Cap 09

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Não me lembro bem do que aconteceu depois que chegamos. Os flashes dos fotógrafos espalhavam ao nosso redor enquanto andávamos pela área de imprensa, mas eu mal me dei conta disso, estava sorrindo apenas por inércia. Na verdade, estava retraída e ansiosa para me livrar da tensão que Sarah exalava na minha direção.

No momento em que entramos, alguém chamou seu nome e ela se virou. Saí de fininho, olhando ao redor, para os outros convidados, que lotavam a entrada acarpetada do evento.

Quando cheguei à recepção, apanhei duas taças de champanhe da bandeja de um garçom que passava e virei uma delas enquanto procurava por Camilla. Quando a vi do outro lado do salão junto com minha mãe e Stanton, fui direto até lá, descartando a taça vazia sobre uma mesa no caminho.

— Juliette! — A expressão da minha mãe se iluminou ao me ver. — Esse vestido ficou maravilhoso em você!

Ela me cumprimentou beijando minhas bochechas sem tocá-las. Estava linda em um vestido longo e justo, azul e brilhante. Suas orelhas, seus pulsos e sua garganta estavam adornados de safiras, ressaltando a cor de seus olhos e o tom de sua pele.

— Obrigada.

Dei um gole na segunda taça de champanhe, lembrando que havia planejado expressar minha gratidão pelo vestido. Enquanto agradecia pelo presente, não estava mais tão contente com sua conveniente abertura na perna. Camilla tomou a frente, pegando-me pelo cotovelo. Só de olhar para meu rosto ela percebeu que eu estava chateada. Balancei a cabeça, mostrando que não queria falar sobre o assunto naquele momento.

— Mais champanhe, então? — Ela perguntou, gentil. — Por favor.

Senti que Sarah se aproximava antes mesmo de ver o rosto de minha mãe se iluminar como a Times Square em noite de Ano Novo. Stanton também pareceu se ajeitar e se empertigar todo.

— Juliette. — Sarah apoiou a mão na parte inferior de minhas costas nuas, e uma onda de choque percorreu meu corpo. Com seus dedos grudados em mim, perguntei- me se ela sentia a mesma coisa. — Você fugiu.

Fiquei gelada com o tom de reprovação que ouvi em sua voz. Eu a fuzilei com um olhar que dizia tudo aquilo que eu não podia falar em público. — Richard, você conhece Sarah Andrade?

— Sim, é claro. — Os dois se cumprimentaram.

Sarah me puxou mais para perto. — Temos a sorte de acompanhar as duas mulheres mais bonitas de Nova York.

Stanton concordou, abrindo um sorriso para minha mãe. Virei o restante do meu champanhe e troquei com gratidão a taça vazia pela que Camilla havia me trazido. O álcool produzia uma leve queimação no meu estômago, e ajudava a desatar um pouco o nó que havia se formado lá dentro.

Sarah se inclinou na minha direção e cochichou em um tom áspero — Não se esqueça de que você está comigo.

A mulher era maluca? Que conversa era aquela? Meus olhos se estreitaram de raiva. — Olha só quem fala.

— Aqui não, Juliette. — Ela acenou com a cabeça para todos e me levou dali. — Agora não.

— Nem nunca. — Murmurei, concordando em ir com ela só para poupar minha mãe daquela cena.

Virando taças de champanhe, eu me coloquei no piloto automático e passei a agir num modo de autopreservação ao qual não recorria havia muitos anos. Sarah me apresentou a algumas pessoas, e acho que minha atuação foi boa, falando nos momentos certos e sorrindo quando necessário, mas não estava prestando a mínima atenção. Eu estava mais preocupada com a parede de gelo que se ergueu entre nós, com minha raiva e minha mágoa. Caso eu ainda precisasse de alguma prova da determinação de Sarah em evitar interações sociais com as mulheres com quem dormia, tinha acabado de obtê-la.

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