Cap 21

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As manhãs de segunda-feira podiam ser formidáveis quando começavam ao lado de Sarah Andrade. Fomos para o trabalho com minhas costas junto a seu corpo e seus braços sobre meus ombros, para que pudéssemos atar nossas mãos. Enquanto ela brincava com o anel que tinha me dado, estiquei as pernas e admirei os sapatos de salto alto que ela havia comprado, junto com algumas roupas, para eu usar quando dormisse em sua casa. Para começar a nova semana, eu tinha escolhido um vestido justo preto com risca de giz e um cinto verde que me lembrava de seus olhos. Ela tinha um ótimo gosto, isso eu era obrigada a admitir. A não ser que Sarah estivesse mandando uma de suas conhecidas de cabelos loiros fazer essas comprinhas... Logo afastei esse pensamento desagradável.

Quando abri as gavetas que ela separou para mim no banheiro, encontrei todos os cosméticos e produtos de higiene que costumava usar. Nem me dei ao trabalho de perguntar como ela sabia, já que provavelmente não ia gostar da resposta. Em vez disso, decidi encarar a coisa como mais uma prova de sua dedicação. Ela sempre pensava em tudo.

O ponto alto da minha manhã foi ajudar Sarah a vestir um dos seus sensualíssimos ternos. Fiquei impressionada com o fato de que vesti-la podia ser uma experiência tão sexy quanto despi-lá. Era como embrulhar um presente para mim mesma. O mundo todo veria a beleza da embalagem, mas só eu conhecia a mulher por baixo dela e sabia como ela era preciosa. Seus sorrisos mais íntimos e suas gargalhadas gostosas, a gentileza de seu toque e a ferocidade de sua paixão estavam reservados só para mim.

O Bentley sacudiu levemente ao passar por um buraco e Sarah me apertou um pouco mais em seu abraço. — Quais são seus planos para depois do trabalho?

— Hoje começam minhas aulas de kravmaga. —Meu tom de voz mostrava como eu estava animada com isso.

— Ah, é verdade. — Ela roçou os lábios na minha cabeça. — Você sabe que vou querer ver você aprendendo os golpes. Só de pensar já fico com tesão.

— Já não ficou bem claro que qualquer coisa deixa você com tesão? — Provoquei, cutucando-a com o cotovelo.

— Qualquer coisa relacionada a você, o que é bom pra nós duas, já que você é insaciável. Me mande uma mensagem quando terminar a aula e eu passo na sua casa.

Revirando a bolsa, peguei o celular para ver se ainda estava carregado e vi uma mensagem de Camilla. Era um vídeo, acompanhado de um breve texto: Andrade sabe que o irmão dela é um fdp? Fique longe de Fiuk gata, bjs.

Comecei a assistir à filmagem, mas demorei um tempo para descobrir do que se tratava. Quando enfim entendi o que havia ali, senti meu sangue gelar.

— O que é isso? — Sarah perguntou com os lábios colados em meus cabelos. Depois senti seu corpo todo enrijecer atrás de mim, o que comprovava que ela estava vendo tudo.

O vídeo havia sido feito na festa dos Vidal. Pelas paredes de plantas ao redor, dava para ver que ele estava no labirinto, e pelas folha emoldurando a imagem, dava para ver que ele estava escondido. Os protagonistas da filmagem eram um homem e uma mulher em um abraço apaixonado. A bela mulher estava aos prantos, ao passo que o homem a beijava em meio a suas palavras frenéticas e a consolava com carícias. Estavam falando sobre mim e Sarah, dizendo que eu estava usando meu corpo para faturar alguns de seus milhões.

— Não se preocupe — Fiuk disse num tom suave a uma Viviane perturbada. — Você sabe que o interesse de Sarah nunca dura muito.

— Com ela é diferente. Acho... acho que ela está apaixonada. Ele deu um beijo na testa dela. — Ela não faz o tipo dela. Apertei os dedos de Sarah entre os meus.

À medida que o tempo passava, o comportamento de Viviane aos poucos foi mudando. Ela começou a ceder ao toque de Fiuk, sua voz se tornou mais suave, sua boca, mais acessível. Para um observador externo, logo ficava claro que ele conhecia bem seu corpo, sabia onde acariciar e onde apertar. Quando ela enfim reagiu à sua bem ensaiada sedução, ele levantou seu vestido e transou com ela ali mesmo. O fato de que estava se aproveitando da situação saltava aos olhos. Era visível em seu olhar triunfante de desprezo enquanto enfiava o pau em uma mulher cujos pensamentos pareciam estar muito distantes dali.

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