Cap 07

435 29 0
                                    

Acordei no sábado de manhã com uma ressaca monstruosa, e só conseguia pensar que era aquilo mesmo que eu merecia. Por mais que detestasse a insistência de Sarah de negociar sexo com a mesma facilidade com que discutia uma fusão empresarial, no fim acabei entrando no jogo.

Meu desejo por ela justificava o fato de eu assumir um risco calculado e quebrar minhas próprias regras. Eu me consolei com a ideia de que ela também estava quebrando algumas das dela.

Depois de um banho bem longo e quente, fui para a sala e encontrei Camilla deitada no sofá com seu netbook, parecendo muito bem desperta e revigorada.

Sentindo o cheiro de café na cozinha, fui até lá e enchi a maior caneca que consegui encontrar.

— Bom dia, dorminhoca. — Ela disse.

Segurando com as duas mãos minha tão necessária dose matinal de cafeína, eu me juntei a ela no sofá.

Camilla apontou para uma caixa na mesa de centro. — Chegou enquanto você estava no banho.

Deixei a caneca de café sobre a mesa e apanhei o embrulho de papel pardo. Meu nome escrito diagonalmente na tampa da caixa com uma caligrafia floreada. Dentro dela havia uma garrafinha âmbar com os dizeres "cura ressaca" pintados em uma fonte estilo retrô e um bilhete amarrado com ráfia no gargalo em que se lia "Beba-me". O cartão de visitas de Sarah estava cuidadosamente aninhado no papel de seda que protegia o embrulho.

Ao analisar o presente, considerei-o bastante conveniente. Desde que havia conhecido Sarah, eu tinha entrado em um mundo fascinante e sedutor em que quase nenhuma das regras conhecidas do bom senso se aplicava. Eu estava desbravando um território desconhecido, o que era ao mesmo tempo excitante e assustador.

Olhei para Camilla, que encarava a garrafa com um ar de dúvida.

— Saúde. — Tirei a rolha e bebi o conteúdo sem pensar duas vezes. Tinha gosto de xarope para tosse, espesso e doce. Meu estômago se contraiu de desgosto por um momento, depois esquentou. Limpei a boca com as costas da mão e enfiei a rolha de volta na garrafa vazia.

— O que era isso? — Perguntou Camilla.

— Pelo tanto que queima, mais álcool.

Ela franziu o nariz. — Um método eficiente, mas desagradável.

E funcionava mesmo. Eu já estava começando a me sentir melhor.

Camilla apanhou a caixa e retirou de lá o cartão de Sarah. Ela o virou e mostrou para mim. No verso, Sarah havia escrito "Me ligue" com uma letra apressada e anotado seu telefone.

Peguei o cartão, envolvendo-o com minha mão. Aquele presente era a prova de que ela estava pensando em mim. Sua determinação e insistência eram sedutoras. E uma espécie de elogio.

Não havia como negar que Sarah havia derrubado todas as minhas barreiras. Queria sentir de novo aquilo que experimentei quando ela me tocou, e adorei o modo como reagiu quando eu a toquei. Quando parei para refletir sobre o que não faria para ter suas mãos sobre meu corpo de novo, não consegui pensar em muita coisa.

Camilla quis me passar o telefone, mas fiz que não com a cabeça. — Ainda não. Quero estar bem lúcida quando falar com ela, e ainda estou meio zonza.

— Vocês duas pareciam estar se dando muito bem ontem à noite. Ela está muito a fim de você.

— E eu estou muito a fim dela. — Aninhando-me no canto do sofá, apoiei o rosto no estofamento do encosto e abracei os joelhos. — A gente vai sair, se conhecer melhor, fazer sexo casual, mas fisicamente intenso, e continuar sendo independente. Sem vínculos, sem expectativas, sem compromisso.

Sou sua Onde histórias criam vida. Descubra agora