Quindicesimo Capitolo

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Hericco Santinelle

Felizmente não demora muito para que chegássemos, eu pago a corrida logo em seguida e saio do carro conferindo se não deixei nenhuma mancha de sangue, agradeço com um pouco de dificuldade o taxista e sigo para a casa.

Antes que eu consiga chegar até a porta minha tia sai de casa completamente preocupada vindo até mim.

- Dio Hericco, o que aconteceu com você? - perguntou preocupada me ajudando a entrar em sua casa.

- Meu pai não parece gostar muito de mim – digo com um pouco de dificuldade me sentando no sofá de sua casa.

- Eu avisei sua mãe que aquele não era um bom homem – resmungou com uma cara nada boa – vou levá-lo no hospital e depois na delegacia para prestarmos queixa – disse seriamente.

Só de imaginar isso tenho medo, medo de que os outros descubram uma coisa que tão poucas pessoas sabem, até mesmo minha tia seria cruel comigo se soubesse.

- Não precisa disso – falei com medo.

Antes que ela pudesse falar alguma coisa o telefone toca, eu sei que só pode ser um deles, eles vão falar e minha tia vai me expulsar daqui, não vou ter para onde ir, não há mais ninguém que possa me acolher por enquanto.

Dezesseis Anos Depois.

Como podem imaginar não foi bonito depois daquela ligação, de fato eu tive uma supressa quando minha tia me deixou ficar até que meus machucados melhorassem um pouco, ela me deu comida e higiene básica por todo o mês que se seguiu, mas assim que isso passou me colocou para fora com algumas palavras que eu nunca vou esquecer, mas que não quero nunca mais lembrar.

Claro que não conte isso para Antonella, nunca falaria isso para minha filha, ela não precisa carregar a dor do meu passado, nunca.

- Antonella eu quero que entenda que a minha história com a família Santinelle ficou no passado – falei me sentando ao seu lado – a muito tempo eu estava em uma família muito ruim, tão ruim quanto a sua – falei e respirei fundo – eles não gostavam nada que eu gostasse de outros homens, achavam que isso era anormal então me machucaram muito e me jogaram na rua – digo querendo chorar com as lembranças.

- E aí você conheceu o Luccas? - perguntou me olhando.

- Foi um pouco depois – falei com um pequeno sorriso nos lábios - mas mesmo com tudo, com os meus traumas e passado a família dele me acolheu, os Santinelle me acolheram, me receberam com os braços abertos, assim como fizeram com você e Zöe - digo sorrindo para ela.

- Sinto muito – falou segundos depois.

- Eu também sinto, porém, não importa mais.

Luccas Santinelle

Dia Seguinte

- Gostou da camisa? – pergunto mostrando-a para Antonella, era uma camisa bonita, toda em azul e verdade, com alguns detalhes em dourado.

- É horrível – respondeu ela alguns segundos depois fazendo uma leve careta olhando a blusa ainda em minhas mãos – eu prefiro o macacão que não vai até os pês - debocha completamente solta com as palavras.

A única coisa que posso fazer é sorrir com as suas palavras, a visita que fizemos ontem a meus pais ajudou mais do que eu esperava, agora Antonella que antes era calada e retraída está mais solto e feliz, ela fala mais tanto comigo quanto com Hericco, que está mais do que só feliz em sempre ouvi-la.

- Eu gostei da roupa – digo sorrindo para ela.

- Eu só poderia gostar dessa roupa se fosse velha igual o senhor papai – disse isso e logo depois se vira e começa a andar pela loja olhando mais algumas roupas.

Eu fico parado olhando para o lugar onde ela estava sem reação, não sei se fico feliz por ela ter me chamado de pai ou irado por ser chamado de velho. Um misto real de emoções, mas estou tão feliz por ela me chamar de pai que tudo o que foi dito antes ou depois naquela frase são invalidados no mesmo segundo na minha cabeça.

Hericco se aproximou de mim sorrindo, ele me dá um beijo na bochecha chamando minha atenção para ele, eu me viro ainda com um grande sorriso no rosto.

- Ela me chamou de pai – digo com um sorriso bobo nos lábios – ela me chamou de pai – voltei a repetir.

- Eu ouvi o que ela disse – falou meu marido me observando calmamente, também sorrindo;

Observo calmamente enquanto Antonella escolhe algumas roupas na parte infantil da loja, ela olha bem as peças e algumas vezes até mesmo o preço, mesmo que tenhamos dito a ela que isso não importa, o que é importante é que ela se sinta bem com tudo o que compremos a ela.

Zöe estava paciando pela loja sobre nossa supervisão como pedimos a ela, olhava para as peças e até pegava algumas, mas o que estava fascinando a loira era os milhares de brinquedos que estavam na loja a frente de nós.

- Acho que elas gostaram – disse Hericco sorrindo ao meu lado enquanto intercalava o olhar entre as duas.

- Elas merecem tudo isso e muito mais – digo olhando para as duas também.

__________*__________

- Já tomaram Gelato (sorvete) italiano? – pergunto olhando para as meninas que estavam perto de mim.

- Eu nunca tomei – disse Zöe sorrindo, tentando falar em italiano, quase perfeito.

- Eu nunca estive na Itália – respondeu Antonella olhando para a sorveteria ao nosso lado com muita curiosidade, mais do que eu imaginaria vindo dela.

- Vocês vão amar então – disse Hericco entrando na sorveteria logo em seguida.

Entremos logo atras dele, Hericco pega Zöe para ver os sabores de sorvete, e eu faço o mesmo com Antonella.

A menina olha desconfiada para a sorvetes, realmente não há muitos saberes, essa é uma gelateria tradicional da Sicília, uma das primeiras do estado, meus pais me trazem aqui dês de que eu era pequeno e mesmo com a pequena quantidade de opções ainda sim a qualidade compensam.

Assim que todos estávamos com os sorvetes que escolhemos nos sentamos na mesa e começamos a comer.

Ouço Zöe deu um gritinho quando coloca a primeira colher de sorvete na boca, pegando Hericco de surpresa, mas logo ele percebe que não é nada de ruim que estava acontecendo e sim uma coisa boa.

- Gostoso? – perguntou Hericco olhando para ela sorrindo alguns segundos depois.

- Muito – responderam juntos muito animadas.

Eu e Hericco só rimos das meninas se lambuçando de sorvete, realmente elas parecem ter gostado bastante, talvez pudéssemos levar umas caixas para casa e comermos durante a semana, falarei com Hericco depois, ele ama sorvete mesmo.

Eu acho que nunca estive mais feliz do que nesse momento, eu e Hericco finalmente temos o que sempre quisemos, temos nossa pequena família. 

Luccas Santinelle (Spin-off da Trilogia Meu Criminoso)Onde histórias criam vida. Descubra agora