jorah de sua frente e cruzando a entrada da tenda, naquele momento seu corpo se chocou com o de alguém e em um movimento rápido e automático, seus braços agarraram a cintura da pessoa antes dela ir ao chão.

— Daeron! — Exclamou Visenya, a quem ele segurava. A princesa não se importou com suas vestes sendo sujas pelo sangue que escorria das mãos do irmão e o puxou para mais perto, agarrando-lhe o pescoço. Sentia-se agora segura em seus braços, como se um peso enorme tivesse sido tirado de suas costas. — Suas mãos… Você é louco? Nosso pai poderia ter matado você. — Ralhou, se afastando do irmão apenas o suficiente para pegar seus pulsos e inspecionar os cortes em seus dedos e nas palmas de suas mãos.

— Não sou louco. Se não entrasse na frente ele teria feito isso com você. — Disse Daeron. — Jamais seria capaz de me perdoar se algo acontecesse com você e seu bebê.

— Obrigada, irmão. — Visenya tocou-lhe o rosto e sorriu em gratidão.

— Onde está nosso pai? — Perguntou Daeron, tentando olhar por cima do ombro de Visenya.

— Acho que devemos costurar suas feridas, sente-se aqui e..

— Viserys está morto. — Disse-lhe Jaehaerys, surgindo logo atrás de Visenya.

— Tio! — Visenya exclamou, chocada pela falta de tato de Jaehaerys em dar a notícia daquela forma.

— Viserys.. Meu pai… Ele está morto? — A voz de Daeron vacilou na medida em que compreendia a frase dita pelo tio.



Daeron sentiu o ar faltar em seus pulmões e se permitiu ser guiado para a cama, com Visenya e Jaehaerys sentando-se ao seu lado. Ele não conseguia compreender o turbilhão de emoções que se despertou dentro dele, deveria chorar pelo pai morto? Provavelmente sim, Viserys era seu pai apesar de tudo. Mas Viserys nunca fora homem bom e muito menos gentil, certamente daria um tapa em seu rosto se o visse chorando diante de todas aquelas pessoas, o chamaria de garotinho fraco e bastardo. Ainda assim, era seu pai e devia tê-lo amado ao seu modo.

𝑹𝑰𝑺𝑬 𝑶𝑭 𝑫𝑹𝑨𝑮𝑶𝑵𝑺 • 𝒈𝒐𝒕 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora