A manhã seguinte foi permeada por acontecimentos surreais. Cheguei ao trabalho e passei o tempo todo com frio. Não conseguia me aquecer de jeito nenhum, apesar de estar vestindo um cardigã por cima da blusa e um cachecol que não combinava com nenhuma das duas peças.
Estava demorando mais do que deveria para entender as coisas, e não conseguia espantar um sentimento irracional de medo. Sarah não tentou entrar em contato de forma nenhuma. Não recebi nada no celular depois da minha mensagem na noite anterior. No e-mail também não. Nem um bilhete.
Esse silêncio era desesperador. Principalmente depois do novo alerta diário do Google, com fotos e vídeos de nós duas no Bryant Park feitos por celular. A visão de nós como um casal, a paixão e o desejo, a intensidade estampada em nosso rosto, a felicidade da reconciliação, era ao mesmo tempo doce e amarga.
Uma dor cresceu no meu peito. Sarah. Se nossa relação não desse certo, eu conseguiria parar de pensar nela?
Tive que me esforçar para me recompor. Gil teria uma reunião com Sarah naquele dia. Talvez por isso ela não tivesse entrado em contato. Ou talvez estivesse realmente muito ocupada. É claro que devia estar, considerando seu cronograma de negócios.
Até onde eu sabia, ela pretendia ir à academia comigo depois do trabalho. Soltei um suspiro e disse a mim mesma que de alguma forma as coisas se resolveriam. Por bem ou por mal.
Faltavam quinze para o meio-dia quando o telefone da minha mesa tocou. Pelo mostrador, vi que a chamada vinha da recepção. Não consegui esconder minha decepção ao atender.
— Oi, Juliette. — Thaís me cumprimentou toda simpática. — Uma moça chamada Viviane Queiroz está aqui pra falar com você.
— Comigo? — Olhei para o monitor do computador, confusa e irritada. As fotos do Bryant Park teriam sido motivo suficiente para fazer Viviane sair do seu covil?
Qualquer que fosse a razão, eu não tinha o menor interesse em falar com ela. — Você pode pedir pra ela esperar? Preciso resolver uma coisinha primeiro.
— Claro. Vou pedir pra ela se sentar um pouquinho.
Desliguei o telefone, peguei o celular e encontrei o número do escritório da Sarah na agenda. Para meu alívio, foi João quem atendeu.
— Oi, João. É a Juliette Freire.
— Oi, Juliette. Quer falar com o senhorita Andrade? Ela está numa reunião, mas posso passar a ligação.
— Não, não precisa incomodar.
— Tenho ordens para isso. Ela não vai se incomodar.
Fiquei muito contente ao ouvir isso. — Acho meio chato jogar esse tipo de coisa no seu colo, mas tenho um pedido a fazer.
— O que for preciso. Tenho ordens pra isso também.
A solicitude de sua voz me deixou ainda mais tranquila. — Viviane Queiroz está aqui no vigésimo. Pra ser sincera, a única coisa sobre a qual poderíamos conversar seria Sarah, e essa ideia não me agrada nem um pouco. Se ela tem alguma coisa para falar, deveria se dirigir diretamente a sua chefe. Você pode mandar alguém pra levá-la aí pra cima?
— Claro. Vou cuidar disso agora mesmo. — Obrigada, João. Agradeço.
— É um prazer poder ajudar, Juliette.
Desliguei o telefone e me recostei na cadeira, sentindo-me um pouco melhor e orgulhosa de mim mesma por não ter me deixado levar pelo ciúme. Apesar de detestar a ideia de que ela ainda tivesse contato com Sarah, eu não havia mentido quando disse que confiava nela.
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Sou sua
ФанфикJuliette acaba de conseguir um emprego em uma das maiores agências de publicidade. Tudo parece correr bem, até que ela conhece a jovem bilionária Sarah Andrade que imediatamente se interessa por ela. Juliette faz tudo o que pode para resistir à tent...