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VISENYA TARGARYEN

Assim que o cavalo de Daeron se afastou, Visenya desceu de sua égua e desabou ao chão, curvando os ombros e começando um choro soluçado deprimente. Suas emoções vinham oscilando há semanas e ela chorava e se irritava com facilidade.

Sentia-se estúpida por não ser capaz de encarar Daeron e temia que talvez nunca mais fosse capaz disso. Ela odiava esconder algo dele, estava mais do que acostumada a compartilhar com ele seus pensamentos, medos e sonhos. Era um hábito de Visenya, e por muito tempo ela não se imaginou sendo capaz de mentir e esconder algo dele.

Entretanto, agora era inevitável. Visenya sabia que Daeron a amava profundamente e com todo o coração. E por isso não era capaz de encará-lo, de contar a verdade e partir seu coração, ele a amava e escondia seus sentimentos em respeito a ela e seu casamento, mas como ele reagiria ao saber de tudo que ela vinha escondendo? Qual seria sua reação se ela contasse que estava grávida? Grávida não de seu marido, e sim de seu tio.

Estava grávida de Jaehaerys e soube disso quando em uma noite, quando durante um banho, Jhiqui afagou com os dedos o suave inchaço em sua barriga e disse:


— Khaleesi, está à espera de um bebê.


Visenya teve que sufocar o nó na garganta e o embrulho no estômago. Foi forçada a sorrir e dizer que já sabia, que soube na noite em que seu marido voltou da batalha e a montou com um cavalo monta sua égua, disse que sentiu a semente dele e soube naquele momento que estava à espera de seu filho. Era tudo mentira. Naquela noite, Khal Drogo se embebedou com seu khas e quando a levou para tenda, a tomou por trás como sempre, mas diferente das outras noites, ela não chorou, ela fechou os olhos e se imaginou com seu tio, obtendo prazer com ele.

Visenya disse a Jhiqui que planejava contar para Khal Drogo sobre a gravidez quando chegassem em Vaes Dothrak. E por isso, a cada dia, quanto mais perto chegavam da cidade, mais aumentava seu medo. Visenya temia por ela, pelo bebê em seu ventre e por Jaehaerys. Temia que se Khal Drogo suspeitasse de algo ou soubesse e a acusasse de adultério, de ter se deitado com Jaehaerys ou pior, acusasse Daeron injustamente. Temia também pelo nascimento de seu bebê, que ao nascer teria todas as características marcantes de um Targaryen e em nada se pareceria com um Dothraki. E acima de tudo, temia pela reação de Daeron ao descobrir que ela estava grávida de Jaehaerys. Temia que ele a insultasse ou fizesse pior, olhasse para ela com repulsa e decepção. A pequena discussão com Daeron pareceu intensificar ainda mais seus medos, ela pôde sentir a tristeza na voz dele e olhar devastado quando percebeu que ela estava apaixonada por Jaehaerys, poderia ser ainda pior ao saber que havia se deitado com o tio e engravidado dele? Ela não suportava sequer pensar nisso.

Quando por fim se recompôs, voltou a montar sua égua para seguir até o khalasar e continuar a viagem.



Visenya sentiu-se indisposta durante uma semana, todas as noites após o jantar, tomava chá para adormecer cedo e com mais facilidade. Na maioria das vezes o sono a levava para um lugar tranquilo e silencioso, um lugar que ela não sentia fome o tempo todo e não estava sempre angustiada.

Faltava apenas um dia de viagem para chegarem a Vaes Dothrak. E naquela noite algo estava diferente, ela podia sentir. Quando adormeceu, sentia-se atormentada e seu sonho não pôde ser diferente de seus sentimentos.

Em seu sonho ouviu o choro de uma criança e então viu o tio no pátio de um castelo, ajoelhado no chão com uma espada diferente nas mãos. Olhou para o outro lado e viu Daeron, sentado, sozinho, olhando para as próprias mãos manchada de sangue. Mais a frente, havia sombras a toda volta, em meio a essa sombra erguia-se um homem enorme numa armadura, mas, quando abriu a viseira, nada havia lá dentro exceto escuridão e um espesso sangue negro, suas mãos enormes tentaram alcançá-la e ela gritou, com medo, chamando por Daeron e Jaehaerys, mas nenhum dos dois parecia ouvi-la, quando as mãos enormes agarraram seus braços, ele saiu arrastando-a, Visenya ouviu o choro da criança cada vez mais alto e o calor das lágrimas lhe queimou o rosto.


𝑹𝑰𝑺𝑬 𝑶𝑭 𝑫𝑹𝑨𝑮𝑶𝑵𝑺 • 𝒈𝒐𝒕 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora