17. suburban legends

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"We were born to be suburban legends
When you hold me, it holds me together"

(Taylor Swift - Suburban Legends)

Flora's POV

Não foi surpresa nenhuma quando acordei com uma forte ressaca no 1º dia do ano. De fato, a única surpresa ali era o fato eu estar sorrindo desde que abri os olhos nessa manhã, como se nem estivesse sentindo dor de cabeça.

-Por que você tá rindo? Eu tô com remela? - Quint, ainda deitada ao meu lado, me perguntou. Sua voz soava baixinha, sinal de que ela também tinha acabado de acordar.

-Está sim - respondi, segurando uma risada. Não posso perder nenhuma oportunidade de zoar minha namorada, né? - Mas não estou rindo por causa disso. Eu só estou muito feliz.

-É? Eu também - Quint sussurrou, entrelaçando nossos dedos por baixo da coberta. 

Me aproximo para beijá-la, mas Quint se afasta imediatamente.

-Eu ainda não escovei os dentes.

-E? Nem eu - franzi o cenho, tentando me aproximar novamente. Ela se afastou mais uma vez - Sério, amor? Tem intimidade para me perguntar de remela mas não quer me beijar com bafo?

-Que nojeira, Flora - Quint riu e eu acabei rindo também. Ela se levantou e correu para o banheiro de nossa suíte na Casa Branca, ignorando os meus protestos - Eu já volto!

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Os dias passaram depressa durante nossa estadia em Washington. Acompanhamos Alex e Henry em algumas instituições de caridade que eles ajudavam, fizemos alguns pronunciamentos dirigidos pela Casa Branca - e devidamente aprovados por meu irmão Alex - e também tivemos um tempinho para descansarmos. 

Tenho evitado mexer muito em meu celular, por mais que soubesse que precisaria encarar minha mãe. Lógico que eu imaginava que ela não estaria nada feliz com as mentiras que inventamos, muito menos com toda a atenção que estamos recebendo internacionalmente. E mesmo tendo todos os argumentos do mundo para justificar minhas atitudes, pensar em encará-la agora era desesperador.  

Porém, depois de 3 dias ignorando suas mensagens, eu decidi que precisava enfrentar aquela situação. Liguei para meu irmão Alex, esperando que ele atendesse para pedir que passasse o celular para nossa mãe. Porém, isso não foi necessário.

"Flora?"

-Mãe! Era com você mesmo que eu queria falar...

"Era? Então por que ligou para seu irmão?"

Seu tom de voz parecia ligeiramente brincalhão e isso me assustou.

Acho que nunca vi minha mãe fazer uma piada na vida. 

-Porque são os seus assessores que atendem o seu celular - respondi e ela riu. O que está acontecendo? - E eu ia pedir para o Alex passar o telefone para você.

"Entendi... O que você gostaria de falar comigo?"

Eu sentia que aquilo era uma armadilha. Ela iria me fazer sentir culpada por ter omitido que iríamos visitar a Casa Branca. Iria me pressionar a voltar para a Escócia o quanto antes para "controlar os danos" e, principalmente, me impediria de continuar a viagem com Quint. 

Mas, de repente, eu parei de sentir medo.

Eu não precisava me justificar, afinal, eu fiz tudo isso com o auxílio de outras pessoas que também acreditavam que eu merecia viver aqueles momentos. E eu não precisava me adequar em todas as regras de uma instituição que eu não pedi para fazer parte. 

The Great War || Rocksalt (Sua Alteza Real)Onde histórias criam vida. Descubra agora