𝑹𝑰𝑺𝑬 𝑶𝑭 𝑫𝑹𝑨𝑮𝑶𝑵𝑺 • 𝒈𝒐𝒕 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏

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VISENYA TARGARYEN

Visenya passou a noite toda deitada entre seus dois maridos, sendo coberta por beijos e carinhos. Com a gravidez, Daeron e Jaehaerys andavam ainda mais afetuosos e atenciosos com ela. Conforme a noite avançou, o cansaço tomou conta deles, Daeron foi o primeiro a pegar no sono, ainda com a cabeça sobre a barriga dela, sentindo os chutes do bebê. Jaehaerys adormeceu logo em seguida, a cabeça apoiada em seu ombro, sentindo o cheiro doce de seus cabelos.

Mas Visenya sentia-se incapaz de se aquietar. Seus pensamentos giravam em círculos, como um rato perseguindo a própria cauda. De repente não conseguia mais suportar os estreitos limites do pavilhão nem por mais um momento. Ela se desvencilhou deles, primeiro apoiando a cabeça de Jaehaerys em uma almofada, e depois apoiando a cabeça de Daeron na coxa de seu tio-marido. Visenya vestiu-se, escutando a respiração suave de seus maridos que vinham da cama que dividiam.

— Missandei. — Chamou a garota que estava sentada na esteira organizando os colares de Visenya em uma caixa. — Mande selar a minha prata. E a sua montaria também.

Missandei se levantou, fazendo uma reverência.

— Às ordens de Vossa Graça. Deverei chamar seus companheiros de sangue para guardá-la?

— Não há necessidade. Não pretendo deixar o acampamento.

O bosque de oliveiras queimadas onde montara o pavilhão ficava junto ao mar, entre o acampamento dothraki e o dos Imaculados. Assim que os cavalos foram selados, Visenya e Missandei seguiram ao longo da orla, para longe da cidade. Mesmo assim, sentia Meereen nas costas, zombando dela. Dentro de Meereen, os senhores de escravos iam se reclinar em breve, vestidos com seus tokars debruados, para se banquetearem com carneiro e azeitonas, fetos de cachorro, arganazes com mel e outros alimentos do gênero, enquanto aqui fora seus filhos passavam fome. Uma súbita e violenta fúria encheu-a.

Vou derrotá-los, jurou.

Ao passarem pelas estacas e fossos que rodeavam o acampamento dos eunucos, Visenya ouviu Verme Cinzento e seus sargentos fazendo uma companhia passar por uma série de exercícios com escudo, espada curta e lança pesada. Ela viu Missandei corar ao trocar olhares com ele, e fez uma anotação mental de mencionar isso com a garota mais tarde. Outra companhia banhava-se no mar, vestida apenas com tangas de linho branco. Tinha reparado que os Imaculados eram muito asseados. Alguns de seus mercenários cheiravam como se não tivessem tomado banho ou trocado de roupa desde que o pai havia perdido o Trono de Ferro, mas os Imaculados tomavam banho todas as noites, mesmo depois de passarem o dia inteiro em marcha. Quando não havia água disponível, limpavam-se com areia, ao modo dothraki.

Os Imaculados ajoelharam à sua passagem, levando punhos fechados ao peito. Visenya devolveu a saudação. A maré estava subindo, e a rebentação espumou em volta das patas de sua prata. Via seus navios ao largo. Balerion era o mais próximo; de velas enroladas. Mais além encontravam-se as galés Meraxes e Vhagar. Na verdade, os navios pertenciam ao magíster Illyrio, e não a ela, e no entanto tinha lhes dado novos nomes quase sem pensar no assunto. Nomes de dragões, e mais do que isso; na antiga Valíria, de antes da Destruição, Balerion, Meraxes e Vhagar tinham sido deuses.

A sul do reino ordenado de estacas, fossos, exercícios e Imaculados tomando banho ficavam os acampamentos de seus libertos, um lugar muito mais ruidoso e caótico. Jaehaerys tinha armado o melhor que pôde os ex-escravos, com armas de Astapor e Yunkai, e Daeron organizou os homens capazes de lutar em quatro fortes companhias, mas não viu ali ninguém se exercitando. Passaram por uma fogueira feita com madeira trazida pelo mar, onde uma centena de pessoas se reunira para assar a carcaça de um cavalo. Sentia o odor da carne e ouvia a gordura chiando enquanto os assadores viravam o espeto.