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JAEHAERYS TARGARYEN

Visenya, Daeron e Jaehaerys quebraram o jejum à sombra do caquizeiro que crescia no jardim do terraço, observando os dragões se perseguirem uns aos outros em volta do cume da Grande Pirâmide onde outrora se erguera a enorme harpia de bronze. A harpia de braços abertos, agora carregava uma enorme bandeira negra com o dragão de três cabeças da casa Targaryen, um indicativo claro para qualquer um que se aproximasse da cidade que ela estava tomada pela rainha Visenya Targaryen e seus reis consortes, Daeron e Jaehaerys Targaryen.

Meereen tinha uma centena de pirâmides menores, mas nenhuma chegava sequer à metade da altura daquela em que estavam. Dali conseguiam ver toda a cidade: as estreitas vielas sinuosas e as largas ruas de tijolo, templos e celeiros, palácios, bordéis e casas de banhos, jardins e fontes, os grandes círculos vermelhos das arenas de luta. E para lá das muralhas estendia-se o mar de peltre, o sinuoso Skahazadhan, as secas colinas marrons, pomares queimados e campos enegrecidos. Ali em cima, no jardim, Jaehaerys sentia-se às vezes como um deus, vivendo no topo da montanha mais alta do mundo.

— O Senhor da Harmonia, adorado pelo Povo Pacífico de Naath, é o único deus verdadeiro. — Missandei contava um pouco da história de seu povo a Visenya. — O deus que sempre existiu e sempre existiria, que fez a lua, as estrelas e a terra, e todas as criaturas que vivem sobre elas.

— Pobre Senhor da Harmonia, deve ser terrível estar só para todo o sempre, servido por hordas de mulheres-borboletas que se podia criar ou destruir com uma palavra. — Apiedou-se Visenya. — Westeros ao menos tem sete deuses.

— Alguns septões afirmam que os sete são apenas aspectos de um deus único, sete facetas de um único cristal. — Contou Daeron, entrando na conversa. —

— Isso é uma confusão. — Foi a vez de Jaehaerys se pronunciar. — Os sacerdotes vermelhos acreditam em dois deuses, mas os dois estão eternamente em guerra.

— Eu não gostaria de estar eternamente em guerra. — Ponderou Visenya.

Missandei serviu-lhes ovos de pato e salsicha de cão e meia taça de vinho adoçado misturado com o sumo de um limão. O mel atraía moscas, mas uma vela odorífera as afastava. Descobriram que as moscas não eram tão incômodas ali em cima como no resto da cidade, mais uma coisa que lhes agradava na pirâmide.

— Tenho de me lembrar de fazer qualquer coisa a respeito das moscas. — Disse Visenya. — Há muitas moscas em Naath, Missandei?

— Em Naath há borboletas. — Respondeu a escriba na língua comum. — Mais vinho?

— Não. — Daeron respondeu por Visenya. — Muito vinho pode fazer mal ao bebê.

— Meu amor, deixe Visenya beber o quanto pede sua sede. — Jaehaerys repousou a mão firme sobre a perna de Daeron.

— Tudo bem, temos uma audiência em breve, não devemos estar com nossos pensamentos nublados por vinho. — Visenya depositou um beijo na bochecha de Jaehaerys e olhou para Missandei, que olhava para eles com um olhar de admiração.


Visenya tinha passado a gostar muito dela. A escriba com os grandes olhos dourados era possuidora de uma sabedoria bem para lá da idade. E também era corajosa. Teve de ser, para sobreviver à vida que teve.


— Um dia, espero ver essa lendária ilha de Naath. — Disse Visenya, voltando ao assunto inicial.

Missandei dizia que o Povo Pacífico fazia música em vez de guerra. Não matavam, nem sequer animais, comiam apenas frutas e nunca tocavam em carne. Os espíritos borboletas sagrados para o seu Senhor da Harmonia protegiam a ilha deles contra os que desejavam fazer-lhes mal. Muitos conquistadores tinham velejado para Naath a fim de molharem as espadas em sangue, mas só conseguiram adoecer e morrer. As borboletas não os ajudam quando os navios dos escravos fazem incursões.

𝑹𝑰𝑺𝑬 𝑶𝑭 𝑫𝑹𝑨𝑮𝑶𝑵𝑺 • 𝒈𝒐𝒕 𝒇𝒂𝒏𝒇𝒊𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora