Cap 14

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Cliquei nos outros links da mensagem e encontrei a mesma foto, acompanhada de legendas e artigos parecidos. Assustada, recostei—me no assento e refleti sobre o significado de tudo aquilo. Se um beijo já causava tanto rebuliço, que chance teríamos de tentar construir um relacionamento?

Minhas mãos estavam trêmulas quando fechei as abas do navegador. Eu não tinha

!

levado em conta a repercussão na imprensa, mas deveria. — Droga.

O anonimato era meu aliado. Protegia-me do passado. Protegia minha família do constrangimento, assim como Sarah. Eu não tinha nem perfis em redes sociais para que pessoas que não tivessem acesso a mim no dia a dia não conseguissem me encontrar. Essa parede invisível entre mim e a exposição pública havia sido demolida.

— Que inferno.

Suspirei ao me ver em uma situação indesejável que poderia ter sido evitada caso minha mente se preocupasse com alguma coisa além de Sarah. E eu ainda tinha que levar em conta a reação dela a essa situação toda... Eu me remoí por dentro só de pensar nisso. E tinha também minha mãe. Não demoraria muito para ela me ligar e fazer o maior estardalhaço...

— Merda.

Lembrei que ela ainda não tinha meu celular novo, e liguei para o serviço de mensagens de voz do número antigo para saber se ela tinha tentado falar comigo. Estremeci quando ouvi que minha caixa postal estava cheia. Desliguei o telefone, peguei a bolsa e saí para o almoço, com a certeza de que Camilla me ajudaria a pôr as coisas em seus devidos lugares.

Eu estava tão perturbada quando cheguei ao saguão do edifício que saí do elevador com a cabeça concentrada unicamente em encontrar minha amiga. Quando a vi, parti diretamente em sua direção sem pensar em mais nada, pelo menos até Sarah parar bem na minha frente e bloquear o caminho.

— Juliette. — Ela me olhou franzindo a testa. Agarrou meu cotovelo e me puxou para o lado. Foi quando percebi as duas mulheres e o homem que estavam fora do meu campo de vista até então.

Precisei de certo esforço para conseguir sorrir para eles. — Olá.

Sarah me apresentou a seus companheiros de almoço de negócios, depois pediu licença e me puxou até um canto. — O que aconteceu? Você está chateada.

— Está em toda parte. — Sussurrei. — Uma foto de nós duas juntas. Ela concordou com a cabeça. — Eu vi.

Olhei bem para ela, piscando várias vezes, perplexa com sua tranquilidade. — E você nem liga?

— Por que deveria? Pela primeira vez, estão dizendo a verdade.

Uma desconfiança sorrateira despertou dentro de mim. — Você planejou tudo. Isso é coisa sua.

— Não exatamente — Ela respondeu, sem se alterar. — O fotógrafo estava lá por acaso. Eu só proporcionei a ele uma imagem que valia a pena divulgar, e falei pra assessoria de imprensa deixar bem claro que você é minha.

— Por quê? Por que você faria isso?

— Você tem sua maneira de lidar com o ciúme, e eu tenho a minha. Nós duas estamos comprometidos, e agora todo mundo sabe disso. Por que isso seria um problema?

— Eu estava preocupada com sua reação, mas não é só isso... Existem coisas que você não sabe, e eu... — Respirei bem fundo, sentindo meu corpo tremer. — Nossa relação não pode ser assim, Sarah. Não pode vir a público. Eu não quero... droga. Vou virar

motivo de constrangimento pra você.

— Não vai, não. Isso é impossível. — Com uma das mãos, ela afastou uma mecha de cabelo que tinha caído sobre meu rosto. — Podemos conversar sobre isso mais tarde? A não ser que você precise de mim...

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