The Great War || Rocksalt (Sua Alteza Real)

prólogo

"Can I ask you a question?
Did you ever have someone kiss you in a crowded room?
And every single one of your friends was making fun of you
But fifteen seconds latеr they were clapping, too?"

(Taylor Swift - Question...?)

Flora's POV 

Eu sempre sonhei em viver uma música da Taylor Swift, mas também tinha noção de que a chance de me acontecer um 'All Too Well' ou um 'champagne problems' era muito grande.

Até que a Millie apareceu. 

Desde então, eu sinto que estou vivendo as músicas mais românticas da minha cantora favorita em todas as 24 horas do dia, 7 dias na semana.

E isso é muito brega, então nunca contem para ela que eu falei isso.

Bom, a questão agora é que eu tenho plena noção do caos que nós duas criamos com a nossa demonstração pública de afeto. Eu sabia também que minha mãe tinha surtado bastante com a divulgação das nossas fotos em Gregorstoun, mesmo que ela não tivesse falado nada diretamente para mim.

Sendo sincera, ela até que conseguiu disfarçar bem o seu descontentamento com a situação... Acredito que ela pensou que, no final das contas, aquilo não seria um problema já que Millie e eu não estávamos mais juntas. As pessoas acabariam esquecendo do que tinha acontecido e focariam na próxima fofoca da Realeza, ainda mais com o casamento do meu irmão chegando... É, acho que foi isso que a 'consolou' e a impediu de me deserdar.

Tenho essa impressão porque, nesse exato momento, estou segurando a mão da Millie no banco de trás do carro que está nos levando de volta para o Palácio e posso sentir o nervosismo de minha mãe apenas pela maneira como ela digita em seu celular. Com certeza ela deve estar falando com algum dos assessores de Relações Públicas da nossa família.

O carro em que estávamos parecia uma van - mas eu sei que meus pais odiariam usar essa palavra. Minha mãe estava ali, como vocês já sabem, e meu pai também. Eles estavam nos primeiros bancos, logo depois do banco do motorista. Meu irmão Alex estava com sua noiva no banco que ficava atrás do deles e no último banco estávamos eu, Millie e Seb.

Ao nosso redor tinham vários carros cheios de seguranças e também algumas motos com policiais da Escócia, todos para fazer a nossa escolta. Fico observando toda aquela bagunça e começo a me perder em pensamentos.

Alguns anos atrás, quando comecei a me entender e me assumi para minha mãe, eu só conseguia me odiar por causar todo aquele sofrimento nela.

Mas agora, eu só penso que gostaria que ela enxergasse que eu continuo a mesma Flora que sempre fui antes dela saber sobre esse detalhe da minha vida. Queria que ela enxergasse que eu não sou mais uma menininha rebelde procurando problemas, eu só estou tentando viver a minha vida ao lado da garota que eu amo.

Ah, verdade, ainda tem esse detalhe... 

Tudo aconteceu rápido demais depois que Millie e eu nos beijamos na frente de todos. Nós mal tínhamos nos afastado e os seguranças a puxaram para se juntar a mim e a minha família na Caminhada Real. Com certeza não seria seguro para ela voltar para o meio da multidão depois da cena que protagonizamos... As pessoas conseguiam ser muito invasivas quando queriam.

Eu notei que ela começou a ficar assustada com toda aquela movimentação e segurei sua mão imediatamente. Não soltei desde então.

Nós não tivemos chance de trocar muitas palavras depois disso, com toda a minha família e outras pessoas desconhecidas ao redor. 

Então... Eu não consegui falar que também a amo. 

Não acho que ela esteja muito preocupada com isso agora, já que continua com a cara de Quint Pensativa que ela sempre faz quando está desconfortável com alguma coisa.

-Está tudo bem? - sussurrei, fazendo um carinho leve em sua mão.

Ela olhou para mim e eu percebi que seu olhar relaxou ao encontrar o meu. Gostei de notar isso.

Ela assentiu em silêncio. Parecia com medo de falar qualquer coisa e receber uma ordem de prisão da minha mãe ou seja lá o que ela pensa que poderia acontecer... 

-Se você falar que se arrependeu, eu te mando para o primeiro calabouço que eu achar nesse castelo - sussurrei e ela riu baixinho, claramente se controlando para não fazer barulho. 

-Não vou me arrepender de nada - ela sussurrou de volta e eu senti de verdade que meu coração estava grande demais para caber dentro do peito.  

É sério, não contem para ela que eu estou falando esse tipo de coisa.

-Ótimo, sem calabouço para você então - sorri, tentando manter a minha pose de princesa convencida.

Ela riu novamente e seu olhar foi para a minha boca, mas rapidamente voltou para meus olhos. Ela ficou um pouco vermelha e o meu sorriso aumentou. Eu a amava demais mesmo.

Me aproximei mais e dei um selinho em seus lábios, vendo seu rosto ficar ainda mais vermelho. Mesmo com vergonha, ela sorriu e encostou sua testa na minha.

-Vai ficar tudo bem, não vai? - ela me perguntou baixinho, fechando os olhos.

-Nós estamos juntas - sussurrei, fazendo um leve carinho em sua bochecha - É claro que vai.