Capítulo 32 - Preocupações

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Publicado em: 02/05/2023

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KAOJAO

Eu estava feliz com as coisas do jeito que estavam indo, apesar de ainda estar me acomodando com o novo rumo da minha relação com P'Sky, mas era confortável ter ele por perto. E, eu tive uma constrangedora surpresa depois do nosso primeiro beijo... Meu amigo Toh, havia nos seguido até a cozinha e, nos fotografou, só não teve mais fotos porque P'Nuea o arrastou para não nos atrapalhar. Mas apesar da vergonha, fiquei muito grato por meu amigo ter eternizado esse nosso doce momento, pois era capaz de eu acreditar que não passou de um lindo e romântico momento. Também, fiquei mais tranquilo por P'Sky prometer se cuidar melhor e, não esconder mais nada de mim.

Bem ... Estar no nosso quarteto significava basicamente aguentar nossos surtos e confusões, talvez por isso éramos somente quatro... E, o surto da vez (o que já era mais provável) , foi Toh completamente estressado por que P'Nuea o convidou para ir conhecer seus pais oficialmente naquele final de semana, ele inclusive estava imitando uma galinha, enquanto lanchávamos. Tentamos todos os argumentos para acalma-lo, mas como nada adiantava, resolvemos ajudá-lo a dar uma repaginada no visual, para se sentir mais confiante em seu encontro. Nossa produção acabou deixando P'Nuea mais possessivo com nosso amigo, tanto que saiu arrastando ele, quando P'Kongkwan começou a elogia-lo e, querer toca-lo para implicar.

P'Fon e P'Kongkwan só faziam rir quando P'Sky concluiu corretamente que nossa intenção era exatamente aquela e, mexeu comigo dizendo que me mostraria o quanto ele, também, poderia ser possessivo... P'Sky as vezes não tem jeito, teimou em tentar me suspender e, fracassou consecutivamente até aceitar essa impossibilidade e, mudar de tática, colocou o braço em torno do meu pescoço e saiu me arrastando. Acabou que Som ficou por lá sozinha, pois as meninas se despediram e Daisy recebeu uma mensagem de P'Intouch convidando para sair. Eu realmente, tive que ouvir as reclamações dela na segunda pela manhã enquanto aguardávamos Toh e Daisy.

O primeiro a chegar foi Toh, que caminhava quase nas nuvens, todo feliz e cheio de si, ele sentou a nossa mesa de frente para a gente, ávido para compartilhar sobre seu encontro, pois os pais de P'Nuea o aprovaram como namorado do filho. Mas como meu amigo é tão previsível quando se trata desse Phi específico... questionei se ele não tinha adquirido nenhuma "lembrancinha" estranha e, depois de o pressionarmos, Toh confessou que levou para casa uma cabeça de porco, quase o matamos. E, quando achávamos que mais nada de esquisito pudesse ocorrer aquela manhã... Daisy chega com um novo visual, andando estranho e coloca o pé de forma grosseira no banco ao lado de Toh, nos deixando chocados.

- Posso sentar com vocês? - Daisy perguntou em um tom de voz mais grosso, bem diferente do seu tom normal.

- Uau... Que diabos? - Som estava atordoada.

- O que aconteceu, Daisy? - Eu questionei confuso.

- Porque você está assim? - Som estava tentando compreender.

- Eu acho que algo deve ter acontecido... Diga-nos. - Toh tentou também.

- Argh... Não! Não aconteceu nada! - Daisy descartou a hipótese . - Tudo que vocês precisam saber é que de agora em diante eu sou Day, o masculino viril, não sou mais a Daisy feminina que vocês conheciam. - Informou, contradizendo seu próprio argumento de que não tinha acontecido nada.

Enquanto estávamos tentando processar aquela informação, um celular começou a tocar na mesa ao lado da nossa, era um toque de cachorro latindo, o que fez Daisy soltar um grito de susto, jogando por terra toda a história de homem viril. Então começamos a implicar achando que era brincadeira, mas como Daisy não saiu do seu novo papel, ficamos receosos de que algo grave realmente tenha acontecido e, voltamos a pressionar pela verdade. Daisy mudou de assunto descaradamente, nos convocando para a aula e, já saiu andando, para o lado errado, o que mostrava estar com o espírito perturbado. Nós três nos olhamos sem saber o que fazer, seguimos para aula, mas com a certeza de arrancar a verdade depois.

A aula ocorreu tranquila, tirando a invasão de P'Nuea que nos foi levar as sobremesas que P'Fon boa mandou e, flertar um pouco com Toh. Logo após ao términos nos encaminhamos para o refeitório para almoçar. Deisy demorou a se sentar e, antes de chegar a mesa derrubou a colher no chão, ficamos observando enquanto a atuação de homem viril, prosseguia firmemente. Era tão estranho ver Daisy daquele jeito, parecia mais frágil do que costume, pois sabíamos que estava sofrendo e não queria se abrir. A gota d'água foi quando Daisy quase provocou seu vômito, por nojo de usar a colher suja, o que acreditávamos até o último instante que ela não iria fazer. Som se irritou com aquilo e deu a sua colher e tirou a suja de perto.

- Se você deixou cair a colher, pegue a minha. - Som disse com um ar preocupado, na verdade todos estávamos.

- E, se deixar cair de novo, pode pegar a minha. - Acrescentei para que Daisy tivesse a certeza que estávamos ali.

- Você, também, pode ficar com a minha. - Toh se disponibilizou também.

- Daisy, se quiser tentar ser Day vá em frente e faça, estaremos aqui para te apoiar! - Eu tentei trazer o assunto a tona para que Daisy ficasse a vontade para se abrir conosco, pois estava sendo doloroso assistir aquilo tudo.

- Jao, você o conhece melhor do que isso. - Som se exasperou. - Daisy é uma mulher transgênero, ela não pegou um resfriado. - Nossa amiga estava transtornada. - Ela não precisa ser curada, tomar analgésicos como paracetamol, não é necessário. - Ela falou com firmeza. - Se você quiser experimentar um novo visual ou novo estilo, não tenho nenhum problema com isso, mas isso... - Som apontou triste para Daisy. - Mesmo alguém como Toh, pode dizer que você está mentindo descaradamente agora. - Som foi pesada, ela é aquela enfermeira que espreme a ferida até sair tudo. - É verdade, não é isto? - Ela argumentou quando tentei intervir por ela está sendo muito dura. - Então, é hora de nos contar o que aconteceu com você, isso é insuportável. - Ela terminou e, todos nós já beirávamos o choro, mas ao invés de falar Daisy permaneceu em silêncio.

- Se você não está nos contando , vou ligar para P'Intouch agora mesmo. - Toh ameaçou para acelerar o processo.

E, a única coisa que eu sabia naquele momento é que nenhum de nós sairia daquela mesa sem o real motivo que fazia Daisy, a pessoa que era a mais segura entre nós, virar uma marionete, querendo se enquadrar nos padrões ditados pela sociedade preconceituosa.

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